𝐎 som dos passos firmes do Ron ecoavam pelos corredores da mansão Beauchamp, uma imensa e
luxuosa mansão em Bel Air.De dentro, tinha um clima estranho, um pouco pesado. O silêncio era o que ocupava a sala, mas ninguém sentia isso mais do que o garoto de apenas dez anos sentado na cadeira de couro preto, tentando não deixar transparecer o medo em seus olhos.
Josh Beauchamp, observava tudo com suas mãos pequenas repousadas sobre a mesa. A madeira fria e lustrosa refletia seu rosto de um jeito distorcido.
Ele se esforçava para manter a postura reta, como seu pai sempre exigia, e ignorava o incômodo do terno que vestia, muito formal para alguém de sua idade.
Ele havia treinado horas para estar ali, estudando táticas de espionagem, criptografia e até combate básico, tudo para impressionar seu pai, Ron Beauchamp, o diretor impiedoso da Shadow Corp.
— Josh, você sabe por que eu te trouxe aqui? — Ron perguntou, com sua voz grave cortando o silêncio como uma lâmina afiada.
Josh ergueu os olhos e encontrou o olhar frio e calculista do pai. Aquelas palavras sempre o deixavam apreensivo; eram o prelúdio de uma conversa que ele conhecia bem demais.
— Sim, senhor. — Josh respondeu, tentando manter a voz firme, mas falhando em esconder o nervosismo.
Ron se aproximou, circulando a mesa como um predador avaliando sua presa.
Seus passos eram lentos, quase coreografados, e ele parou atrás de Josh, colocando as mãos pesadas sobre os ombros do filho.
— Você é um Beauchamp. Isso significa que o fracasso não é uma opção. Desde o dia que você nasceu, seu destino estava selado. — Ron disse, apertando os ombros do garoto com força suficiente para deixá-lo desconfortável. — Um dia, esta agência será sua. Tudo o que eu construí, todo o meu legado, será colocado em suas mãos. Mas se você não for forte o suficiente... — ele se inclinou, falando próximo ao ouvido do filho. — Você nunca passará de uma decepção.
Josh respirou fundo, tentando absorver o peso das palavras do pai.
As expectativas nunca eram ditas de forma calma; para Ron, a suavidade era um sinal de fraqueza.
Josh sabia que não importava o quanto se esforçasse, nunca parecia o suficiente.
— Eu estou tentando, pai. Todos os dias. — o pequeno Josh murmurou, com um tom de voz mais sério, mas um pouco nervoso
Ron se afastou, voltando para a frente da mesa, onde seu olhar crítico avaliou o filho como se ele fosse apenas mais uma peça a ser ajustada na grande máquina que era a Shadow.
— "Tentando" não é bom o suficiente. Se você continuar assim, nunca será capaz de liderar a Shadow Corp. Como acha que vai encarar espiões experientes, mercenários e assassinos? Você precisa ser implacável, preciso, perfeito. Errar uma vez é tudo o que eles precisam para te destruir. E você não está pronto. — Ron disse, cortando Josh com suas palavras duras. — Veja o seu treinamento. Cinco segundos para resolver um quebra-cabeça de criptografia? Ridículo. Perdeu o alvo em simulação de combate? Inaceitável. Eu não quero ouvir desculpas.
Josh abaixou a cabeça, sentindo a pressão do mundo sobre seus ombros frágeis.
A rigidez de Ron, a frieza com que ele lidava com tudo, incluindo o próprio filho, era sufocante.
O garoto sonhava em segredo, com uma vida normal, sem espionagem, sem missões, sem a constante vigilância do pai.
Mas, naquela casa, sonhos eram um luxo que ele não podia se permitir.
— Eu vou melhorar, pai. Eu prometo. — Josh disse, apertando as mãos até os nós dos dedos ficarem brancos, tentando segurar as lágrimas que ameaçavam cair.
Ron suspirou, cruzando os braços e observando o filho com um misto de desdém e expectativa.
— Melhorar não é o suficiente, Josh. Você precisa ser o melhor. Precisa se superar a cada dia, porque o mundo lá fora não vai te dar uma segunda chance. Não se esqueça: você carrega o nome Beauchamp, e esse nome deve inspirar medo, respeito e obediência. Não há espaço para fraquezas.
Josh assentiu, sem coragem de olhar diretamente nos olhos do pai.
Ele sabia que aquelas palavras não eram apenas uma lição; eram uma sentença. E, por mais que desejasse ser amado, tudo o que recebia era a pressão incessante de ser perfeito.
Naquele momento, Josh entendeu que seu maior inimigo não era um espião rival, mas a própria sombra do pai que o seguia por onde quer que fosse.
Ron deu meia-volta e se dirigiu para porta, sem sequer olhar para trás.
— A reunião terminou. Volte ao treinamento. Você vai precisar dele. — Ron falou, antes de sair, batendo a porta com uma certa ignorância.
E com isso, ele se foi, deixando Josh sozinho, cercado pelo peso de expectativas esmagadoras e sonhos que nunca pareceriam o bastante.
O garoto, sozinho na sala imensa, olhou para o espelho à sua frente e viu não apenas a própria imagem, mas o reflexo do que ele ainda tinha que se tornar: um Beauchamp, impiedoso e inquebrável, exatamente como o pai sempre quis.
༻• ☠ •༺
VOCÊ ESTÁ LENDO
Spies In Love | Nosh
Fiksi Penggemar+𝟭𝟲┃𝗡𝗼𝗮𝗵 𝗨𝗿𝗿𝗲𝗮, um habilidoso e sarcástico espião da Shadow Corp, vive sua rotina normalmente, enfrentando missões cada vez mais perigosas, tentando não morrer e fazendo piadas até do vento. Mas, um dia, chega o famoso: 𝗝𝗼𝘀𝗵 𝗕𝗲𝗮𝘂�...