Acordei com o som suave do vento passando pelas janelas do meu quarto. Sentei-me na cama, ainda envolta em pensamentos. Os últimos dias foram uma montanha-russa de emoções, e a ansiedade me apertava o peito. A carta que enviei aos meus pais ainda não retornara, e a incerteza me deixava inquieta. O que poderia ter acontecido? O tio Hopper per tentou me tranquilizar, afirmando que atrasos eram comuns, mas a sombra de angústia persistia em meu coração.
Enquanto me arrumava, não pude deixar de pensar em Lian, o irmão da Jude. A descoberta de nossa ligação me impactou mais do que eu gostaria de admitir. O que mais eu poderia aprender sobre o passado e as pessoas ao meu redor? Essa dúvida pairava em minha mente, como um eco distante que me lembrava que minha vida estava prestes a mudar.
Decidi que precisava de um pouco de normalidade. Meus pensamentos frequentemente giravam em torno de minha família, mas eu precisava me distrair, mesmo que por um momento. Quando olhei pela janela, vi que o dia estava bonito, e um sorriso involuntário surgiu em meu rosto. Sentei-me à mesa e tomei um chá, tentando aquietar a inquietação.
Logo, alguém bateu à porta. Era a criada, segurando uma carta. Meu coração disparou ao ver a letra conhecida no envelope. Finalmente, uma resposta! Contudo, ao abrir a carta, minha esperança rapidamente se dissipou. Em vez de notícias de meus pais, era um convite de Mari para uma tarde de chá.
"Querida Aruna,
Estou organizando uma tarde de chá em minha casa e adoraria que você viesse. Estarei esperando por você com muitas delícias e boas conversas!
Com carinho, Mari."
Senti um misto de alívio e desapontamento. Ainda não tinha notícias de minha família, mas Mari sempre sabia como animar. A decisão estava tomada: iria ao chá, não apenas pelo convite, mas porque Mari e Alice eram as únicas pessoas com quem conseguia me sentir um pouco mais leve em meio a toda essa incerteza.
Quando cheguei à casa de Mari, o aroma do chá fresco e dos bolos quentes me envolveu, e a tensão que me acompanhava começava a se dissipar. As três amigas se reuniram em torno da mesa decorada, e as conversas fluíam facilmente, como se o tempo não tivesse peso.
- O verão já está acabando, e eu ainda não tenho um pretendente!" Alice exclamou, um toque de frustração na voz. Aquelas palavras me incomodaram. Por que Alice sentia que precisava de um marido?
- Mas você não precisa de um marido!" respondi, tentando reforçar que não era necessário seguir normas sociais. Eu mesma estava aprendendo a me desvincular das expectativas alheias.
- Nem todo mundo tem os seus privilégios Aruna.
Mari, que sempre tinha um jeito de suavizar as conversas, me interrompeu com um sorriso.
- Vamos apenas aproveitar o nosso tempo juntas."A expressão séria de Mari me fez perceber que talvez houvesse mais profundidade nas preocupações de Alice do que eu imaginara. Eu me perguntei se os pais de Alice realmente a pressionavam para se casar. Tentei afastar esses pensamentos, mas a ideia de que a sociedade poderia ser tão opressiva me incomodava.
Tentei disfarça o máximo possível o resto da tarde o meu incomodo no que Alice disse eu queria perguntar se os pais dela a forçavam, mas isso não era apropriado muito menos agora. Mas no fundo eu sentia que era isso é que Mari sabia muito mais do que aquele sorriso inocente dizia
Após horas de risadas e conversas, comecei a sentir que, apesar das incertezas em minha vida, ter amigas como Mari e Alice era um presente valioso. Mesmo que minha família não estivesse por perto, aquelas conexões eram verdadeiras.
O pôr do sol estava deslumbrante quando decidi que era hora de voltar para casa. Despedindo-me das amigas, senti-me aquecida pelo carinho que compartilhamos. Mas ao sair, um novo pensamento me ocorreu: e se meus pais não mandassem notícias porque algo realmente ruim havia acontecido?
O coração acelerado, caminhei de volta, não me importando se meus sapatos sujassem na poeira do caminho ou se meu vestido arrastasse. Aquela tarde havia me trazido um pouco de felicidade, e eu queria desfrutar desse momento.
Quando cheguei em casa, meu entusiasmo foi rapidamente substituído por uma sensação estranha. A casa estava em silêncio. "Tia Rosaline?" chamei, mas não obtive resposta. O silêncio parecia pesado, como se uma sombra tivesse se instalado no ar.
Cautelosamente, caminhei em direção ao escritório, onde ouvi uma voz familiar. Era o Senhor Kabir, o mordomo da família. Ao ouvir sua conversa, parei na porta entreaberta. Ele estava falando com meu tio Hopper per.
"Eles morreram." As palavras do tio Hopper me atingiram como um soco no estômago. O Senhor Kabir respondeu com um pesaroso "sinto muito", sua voz embargada.
Eu não consegui processar imediatamente o que estava ouvindo. A morte. Uma palavra que parecia estranha em meus lábios. Senti como se estivesse flutuando fora de mim mesma, presa entre dois mundos, o que conhecia e o que estava prestes a perder.
Com o coração na garganta, abri a porta lentamente. Quando todos no escritório se voltaram para mim, seus olhares eram de incredulidade e tristeza, como se eu fosse um fantasma que havia emergido do passado. Eu era Aruna, não um espectro. Como podiam olhar para mim assim?
"Quem morreu, tio Hopper per?" perguntei, a voz tremendo. A gravidade da situação me envolveu como uma tempestade, e eu sabia que minha vida nunca mais seria a mesma. A casa toda estava envolvida numa nevoa escura cujo nome é morte.
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Nosso Segredo
RomansaAruna é uma jovem indiana de 19 anos que vai passar um tempo na casa dos tios dela no Canadá ela sofre muito preconceito por causa de suas roupas e seu jeito de ser ela odiava aquele lugar e queria voltar o mais rápido possível para casa . O que e...