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Uh, eu fiz de novo. Cavei um pouco fundo demais, e tudo desmoronou. Agora eu caio em queda livre em um buraco negro. Eu sei que estou me aquecendo porque me sinto muito frio. - In the dark.

 - In the dark

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Lyan Ashford

O restante da semana foi um total incômodo. 

Pensei que meu comentário fosse ser capaz de fazer você desejar nunca observar meu rosto novamente, mas ao invés disso, tudo o que aconteceu foi o inverso.

Ao invés de se afastar... ao invés de me ignorar... você passou a me encarar cada vez mais. Não de modo inocente ou aleatório como eu achava que acontecia antes, mas intenso e real.

Você me encarava propositalmente. Me encarava com o objetivo de me fazer sentir estranha. E devo admitir, estava conseguindo.

— Isso definitivamente está estranho — Ely comentou. 

Ela segurava um sanduíche de atum e o encarava como se ele fosse a pior coisa do universo.

— Se acha que está estragado, apenas vá trocar — disse, meio desinteressada. 

Já fazia alguns minutos que ela estava em uma guerra interna entre comer ou não o sanduíche que poderia estar vencido.

— E se não estiver vencido?

— Você volta para a mesa e come o sanduíche feliz.

— Mas e se eu tiver uma infecção alimentar?

— A gente processa a lanchonete e você fica rica por isso. Não é à toa que está estudando direito.

— Ou eu morro.

— Não é pra tanto.

Ely olhou para o sanduíche entre as suas mãos por alguns segundos, juntou coragem para levá-lo à boca, mas quando estava quase mordendo-o, desistiu e o depositou no prato novamente, me encarando.

— Não vai pedir nada?

— Não tô com fome.

— E quem disse que precisa estar com fome pra comer alguma coisa desse lugar?

— Meu estômago, obviamente.

Ely fez uma careta e eu sorri. 

Hoje era sexta-feira e nossa última prova do mês havia sido feita algumas horas atrás, o que significava que estávamos livres.

Por isso, ela havia me convidado para "jantar" numa lanchonete perto do campus da universidade e eu aceitei, já que não tinha muita coisa pra fazer em casa. Mas eu não estava com fome, só queria sair um pouco e conhecer lugares novos.

— Quer saber? Que se dane, vou comê-lo — ela disse. 

Estava prestes a pôr o sanduíche na boca, quando seu celular tocou e ela o colocou novamente no prato, atendendo-o. 

— Alô? Mãe? Eu estou... ah, nossa, sem problemas. Não, não, tá tudo bem. Ok, estou indo para casa.

— Aconteceu alguma coisa? — perguntei, mas ela apenas negou.

— Minha mãe tem uma reunião importante hoje à noite e preciso cuidar do meu irmão caçula. Sinto muito por não poder ficar com você por mais tempo.

Minha amiga desculpou-se enquanto colocava o dinheiro do sanduíche ao lado do prato e arrumava suas coisas.

— Sem problemas, marcamos pra sair depois, de preferência, longe daqui.

Revirando os olhos, Ely caminhou em direção à saída, me deixando completamente sozinha. Quer dizer, óbvio que havia várias pessoas aqui, mas o sentimento de solidão ainda continuava. 

E era assim que eu me sentia em relação a quase tudo. 

Solitária e vazia.

I did not want to get close to youWhere stories live. Discover now