A saudade dos meus pais era avassaladora. Todos os dias, sentia como se uma parte de mim estivesse perdida, tão distante quanto as ruas cheias de cores da minha terra natal. Não era pedir muito, era? Voltar para a Índia, para os braços dos meus pais, para meus amigos e para a vida que eu conhecia tão bem. Às vezes, me pegava fechando os olhos e tentando me lembrar de como era o cheiro das especiarias que minha mãe usava na cozinha ou o som dos risos que ecoavam pelas ruas em um dia comum. Era como tentar segurar água nas mãos – quanto mais eu tentava, mais parecia escapar.
Mas finalmente era o dia que a carta dos meus pais chegariam e eu iria ir embora desse fim de mundo, só o que eu mas queria era volta pra minha casa, e sair dessa rotina assustadora.
Naquela manhã, acordei com o peito apertado. Eu sabia que deveria haver uma resposta. Já fazia tempo demais desde minha última carta, e o silêncio estava me consumindo. Decidi que iria ao correio novamente, mesmo que tia Roselin tentasse me impedir. Ela sempre era tão irritante ,mas eu precisava ser paciente daqui alguns dias eu nunca mais iria ver a cara dela. Mas como alguém poderia ser paciente, se eu já estava tão ansiosa
— Você não precisa ir lá de novo, Aruna — tia Roselin me disse, com aquele tom condescendente que me fazia ferver por dentro. — Quando a carta chegar eles a tratam
Antes que eu pudesse responder, tio Hopper interveio, com seu jeito calmo e ponderado.
— Eu levo Aruna — ele disse, lançando um olhar firme para tia Roselin. — Um pouco de ar fresco vai lhe fazer bem. Ainda bem que eu tenho tio Hopper pela tia Roselin eu não saia nem na janela de casa.
Respirei aliviada e segui meu tio até a carruagem. O caminho até o correio, que normalmente parecia interminável, passou em um borrão. Eu não conseguia parar de olhar pela janela, observando as árvores e flores que margeavam a estrada. Os ipês estavam em plena floração, suas cores vibrantes dançando com o vento, como se o mundo continuasse belo, tudo parecia estar bem, logo estaria em casa.
Quando chegamos ao correio, meu coração estava acelerado, uma mistura de esperança e medo. Ao descer da carruagem, meus únicos pensamentos eram no meu lar nós meus pais e nossos momentos felizes . Assim que entro percebo que Lian não estava lá como da última vez o que deixa até o ar mas respirável.
— Que estranho... Ele não está aqui hoje — murmurei para mim mesma, sentindo um calafrio que não consegui explicar. Algo parecia diferente, como se o mundo estivesse fora de ordem de alguma forma.
Entrei no correio, o som do sino na porta me trazendo de volta à realidade. O ambiente estava cheio de gente, cartas e encomendas sendo distribuídas de um lado para o outro. Esperei na fila, o tempo passando devagar demais e eu era uma Clark não deveria está numa fila idiota, cada segundo parecendo uma eternidade. Quando finalmente cheguei a minha vez, a atendente olhou para mim com uma expressão que eu já conhecia muito bem. Porque todos as mulheres desta cidade me olhavam daquela maneira. Revirou os meus olhos
— Bom dia, falo com total educação e desdém, ela responde na mesma intimação, repito a mim mesma “ ninguém vai estragar esse dia glorioso"
Ela começa a olhar um caderno enorme com as informações de todas as cartas que estavam ali, estava inquieta e agitada. Sentiria saudades do tio Hopper mas pelo menos estaria em casa ele poderia me visitar de vez em quanto penso com aquele sorriso de pré- vitória.
— Não tem nenhuma carta para a Srt. A mulher fala soltando o caderno.
— Vê de novo. Falo não escondendo a minha frustração, não é possível meus pais nunca ficariam sem me responder, essa mulher não deve ser nem um pouco profissional.
— E então? . Falo querendo pular naquele balcão e pegar o caderno da mão dela.— Sinto muito mas não tem nenhuma carta com o seu nome.
— Olha outra vez
— Senhorita a sua carta não está aqui.
Eu fico parada milhões de pensamentos vinham a minha mente, a mulher atrás de mim diz — Senhorita agora é minha vez. Eu continuo imóvel por alguns segundos, saio do correio incrédula, desanimada. Meu rosto havia mudado completamente nem parecia a Aruna que havia entrado. O que houve porque minha carta não havia chegado.Segui o caminho de volta para a prefeitura em silêncio, meus passos pesados, cada vez mais desesperada para ter algum tipo de resposta. Quando cheguei lá, escrevi outra carta, minhas mãos tremendo enquanto as palavras fluiam. Era uma súplica por qualquer resposta. Alguma coisa, qualquer coisa, que me dissesse que eu ainda estava conectada ao meu lar. A minha família
Ao sair da prefeitura, ainda envolta em meus pensamentos, ouvi uma voz familiar me chamando.
— Aruna! — Era Judy, a garotinha que eu tinha ajudado semanas atrás. Ela correu até mim, com aquele sorriso que sempre me derretia um pouco por dentro. Apesar de tudo, ver a alegria nos olhos dela me trouxe um alívio temporário.
— Judy! — Respondi, forçando um sorriso, mas realmente feliz por vê-la.
Ela me abraçou com tanta força que eu quase esqueci o quanto estava perdida em meus pensamentos. Pelo menos por um momento, eu me senti um pouco menos sozinha.
— Está sozinha? — perguntei, tentando parecer leve.
— Não, estou com meu irmão — respondeu ela, segurando minha mão com confiança. Sua resposta fez com que meu coração acelerasse. Não, não podia ser...
Antes que eu pudesse processar o que ela havia dito, ouvi uma voz familiar vindo em nossa direção. Ao me virar, meus olhos encontraram Lian, caminhando calmamente, com um algodão doce na mão. O mundo pareceu parar por um segundo.
— Aruna, esse é meu irmão! — exclamou Judy, radiante, sem perceber a tensão que pairava no ar.
Nossos olhares se encontraram e, por um momento, o tempo realmente parou. Não podia ser verdade. Não ele. Meu coração disparou e o ar pareceu sumir dos meus pulmões. Como eu não tinha percebido isso antes? A Judy é irmã dele?
Ele me olhou com uma mistura de emoção que era impossível de decifrar.
— Aruna? Sua voz saio como uma pergunta mas para uma surpresa e tanto.— Lian, Judy diz novamente segurando a mão dele também — Essa é minha amiga.
Esse dia tinha mesmo que ficar pior, só não bastava a carta dos meus pais não ter chegado, e agora eu descubro que a minha primeira amiga de Saint Jocobs é irmã da pessoa que eu mas odeio e que eu menos tolero. E o pior, porque ele me fitava com aquele olhar! Idiota, idiota, idiota.
Eu realmente preciso ir embora não posso cometer erros.
---------------------------------Algumas curiosidades
Idades dos personagensLembrando que o ano se passa em 1880. Era a era Vitoriana Tardia
Aruna tem 19 anos nasceu 14 de agosto de 1861.
Lian tem 24 anos nasceu em 08 de janeiro de 1856.
Mari tem 18 anos nasceu em 28 de dezembro de 1862
Alice 20 anos nasceu em 06 de fevereiro de 1860
Judy tem 09 anos nasceu em 25 de junho de 1871.

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Nosso Segredo
RomantikAruna é uma jovem indiana de 19 anos que vai passar um tempo na casa dos tios dela no Canadá ela sofre muito preconceito por causa de suas roupas e seu jeito de ser ela odiava aquele lugar e queria voltar o mais rápido possível para casa . O que e...