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Porque eu só conheço o tipo de amor que te deixa machucado e quebrado. Então me perdoe por minhas emoções mistas, sim. Eu não sou o tipo de pessoa que pode se apaixonar e desapaixonar por você. Não é assim que o amor deveria ser. — Don't go braking my heart.

 — Don't go braking my heart

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Lyan Ashford

Corri seis quilômetros em exatas uma hora.

Não era tanto comparado ao que costumava fazer no passado, mas ainda assim, era um progresso considerável, considerando que não corria há anos.

Passei por vários quarteirões do bairro. Alguns eram desconhecidos para mim, enquanto outros eram meu trajeto rotineiro: faculdade, biblioteca, supermercado, casa.

Eu ainda corria quando dobrei a esquina e entrei na rua onde havia várias fraternidades e algumas poucas casas de "família".

Estava suada e meu coração batia rápido.

Adrenalina.

Era o único tipo de adrenalina que eu conseguia suportar sem surtar. Sem sentir medo. Sem ficar insegura.

Olhava ao redor quando avistei você sentado, fumando calmamente na escada da casa onde eu morava. Usava roupas pretas e tinha uma das mãos apoiadas na coxa, enquanto a outra levava o cigarro à boca lentamente para tragá-lo.

Parecia pensativo e suas feições eram tão sérias quanto o dia em que nossos olhares se cruzaram pela primeira vez, meses atrás.

Diminuí a velocidade à medida que me aproximava. Não imaginava vê-lo na rua num horário tão cedo, muito menos parado na minha casa. Ainda eram cinco e meia.

— Talvez não tenha acontecido nada — murmurei, enquanto o observava.

Mais alguns passos e estaria perto da minha casa. Mais alguns passos e poderia voltar à minha vida pacata, focando nos estudos e no sonho de me formar tranquilamente.

Bem, ao menos esse era o objetivo, se você não tivesse me encarado com um pequeno sorriso ao notar minha presença e, com isso, eu não tivesse visto a cicatriz na lateral do seu lábio inferior.

— Você faltou hoje — eu disse, ao parar de caminhar. — Mas não imaginei que o motivo fosse porque gostou da minha escada e decidiu ficar aqui ao invés de ir à faculdade.

— Fico feliz que tenha sentido minha falta — você disse ao se levantar, o que fez a vontade de correr para dentro de casa e me trancar crescer. — Mas eu gosto de algo muito além de uma simples escada. Talvez da dona dela.

O vislumbre de seus intensos olhos me encarando me pegou de surpresa e fiquei sem fala por alguns segundos, até que eu disse:

— Minha mãe é muita areia para o seu caminhãozinho, Devrion.

Foi então que você soltou uma leve gargalhada.

Sua risada... ela era tão linda.

E parecia real.

Parecia verdadeiramente sincera, como se você realmente achasse graça do meu comentário idiota.

— Essa foi boa — soltou. — Mas acho que entendeu onde eu quero chegar, Lyan.

— Se for na minha mãe, infelizmente, é impossível. Sinto muito.

— Na filha dela — comentou, enquanto levava a mão livre até o meu rosto molhado, tocando-o suavemente. — Está suada.

— Obrigada por dizer o óbvio, eu estava correndo, então isso não é surpresa para ninguém.

— Não sabia que se exercitava.

— Existem muitas coisas sobre mim que você não sabe.

— É verdade — falou, me fazendo voltar a atenção aos seus olhos escuros outra vez. — E eu me sentiria eternamente grato se pudesse compartilhar isso comigo, embora você não goste muito de mim.

— Infelizmente, eu não posso.

— Por que não? Até nos beijamos. Se for por falta de confiança, então você deveria ter me expulsado quando entrei na sua casa ontem.

— Eu tentei, idiota! Mas você se recusou a sair.

— Isso porque você me deixou ficar.

Soltei um pequeno sorriso e revirei meus olhos. Cara de pau.

Você, claramente, era um cara bastante cara de pau, Ezra.

— Por que está aqui?

— Na sua escada?

— Na minha escada.

— Eu queria ver você.

— Conta outra, Ezra.

— Bem, eu queria beijar você.

Você estava perto o suficiente para que eu observasse melhor o seu lábio e isso me fez pensar nos boatos que ouvi hoje de manhã. Na conversa com Ely.

Será que a briga havia sido real? Porque, caso não fosse, observar seus lábios, um tanto machucados e mais vermelhos do que o normal, fazia parecer que sim.

— Estão falando que você brigou com alguém ontem à noite — falei, sem conseguir ignorar o fato de estar, por algum motivo, preocupada.

Retirando sua mão do meu rosto, você voltou a ficar sério outra vez.

— Os boatos sempre se espalham rápido naquela faculdade — comentou.

— Então é verdade?

Sem responder, você deu leves tragadas no cigarro outra vez e soltou a fumaça na direção oposta à minha.

Eu não entendi esse comportamento. Era como se estivesse, de algum modo, se distanciando de mim. E parecia controverso, até porque, minutos antes, estava sentado na escada da minha casa, aparentemente me esperando.

— Eu preciso ir — disse, simplesmente, e começou a andar em direção à fraternidade.

Tão estranho... você era tão estranhamente estranho, Ezra.

I did not want to get close to youWhere stories live. Discover now