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Meu coração bate em padrões para o som quebrado. Você é o único que pode me acalmar. — Foreign Air.

 — Foreign Air

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Lyan Ashford

Eu posso não saber muita coisa em relação ao mundo, mas sabia que amava você desde a primeira vez que nossos olhos se encontraram naquela enorme multidão de alunos.

Você estava encostado tranquilamente no seu armário, braços cruzados e olhar intensamente provocante.

De vez em quando, soltava um leve sorriso ladino, encarando as garotas que passavam como se fossem apenas pedaços de carne, e aquilo me fez pensar que você era apenas mais um babaca.

Apenas mais um idiota que, acima de tudo, pensava na aparência exterior ao invés do interior. Certo? Bem, na verdade... não.

Eu segurava meus livros com ambas as mãos quando você me encarou. Mesmo com toda aquela multidão indo e voltando... mesmo com aquela quantidade absurda de alunos saindo da sala de aula apressados... você me encarou.

E você não sorria.

Não parecia feliz.

Não parecia estar se divertindo.

Você apenas me olhou, por trinta segundos ou talvez até um minuto completo; eu não sabia distinguir, pois minha mente só conseguia se concentrar em respirar fundo.

Respirar e não surtar.

Respirar e não parecer maluca.

Então, tão rápido quanto seus olhos me notaram, eles se voltaram para um grupo de garotas que passavam por você.

Todas belas e arrumadas. Todas nitidamente apresentáveis. E, outra vez, você voltou a sorrir. Voltou a parecer leve, descontraído.

Isso me fez perguntar o que havia de errado comigo. Fez eu me questionar se eu era tão terrivelmente feia a ponto de sequer merecer um sorriso empático.

Mas perguntas assim me deixavam profundamente triste, e tudo o que eu menos queria no primeiro dia de aula era uma crise de choro.

Foi por isso que apenas respirei fundo, apertei os livros contra mim e comecei a andar.

Precisava chegar logo à minha sala, antes de ser hipnotizada por você outra vez e não conseguir sair do lugar.

Eu não queria me atrasar. Não queria parecer irresponsável. Não queria tantas coisas, mas, no decorrer dos acontecimentos, eu sequer seria capaz de evitar.

Tipo você.

Eu não queria me aproximar de você.

Eu não queria conhecer você.

O primeiro dia de aula foi tranquilo.

Uma garota falou comigo e disse que poderíamos ser amigas, então almoçamos juntas e ela me deu uma carona para casa.

Vi você três ou quatro vezes depois daquele primeiro olhar.

A primeira vez, saindo do banheiro. A segunda, cabulando aula. E a terceira no almoço, quando você se sentou numa mesa lotada de pessoas descoladas e, novamente, sorria.

Aquele mesmo sorriso de mais cedo.

O mesmo sorriso que você não me deu, quando me encarou.

A última vez foi na saída, quando você apoiou suas costas na parede lateral da escada que dava entrada à universidade e acendeu um cigarro.

Sempre odiei cigarros, por isso ter sido o motivo da morte do meu pai, e isso só me fez pensar que eu definitivamente não queria conhecer você.

Não queria me aproximar de você.

Mas por que eu sentia tanto interesse?

I did not want to get close to youWhere stories live. Discover now