Capítulo 14

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JUNGKOOK 

Havia me vestido e vigiava seu corpo na cama.

Ainda não entendia o que havia acontecido.

Ele estava quase morto e tremia.

As ervas apenas anestesiaram sua dor.

— Deixa eu ver? — Tomei um susto assim que o ancião pegou minha mão e a cortou. — Seu sangue... — Cheirou o sangue que caiu na madeira. — tem algo no seu sangue, cheira à morte. — Sussurrou e eu não entendi. — Ele não sobreviverá sem o seu sangue e não sobreviverá se se alimentar de você.

— O que ancião quer dizer? — Não tirava os olhos do vampiro.

— O seu sangue está infectado. Alguém tentou o matar através de você ou você…

— Não ouse me acusar de uma loucura dessas. — O impedi que finalizasse a frase.

— Não tenho motivos, JungKook? — O ancião olhou para Yuta que assistia a tudo tão preocupado quanto todos.

— Eu jamais faria isso, se ainda não fiz a ligação, era por estar tentando o conhecer melhor, conquistá-lo. — Toquei os meus cabelos enquanto ouvia-o choramingando de dor. — O que eu preciso fazer para salvá-lo? A ligação? Eu faço qualquer coisa?

— Ele não pode se alimentar de você e não sobreviverá sem você.

— JungKook... — Sussurrava o meu nome em plena agonia.

— Creio que a morte o espera.

— Tem que ter algo, qualquer coisa que eu possa fazer? — Me sentei na cama e peguei sua cabeça a pondo nas minhas pernas, estava com os cabelos molhados de tanto suor que expelia causado pela dor. — Eu devia ter feito essa ligação antes, ele teria ficado mais forte. Eu só queria entender tudo. Tem que existir outras formas, ancião!

Acariciei seu rosto com carinho.

Sentia sua agonia, medo e tristeza, me culpava muito por sua dor.

— A única forma é tirar o sangue dos mortos do seu corpo e para isso precisa se transformar até que lhe reste um fio de vida, JungKook. Sua chance de sobreviver é tão mínima quanto a dele.

— Pois então eu o farei, cuide dele. — Pus sua cabeça no travesseiro e me ergui.

— Você não pode, JungKook. E se morrer, quem cuidará de nós? — Yuta tentou me impedir ao segurar o meu braço.

— Eu supliquei para que ele confiasse em mim, para que me deixasse cuidar dele, se ele morrer, também morrerei.

— Não, você pode viver dos chás do feiticeiro. Vocês ainda não fizeram a ligação, você não resistirá.

— Ele morrerá, Yuta. E será minha culpa, não permitirei que algo assim aconteça ao meu predestinado. — Sacudi o meu braço e me afastei dele. — Não permita que ele morra, ancião.

— Seu lobo saberá quando seu sangue estiver puro. — Corri para fora, já pulei o degrau transformado e corri para a floresta, senti Yuta vindo atrás de mim, buscava me impedir, não esperava que me atacasse.

Quando o fez, rolei entre os galhos e antes que pudesse me defender ele pulou em cima de mim.

Voltei a ser humano e ele segurou os meus braços ficando por cima de mim.

— Você não pode morrer devido àquele sangue ruim. — Nunca havia o visto com tanto ódio e raiva, estava fora de si ao me atacar.

— Ele é o meu predestinado e não permitirei que nada lhe aconteça. Me solta, Yuta, por nossa amizade de anos, me solta.

— Eu não posso, JungKook. — Sua raiva desmanchou por segundos dando passagem à dor, mas nada comparada a agonia que Jimin vivia. — Se ele morrer, podemos ficar juntos.

— Ele não vai morrer, não permitirei.

— E eu JungKook? Eu te amo. — O empurrei para distante e ele se chocou em uma árvore.

— Está confuso, Yuta... Volte para casa e me deixe fazer o que é preciso ser feito.

— NÃO!

Nós dois nos transformamos e avançamos um no outro, ele não enfrentaria o seu alfa, rosnei em cima da sua cara o ordenando que parasse de me impedir.

Choramingou diante da fera, pois soube que morreria se o enfrentasse, finalmente retornou a sua forma humana.

Corri para distante e o deixei para trás.

Ao chegar ao meio da floresta iniciei as transmutações, meus ossos se quebraram e os meus sentidos ficaram confusos detectando os gritos da floresta e as dores do meu companheiro, não havia harmonia nas minhas transformações, elas eram dolorosas e sacrílegicas para o meu próprio espírito e corpo.

Os meus músculos se reorganizavam e se modelavam para se adequar à estrutura de um lobo, e em segundos as garras afiadas e dentes caninos se modelavam em dentes humanos, levando os meus gritos de dor reverberarem na floresta.

Inúmeras vezes me obriguei à metamorfose de lobo e homem ao ponto de cair no chão e perder a consciência sobre o que era dia ou noite.

Concluí que já fosse suficiente quando o lobo quis retornar para o Jimin, meu sangue estava puro mais uma vez, então como lobo retornei para casa, esbarrando nas árvores, pois o meu corpo estava fraco e meus sentidos desorientados.

— Pelos deuses! — Meus irmãos vieram em minha ajuda ao sair de entre as árvores na forma humana.

— Jimin. — Pedi que me levassem ao meu companheiro e ao entrar no quarto o vi ainda agonizando. — Uma faca, ele não vai tomar assim, não terá forças ou confiará em mim.

Recebi uma faca e cortei o meu pulso, gotas de sangue caíram no seus lábios brancos e ele respirou como se voltasse à vida, abriu os olhos e me viu.

— Alimente-se, por favor.

Peguei-o nos meus braços e pus sua cabeça no meu peito sentindo seus dentes se agarrando ao meu pulso, era como se ele tomasse as ultimas gotas de sangue restantes em mim.

— Ele vai matá-lo. — Yuta tentou me impedir, mas foi detido pelos meus irmãos que não ousaram desafiar o desejo do seu alfa. — Para, JungKook... Você vai morrer se continuar.

Permiti que o meu companheiro se alimentasse de mim o tanto que necessitasse.

Até que desmaiei…

Predestined for the WolfOnde histórias criam vida. Descubra agora