Passado misterioso

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A sala da ZB estava tão silenciosa quanto um sistema em espera. Os poucos membros presentes mantinham seus olhos fixos em telas e gráficos, imersos no trabalho que parecia nunca ter fim. Quando a porta se abriu, os olhares se voltaram rapidamente para o trio que entrava: Zero, Zane e um novo rosto — Thomas, o irmão mais novo de Zero.

Com sua presença inconfundível e um sorriso malicioso nos lábios, Zero tomou o centro da atenção. Ele parou na frente dos monitores e, com um gesto teatral, apontou para Thomas.

"Senhoras e senhores, olha só quem eu achei perambulando por aí! Thomas, meu irmãozinho. Tão irritante quanto eu me lembrava, mas não se preocupem, já testei, ele não morde... muito."

Zane esboçou um sorriso, mas ficou atenta às reações dos outros membros. Corvo, que sempre parecia cético em relação a novidades, levantou uma sobrancelha, analisando o recém-chegado. Os murmúrios começaram a se espalhar, mas Zero rapidamente interrompeu:

"Antes que alguém pergunte, ainda não faço a menor ideia do porquê ele estava me perseguindo. Mas vou descobrir — ah, vou mesmo." Ele deu uma piscada para Thomas, que permaneceu com uma expressão séria, embora seus olhos traíssem um brilho de diversão.

Thomas finalmente se adiantou. Ele cruzou os braços e respirou fundo antes de começar a falar, sua voz carregada com uma firmeza que chamou a atenção de todos.

"Eu estava te seguindo porque... algo grande está prestes a acontecer. Tem algo acontecendo em Ghostcity, Zero. Uma movimentação estranha nos circuitos financeiros. Não consegui descobrir exatamente o quê, mas todos os sinais indicam uma grande transação criptográfica envolvendo empresas fantasmas. Comecei a investigar por conta própria e vi o nome de uma pessoa... alguém do nosso passado."

O silêncio na sala se intensificou. Zero não falou imediatamente, mas seu olhar mudou, seu rosto endurecendo enquanto absorvia a informação. Ele não precisava de mais detalhes para entender. A simples menção de "alguém do nosso passado" era suficiente para acender velhas memórias, memórias que ele preferia manter enterradas.

Zane observava atentamente a interação, tentando ler as emoções não ditas entre os dois irmãos. Ela sentiu a mudança de humor em Zero, mas o conhecia o suficiente para saber que ele tentaria manter o controle da situação, pelo menos na frente dos outros.

Zero pigarreou, tentando voltar ao seu habitual tom despreocupado. "Então é isso? Você decide jogar de espião por conta própria e me segue, só para depois me deixar no escuro?"

Thomas deu de ombros, sem perder o humor. "Você sempre foi meio lerdo pra entender as coisas... Achei que precisava de um empurrãozinho."

Zero deu um sorriso forçado e balançou a cabeça. "O mesmo de sempre, hein? Mas, de qualquer forma, bem-vindo ao caos, maninho." Ele então se voltou para o restante da equipe. "A partir de agora, Thomas será o mais novo membro da ZB. Ele tem talento, posso garantir."

Thomas, no entanto, ergueu a mão, sinalizando para que Zero parasse. "Não, não, não. Acho que você me interpretou mal. Eu não vim aqui para fazer parte da sua equipe. Eu tenho meus próprios caminhos pra trilhar, Zero. Prefiro trabalhar sozinho."

Os membros da ZB trocaram olhares surpresos. Ninguém nunca recusava uma oferta direta de Zero, especialmente quando feita de forma tão pública. Mas Thomas parecia absolutamente convicto.

Antes que o clima ficasse pesado, Thomas soltou uma risada curta. "A propósito, se você acha que vou ficar por aqui só porque sou seu irmão, então é você quem precisa de mais cafeína, não eu."

A risada dele, no entanto, não conseguiu dissipar completamente a tensão. Zero o encarou por um momento, como se estivesse processando as palavras. Ele finalmente cruzou os braços, sua expressão suavizando levemente.

"Você nunca muda, Thomas. Sempre com essa atitude de lobo solitário. Mas, cedo ou tarde, você vai ter que aprender a confiar nas pessoas."

Thomas abriu um sorriso. "Quem sabe, um dia. Mas hoje não é esse dia."

Zane, que até então havia permanecido em silêncio, finalmente interveio. "Seja como for, você está aqui agora. E se o que você disse sobre Ghostcity for verdade, teremos que trabalhar juntos. Não importa se você prefere agir sozinho, Thomas. Isso é grande demais para ser tratado sem cooperação."

Thomas assentiu, sua postura relaxando um pouco. Ele sabia que Zane tinha razão, mas isso não o fazia gostar mais da ideia. Ainda assim, o fato de estar ali, no meio da ZB, significava que, de certa forma, ele já havia cruzado uma linha que não poderia desfazer. Mesmo que não quisesse admitir, parte dele já estava envolvida, e não havia volta.

Zero, percebendo que o momento sério estava se estendendo demais para o seu gosto, bateu palmas, trazendo de volta a leveza. "Então, é isso! Vamos deixar as formalidades de lado. A ZB sempre tem espaço para uma boa dose de confusão, e parece que nosso amigo aqui trouxe um prato cheio. Vamos trabalhar!"

O ambiente relaxou ligeiramente, mas a sombra do que Thomas havia mencionado pairava sobre todos. As palavras "alguém do nosso passado" continuavam ecoando na mente de Zero, mesmo enquanto ele sorria e dava ordens.

Ele sabia que aquilo era apenas o começo.

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