3. A luz de um novo começo

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MAX P.O.V

Após Zanch atestar a morte do meu pai, meu corpo começou a agir no automático. Deixei meus capitães lidarem com a invasão, levantei com o corpo do meu pai em meus braços e o levei para dentro do palácio colocando-o sobre sua cama. Enquanto lágrimas rolavam sem permissão pelo meu rosto.

A minha mente trabalhava em um milhão de memórias da minha vida. Sentei na poltrona do lado da cama tentando não sufocar com todas essas lembranças.

Eu não tive condições de cuidar de nenhum detalhe, então os anciãos que organizaram as honras. Tudo aconteceu tão rápido que, sem nem mesmo saber como, o corpo do meu pai estava sendo enterrado.

Após o velório, me peguei muitas vezes copiando o meu pai na sala do trono, olhando a pintura enquanto girava o seu anel no dedo. Eu queria saber o que deveria fazer a partir de agora, mas não conseguia pensar com clareza.

Fui em seu laboratório diversas vezes esperando que seria um daqueles momentos em que meu pai sumia para fazer um de seus experimentos, mas nunca o achava. Eu também tentei revisar alguns de seus documentos tentando cumprir minha promessa, mas eu não entendia o que tinha prometido ao meu pai.

Quanto mais tempo eu levava para seguir em frente, mais as coisas ficavam estranhas. De repente, minha vida virou de cabeça para baixo. As pessoas não foram capazes nem de respeitar meu luto, fazendo com que tudo aquilo que parecia bem estruturado, se dissolvesse bem diante dos meus olhos, sem que eu nem mesmo ter tempo de perceber.

Eu já não tinha certeza de nada. Dos amigos que achei que tinha, poucos se provaram verdadeiros. Até a coroa que deveria pesar sobre a minha cabeça já não tinha certeza se um dia pesaria, graças ao conselho. Parecia que eu estava vivendo um pesadelo do qual eu não conseguia acordar.

Agora eu estava em seu quarto, tentando arrumar a coragem de revisar finalmente os seus pertences. Eu tinha a esperança de encontrar algo e a ansiedade de que, em algum momento, ele iria passar pela porta.

Eu tinha que me relembrar o tempo todo de  que isso não iria acontecer. Mas todas às vezes que isso acontecia, eu era invadido por uma tristeza profunda e as lágrimas rolavam pelo rosto.

Levanto e começo a revisar os seus pertences em meio a lágrimas. Em meio às coisas que estavam no baú que ficava ao pé da cama, encontro o livro que sempre via com meu pai. Decidido a reviver mais algumas das memórias que tinha dele, abro para ver do que se tratava, mas tudo que encontro são páginas manchadas.

Folheio o livro, até que nas últimas páginas eu vejo a imagem de uma garota. A julgar pela roupa, não parecia uma princesa, mas o seu olhar forte, determinado e com uma ponta de ousadia me dizia que tampouco era uma plebeia.

Passei um tempo encarando a sua imagem e de repente a garota começa a se mexer e seus olhos se fixaram aos meus e por um momento senti como se ela compreendesse minha dor e me senti em paz.

--- Lara

Eu me assusto ao ouvir a porta abrindo atrás de mim. Percebo que por um momento o livro transportou minha mente para outro lugar. Olho para a porta enquanto fecho o livro e encontro o comandante Lennox.

Ele me encarava com um olhar apreensivo, esperando eu permitir sua entrada. Eu nem percebi que ele já tinha retornado da batalha. Para falar a verdade, nem sabia como tinha sido no condado de Ilios.

Eu estava tão fora do eixo que me esqueci da guerra iminente. Eu nem mesmo sabia contra quem estamos em guerra. A culpa atingiu meus pensamentos de forma súbita.

--- Alteza --- diz com uma pequena reverência depois que eu aceno para ele entrar.

--- Comandante, fico feliz que tenha voltado. Poderia me atualizar sobre o que está acontecendo? --- Pergunto o encarando.

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