A sala estava envolta em uma quietude pesada, como se o peso dos últimos eventos tivesse silenciado até mesmo os ruídos das máquinas. Os membros da ZB trabalhavam em suas respectivas estações, focados, enquanto as luzes frias dos monitores refletiam em seus rostos. Zero, no entanto, não conseguia manter a mesma concentração. Sua mente estava inquieta, e a tensão no ar parecia insuportável.
De repente, ele quebrou o silêncio.
- Não que eu já não seja um zumbi, mas se eu não pegar um cafezinho, vou precisar me alimentar como um. Algum de vocês quer ser minha primeira vítima?
O comentário pegou todos de surpresa. Alguns sorrisos tímidos surgiram, aliviando a tensão, mesmo que brevemente. O bom humor de Zero sempre funcionava como uma âncora em momentos assim. Zane, sentada ao seu lado, esfregou os olhos.
- Preciso de ar - disse ela, com a voz ligeiramente cansada. - Meus olhos já estão enxergando pixels em vez de letras.
- Vamos nessa, então - Zero se levantou, como se o mercado fosse sua rota de fuga.
Os dois deixaram o prédio da ZB, imersos na calmaria noturna. O mercado ficava a apenas alguns quarteirões, e o ar frio da noite trouxe uma leveza ao clima tenso que pairava entre eles. Caminharam em silêncio, cada um preso em seus próprios pensamentos. Ao chegarem, Zane pegou seis latas de energéticos de diferentes sabores, empilhando-as no carrinho. Zero, por sua vez, estava 100% focado na leitura do rótulo de um café gelado.
- Algo está te incomodando. O que foi? - Zane perguntou, tentando entender o que se passava.
Zero hesitou, pegando uma lata de café gelado. Ele olhou para Zane, seu rosto parcialmente oculto pela luz fraca do mercado.
- Não tem nada a ver com o que aconteceu na usina - começou ele, sua voz baixa. - Mas... não levante suspeitas. Estamos sendo seguidos.
Zane não precisava de mais explicações. Seu coração acelerou, mas ela manteve a calma. Conhecia bem Zero o suficiente para saber que, se ele dizia que estavam sendo seguidos, era verdade.
- Ok, então vamos brincar de siga o mestre - disse ela, colocando o último energético no carrinho.
Pagaram rapidamente e saíram do mercado, mantendo o mesmo ritmo de antes, como se não tivessem notado nada. Zane liderou o caminho, virando em um beco escuro e apertado. O local parecia ideal, cercado por paredes altas e sem iluminação. Eles se esconderam atrás de uma pilastra, a respiração de ambos controlada, enquanto os passos do perseguidor ecoavam cada vez mais perto.
O homem entrou no beco. Zero esperou o momento certo, então se lançou sobre ele com precisão. Uma rasteira rápida derrubou o perseguidor, e antes que ele pudesse reagir, Zero o imobilizou no chão, pressionando seu rosto contra o concreto.
O capuz do perseguidor caiu para trás, revelando um rosto jovem, desgastado pela vida, mas familiar. Zero parou, uma mistura de surpresa e incredulidade no olhar. O homem no chão sorriu de canto, desafiador.
- Você ficou bom nisso, hein? - murmurou o homem, com um toque de sarcasmo.
- O que você está fazendo aqui? - Zero rosnou, ainda pressionando o desconhecido no chão.
- Eu diria que é uma longa história. Fui para Nova York, negócios e tal. Agora, Ghostcity seria a próxima parada. Felizmente, o contrato foi cancelado - disse o homem com uma risada contida. E continuou, dizendo: - Se eu tivesse ido, agora você estaria conversando com um lindo e suculento prato de carne assada.
Zane, que até agora assistia em silêncio, estava confusa e inquieta.
- Você vai me apresentar ao nosso "amigo", Zero?
Zero finalmente relaxou, liberando o peso de seu corpo de cima do rapaz ainda caído no chão. Ele se levantou, olhando para Zane com um sorriso tenso.
- Zane... - disse ele, respirando fundo antes de revelar o segredo. - Ele é meu irmão mais novo!
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"0"
Science Fiction"0" é um thriller tecnológico que acompanha Victor "Zero", um prodígio da programação que, aos 22 anos, se encontra no epicentro de uma revolução digital. Em um mundo onde governos e corporações controlam informações e vidas por meio de sistemas de...