20. Uma descoberta inesperada

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ISABEL P.O.V

Sigo pelo corredor, apressando o passo. Como não ouço os movimentos deles sei que ainda estão lá, mas me recuso a olhar para trás ou acabaria deixando o medo me consumir.

A cada passo que eu dava o silêncio ao meu redor aumentava. A única coisa que eu conseguia ouvir agora eram as batidas do meu coração que batia loucamente. Eu nunca tinha ido tão longe naquele túnel. Eu sabia que ele existia, mas não lembrava onde dava.

Eu precisava confiar na Lara. Mesmo não entendendo como me separar do grupo poderia ajudar em alguma coisa. Mas eu sabia que ela não diria aquilo sem ter certeza. Mas o que eu deveria fazer agora?

--- Isabel! --- Ouço uma voz distante, mas não consigo definir de onde vem essa voz.

--- Isabel!

Ouço novamente, mas é quase como se a voz só existirá em minha cabeça. Respiro fundo e tento descobrir de onde vem a voz. Quando eu não consigo descobrir. Decido seguir em frente. Vou caminhando no corredor até encontrar uma porta. Finalmente lembro que aqui ficava uma prisão, a qual meu pai desativou a muitos anos.

Cruzei toda a sala rapidamente, sem olhar para os lados. Eu conhecia as histórias que o povo de Campden cobrava sobre a antiga prisão. Estava quase na porta do outro lado pronta para sair da sala.

--- Aqui, Isabel.

Quando ouvi aquela voz de novo eu fiquei paralisada. Tinha medo de procurar a origem da voz que avidamente chamava meu nome. Mas, com o último resquício de coragem, olho para trás procurando de onde vinha a voz indo em direção às celas procurando algo.

Olho com atenção percebendo um dos animais da minha mãe preso em uma armadilha. Meu deus, como eles foram capazes de fazer aquilo com um animal inocente. Me aproximei rápido e comecei a soltar o macaquinho da armadilha. Passo a mão pelos seus pelos para acalmá-lo. Percebo que é uma fêmea.

--- Pobrezinha. Eu vou soltar você

--- Você finalmente veio. Sua mãe disse que viria.

Paraliso uma vez mais por conta daquela voz. Mais uma vez não sabia de onde vinha. Olho de um lado para outro procurando a pessoa que poderia ter dito essas palavras.

--- Minha mãe? --- Falo com as paredes

--- Sim. E agora você está aqui.

Balanço a cabeça tentando sair daquele delírio. Volto a me focar no macaquinho que me olhava com calma. Sorrio para ela mais uma vez alisando o seu pelo. Terminei de soltá-la e a pego no colo.

--- Nós vamos sair daqui, pequena.

Respiro fundo acomodando o pequeno animal em meu colo. Uma das coisas mais importantes que minha mãe me ensinou é nunca deixar um animal em perigo. Ela passou anos cuidando de todos aqueles que viviam em Campden. Certamente eu não viraria as costas para um deles agora.

--- Eu tenho que arranjar um nome para você

--- Eu tenho um nome. --- A voz soa em minha cabeça uma vez mais. Paro no meio do caminho e cuidadosamente olho para a macaquinha em meus braços.

--- V..Vo... --- Minha voz trava. Eu definitivamente tinha enlouquecido. --- Você me respondeu? --- Pergunto quando acho minha voz novamente.

--- Não se lembra de mim

--- Deveria? ---Ela se estressa em meus braços reclamando comigo.

--- Meu Deus, estou falando uma macaquinha --- Falo para mim mesma e decidi me sentar porque aquilo tudo estava me deixando tonta.

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