2. Lara Martinez

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Era uma vez... nada bom vem depois dessa frase. Normalmente se segue histórias de mundos fantasiosos onde vivem criaturas mágicas e príncipes encantados. Eu nunca acreditei muito nessas coisas, diferente de muitas meninas. Me recuso a deixar minha história começar assim.

Oi, eu sou a Lara Martínez. Provavelmente, eu não sou a pessoa que vocês esperavam. Definitivamente, não sou uma princesa. Eu sou só uma garota normal, como qualquer uma de vocês que pode estar aí agora lendo minha história.

Eu tive uma infância normal numa cidadezinha perdida no meio do nada. Depois de muitos anos como filha única, meus pais decidiram me dar uma irmãzinha. Essa sem dúvida foi a coisa mais agitada que aconteceu em minha vida. É assim que esta história começa, com a minha mãe decidindo que eu poderia ficar de babá da minha irmãzinha.

--- Mas, Lara, por favor --- minha irmã fala pela décima vez e pela décima vez eu respondo.

--- Não

Parecia que eu já tinha dito isto pela milésima vez. Péssima hora em que eu decidi que seria uma boa ideia passear com ela. Nós estávamos agora em uma livraria no centro da cidade e ela queria comprar um livro de contos de fada. Mas, eu definitivamente não iria permitir isso.

--- Mas...

--- Eu não vou incentivar você a ficar lendo livros de contos de fada.

Eu era contra ler contos de fada para a minha irmã. Afinal, na maioria deles a princesa precisava ser salva por um príncipe. Era uma perspectiva ruim para ter da vida, pelo menos eu achava que sim.

--- Mas, eu não sei ler como você e a mamãe. É por isso que você tem que ler para mim.

--- E isso torna as coisas diferentes, por quê?

--- Lara, só um pouquinho a gente nem precisa levar o livro. ---- conhecendo minha irmãzinha bem como eu conheço, eu sei que isso não é verdade. Mas também sei que nada vai fazê-la desistir da ideia, então acabo cedendo a sua vontade.

--- Tudo bem, mas só uma história e nós não vamos levar o livro. ---- ela abre um sorriso gigante e aponta para um sofá no fim da loja.

Nós fomos até lá e nos sentamos lado a lado. Quando eu abro o livro, tudo que vejo são páginas manchadas de preto. Uma após a outra, as páginas enchem o livro, começo a me perguntar se era algum tipo de piada ou algum milagre.

Quando estou pronta para fechar o livro e dizer a minha irmã que não dava para ler, a porta da livraria se abre e um vento forte sopra as páginas que começam a passar e, quando olho para ele, eu vejo a primeira história.

Na verdade, não era bem uma história, apenas algumas imagens. Eu consigo ver uma floresta, casas e um castelo enorme. Do lado desse lindo cenário estava a figura de um homem, que parecia um príncipe, com um olhar triste, mas ainda assim forte e profundo.

Olhando a imagem com atenção, eu rapidamente percebo o motivo de sua tristeza. Ele parecia estar em um cemitério, presenciando o enterro de alguém. Me mostrando que esse não seria um conto de fadas comum.

Olho para minha irmã e ela sorri, suspiro sabendo que não teria como sair dessa. Quando estou pronta para iniciar a leitura, percebo que não há palavras escritas em nenhuma das páginas. Exceto por uma frase abaixo da imagem dele, que infelizmente não estava em nossa língua.

--- Acho que não vai dar para ler.

--- Mas, você prometeu Lara.

--- Eu não prometi, apenas concordei. Mas não é esse o ponto. Não tem uma palavra na nossa língua nesse livro. --- eu viro e mostro o livro para ela.

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