Ecos de dúvidas

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Zero retornou à ZB como se carregasse o peso do mundo nas costas. A interação com Thomas ainda ecoava em sua mente, como uma batida descompassada que ele não conseguia ignorar. O prédio da ZB, normalmente um refúgio de atividade e foco, parecia estranho, como se o ambiente refletisse o turbilhão de pensamentos na cabeça de Zero. A última conversa com seu irmão tinha sido abrupta, intensa, mas vazia de respostas. Thomas tinha escapado novamente, deixando Zero com mais perguntas do que jamais tivera.

Quando Zero entrou no QG, Zane estava lá, sentada em uma das poltronas no canto, mexendo distraidamente em um notebook. Ao notar a presença de Zero, ela o observou por um instante, os olhos analisando cada detalhe. Algo não estava certo.

"Deu tudo errado, não foi?" Zane perguntou, sem esperança, mas com a mesma suavidade calculada que sempre usava para se aproximar de Zero quando ele estava nesse estado.

Ele apenas balançou a cabeça, incapaz de encontrar as palavras adequadas. "Foi... complicado. Thomas está envolvido em algo maior, Zane. Algo que eu não consigo ver com clareza, mas sei que é perigoso."

Zane se endireitou, deixando o notebook de lado. "Você acha que ele tem algo a ver com o que aconteceu em Ghostcity?"

"Eu não sei... Eu realmente não sei," disse Zero, e isso foi o mais honesto que ele poderia ser naquele momento. "Ele não quer se explicar, ele foge, se esconde atrás de enigmas e palavras sem sentido. E agora... não consigo parar de pensar que talvez ele esteja jogando um jogo muito maior."

Ela franziu a testa, mas hesitou em pressioná-lo mais. Sabia que Zero lidava com essas coisas de maneiras únicas. Ele precisava de tempo para processar. Então, em vez de continuar o interrogatório, Zane apenas assentiu e voltou ao seu notebook, deixando-o com seus pensamentos.

Zero caminhou em direção à sala de servidores da ZB, onde ele sempre encontrava algum nível de paz. O zumbido suave das máquinas e o brilho frio das telas piscando eram quase reconfortantes. Era o único lugar onde as emoções não tinham espaço - apenas os dados importavam. Sentando-se em sua estação, ele começou a revisar os logs de vigilância, vasculhando cada detalhe da interação com Thomas.

Algo estava errado. Ele não conseguia apontar exatamente o quê, mas havia algo nos movimentos de seu irmão, nas pausas em suas respostas, que soavam... planejados? Thomas sempre fora imprevisível, rebelde até, mas agora parecia que ele estava jogando com uma estratégia.

Zero digitou um comando, acessando as câmeras de segurança da cidade. Ele puxou o vídeo da última localização onde Thomas havia desaparecido. Conforme assistia ao clipe repetidas vezes, algo chamou sua atenção: um vulto sombrio no canto do vídeo, distante e indistinto, observando de longe. A pessoa não estava focada em Zero ou Corvo. Seus olhos estavam voltados para Thomas, como se estivessem esperando algo.

- Quem é você? - Zero murmurou para a tela, tentando identificar o observador. Mas a imagem era ruim, e o rosto estava obscurecido.

O clima dentro da ZB estava começando a mudar. Os membros da organização, acostumados a um fluxo constante de missões e uma liderança firme de Zero, agora começavam a sentir a tensão crescente. Corvo, sempre calmo e observador, notou a mudança no comportamento de Zero. Ele estava mais reservado, distante, e isso afetava a dinâmica da equipe. As discussões eram mais frequentes, e o foco nas operações estava diminuindo.

Corvo se aproximou em silêncio, como sempre fazia, seus passos quase inaudíveis no piso de concreto. "Algo aconteceu, não foi?"

Zero não tirou os olhos da tela.

"Você acha que ele pode estar envolvido no que aconteceu em Ghostcity?"

Zero soltou um suspiro pesado. "Eu quero acreditar que ele não faria algo assim. Mas tudo o que ele faz, todas as pistas... é como se ele quisesse que eu pensasse isso."

"Talvez seja exatamente isso que ele quer," disse Corvo, cruzando os braços. "Talvez ele esteja tentando manipular o jeito como você vê as coisas."

Zero o encarou. "E por que ele faria isso?"

"Para te manter longe da verdade."

As palavras de Corvo pairaram no ar, como um presságio. Zero voltou à tela, sua mente girando com possíveis explicações. Se Thomas estava realmente tentando manipular a percepção de Zero, então havia algo muito maior em jogo, algo que ele não conseguia enxergar.

De repente, uma notificação apareceu no monitor. Uma mensagem criptografada. Zero a abriu imediatamente, seus olhos se estreitando ao ler as palavras: "Você não sabe de nada... ainda."

Ele congelou. A mensagem era simples, mas carregava um peso inconfundível. Um aviso? Uma ameaça? Ou apenas mais uma peça do quebra-cabeça distorcido que Thomas parecia estar montando?

O silêncio na sala de servidores se tornou ensurdecedor. Zero estava de volta ao ponto de partida, cheio de dúvidas e sem respostas. Thomas não era quem ele pensava? Ou havia algo ainda mais sombrio em jogo? Ele não sabia de nada - ainda.

Mas em breve, descobriria.

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