Provas mascaradas

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Zero olhava a cidade deserta à sua frente, as luzes dos prédios quebrados piscando de maneira intermitente. A sensação de impotência crescia no fundo de sua mente. A cada passo que dava, sentia como se estivesse mais longe da verdade, e Thomas... bem, ele continuava a ser um mistério. O irmão mais novo, aquele que ele achava que conhecia, agora parecia estar à margem de algo muito maior.

Corvo estava ao seu lado, observando o cenário com a mesma expressão vigilante de sempre. "Você acha que ele está por trás de tudo isso?" perguntou Corvo, quebrando o silêncio.

Zero hesitou antes de responder. "Eu tô ficando maluco!   Ainda não consigo encaixar as peças."

O vento soprava forte, trazendo o cheiro amargo de algo queimado. Ghostcity ainda era um ponto sensível na memória de Zero. A cidade que explodiu, o lugar que ninguém mais visitava, e o epicentro de algo sombrio.

Eles haviam seguido Thomas novamente naquela noite, mas ele desaparecera rapidamente nas sombras, deixando-os frustrados. Porém, Zero sabia que não podia parar. Algo o puxava para seguir adiante, algo dentro dele que insistia que as respostas estavam perto.

Ao virar a esquina de um beco mal iluminado, Zero ouviu passos suaves, quase imperceptíveis, vindos do fundo da rua. Ele parou, seu corpo tenso. "Você ouviu isso?"

Antes que Corvo pudesse responder, uma figura encapuzada emergiu da escuridão, rápida como um raio. Os olhos de Zero se estreitaram. A silhueta era familiar, mas o rosto estava coberto por uma máscara, escondendo sua identidade. O estranho não hesitou, avançando com uma agilidade impressionante. Zero mal teve tempo de desviar do primeiro golpe.

A luta que se seguiu foi frenética. Zero estava acostumado a combates rápidos e precisos, mas o misterioso adversário parecia igualar seus movimentos. Cada soco, cada chute, era respondido com uma contramedida perfeita. Corvo tentou intervir, mas foi jogado para trás com uma esquiva do perseguidor, que desviou de um dos chutes de Zero que acabará o atingindo em cheio com toda força, sem chance de interferir.

Enquanto lutavam, Zero tentava ler os movimentos do oponente, procurando qualquer pista que o ajudasse a identificar quem estava por trás daquela máscara. Mas o estilo de luta era habilidoso, refinado, quase como se estivesse lutando contra seu próprio reflexo.

"Quem é você?!" Zero gritou no meio do caos, mas o mascarado não respondeu. Ao invés disso, desferiu um chute que fez Zero ser lançado a vários metros.

A tensão aumentava a cada segundo, o ritmo frenético deixando Zero ofegante. Ele lançou um soco certeiro que, por um momento, pareceu acertar o mascarado, mas o outro desviou no último segundo, girando e contra-atacando com um golpe no peito de Zero, que cambaleou.

Corvo, ainda se recompondo, observava a luta com uma expressão tensa, mas sabia que, naquele momento, Zero estava por conta própria.

O encapuzado finalmente fez um movimento rápido para recuar, percebendo que a luta estava em um impasse. Antes que Zero pudesse reagir, o mascarado disparou em direção às sombras, desaparecendo na mesma escuridão de onde havia vindo.

Por um instante, o silêncio tomou conta. Zero olhou ao redor, tentando entender o que havia acabado de acontecer. Mas algo chamou sua atenção. No chão, perto de onde o mascarado havia recuado, um pedaço de papel amassado se destacava no chão sujo do beco.

Ele se agachou e pegou o papel. Ao abri-lo, seus olhos se arregalaram.

Era um mapa. E não qualquer mapa — era uma planta detalhada da infraestrutura de Ghostcity antes da explosão. Marcado com anotações à mão, estava claro que quem quer que fosse aquele mascarado, ele tinha conhecimento íntimo do que havia acontecido lá. Mas o que fez o coração de Zero disparar foi o nome que estava escrito no canto do mapa: Thomas.

"Isso não pode ser...," murmurou Zero, seu coração apertando no peito.

Corvo se aproximou, ainda tentando recuperar o fôlego. "O que foi isso?"

Zero mostrou o papel a ele. "Thomas está envolvido nisso."

Corvo franziu a testa, analisando o mapa.

Zero ficou em silêncio por um momento, seu cérebro correndo em mil direções. Thomas sempre fora um enigma, mas isso era diferente.
O que não fazia sentido era o motivo. Thomas poderia ser manipulado? Estava sendo usado por alguém? O mascarado, talvez?

"Isso ainda não prova que ele é o culpado," Zero finalmente disse, apertando o mapa com força. "Mas confirma que ele está envolvido. E seja lá quem for esse mascarado, ele sabe mais do que está nos dizendo."

"Então o que faremos?" perguntou Corvo.

Zero respirou fundo. "Vamos continuar seguindo as pistas. Não vou parar até descobrir a verdade... sobre Ghostcity, Thomas, e quem está por trás dessa máscara."

O mistério só aumentava, e a sensação de estar sendo arrastado para um jogo muito maior do que imaginava começava a pesar. Mas uma coisa era certa: Zero estava mais determinado do que nunca a descobrir a verdade.

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