Predestined for the Wolf

Capítulo 7

JUNGKOOK 

Acordei há alguns minutos, estranhamente me sentia relaxado e tranquilo, como se tivesse dormido em cima de pétalas de rosas em uma primavera ao som de uma cachoeira.

— Ele parece fraco mesmo que tenha se alimentado. — Taehyung disse, era noite e Jimin ainda dormia. — Devemos acordá-lo? Ele se alimenta só de sangue, será que come outra coisa?

— Não!

Taehyung era o sucessor do feiticeiro, ainda era novo e necessitava questionar, estudar e aprender.

Tudo levava tempo e compreensão dos adultos para ensiná-lo até que a própria natureza lhe contasse os nossos segredos.

— Amanhã é lua cheia, JungKook. Seu povo o necessita. — O ancião me relembrou.

Não queria deixá-lo, me preocupava se acordaria assustado, mesmo achando impossível.

Meu lobo quis acariciar seu rosto antes de partir, mas fiquei intimidado pelas presenças no quarto.

Caminhei para fora com a sensação que o abandonava.

— JungKook, as crianças o esperam. — A loba Lisa me acompanhou, ela os orientava para sua primeira transformação, desci os primeiros degraus da entrada da minha cabana e quase caía.

— TIO KOOK... — Uma pequena loba pulou no meu pescoço enfiando suas garras nele... — EU TE PEGUEI... EU TE PEGUEI...  

— Okay, pequena fera. — Segurei-a pela cintura e a tirei de cima da minha cabeça.

A pus na frente dos meus olhos pendurada pela camisa.

— Tio Kook, posso ver o vampiro? — Me pediu como se fosse um segredo.

— Não peça bobagens, criança. — Yuta a pegou no colo.

— Colha rosas caninas para ele, tenho certeza que vai amar. — Disse a ela e seus olhos dourados brilharam.

— Vou colher as mais belas e cheirosas. — Saiu pulando os degraus, animada.

— Está enferrujado, permitiu que a pequena te atacasse.

— Só estou disperso Yuta. Vamos. — Prossegui para trás das casas e encontrei os jovens sentados em um tronco de madeira. Baixaram a cabeça em sinal de respeito e me pus na frente deles. — Amanhã não será um dia fácil, a primeira transformação é dolorosa e cheia de sacrifícios. Os nossos antepassados eram presos em correntes pelos nossos inimigos e isso deixava a tranformação ainda mais dolorosa e cruel, pois a natureza nos chama e se não podemos ir ao encontro dela, o lobo enlouquece. Não impeçam que o lobo vá ao encontro de sua mãe, corra pelas árvores, escute o barulho das formigas embaixo da terra, permitam que os lobos se conectem com os seus ancestrais. Deixem que eles dominem com respeito e adoração, eles não são intrusos na suas vidas, eles são parte de quem são. Sem eles vocês não vivem, sem vocês eles não vivem.

— E se a gente não conseguir dominar o lobo e ele atravessar a represa? — Depois da represa havia a civilação.

— Ou a terra dos vampiros?

— Não vão. — Afirmei.

— Como você tem tanta certeza, tio? E se os vampiros estiverem nos esperando devido ao seu companheiro? 

Eram novos, cheio de duvidas e medos, não me ofendi pela forma como falavam do Jimin, pois até eu ainda tinha ressalvas sobre o meu companheiro.

— Vocês não vão atravessar a represa e nem vão entrar na terra do Norte, seus lobos devem respeito a mim e não me desobedecerão. — Olhei nos olhos dos quatro garotos e uma loba. — A transformação é dolorosa, como se seus ossos fossem esmagados dentro do seu corpo e sua carne fosse arrancada. — Eles engoliram em seco. — Mas quando estiverem conectados ao lobo sentirão tanta tranquilidade que será como se estivessem correndo por um vasto campo de margaridas e caíssem leves pingos do céu, enquanto o sol ainda está brilhoso no alto. Poderão sentir o cheiro da terra molhada e será a sensação mais incrível da vida de vocês, após essa só terá mais uma sensação.

— Quando encontrarmos nossa alma predestinada. — Concordei com a loba.

— Vão descansar e não se preocupem. Tudo dará certo. — Mandei os vendo se levantarem e irem para suas casas.

— E se os clã Norte entrar no território atrás de vingança? Eles não conseguirão lutar.

— Prepare os melhores lobos para que vigiem as terras que nos separam. Não avise as crianças, preciso que elas confiem em seu lobo, se souberem que estaremos os esperando não confiarão mais em nós.

— Okay, JungKook. 

Retornei para casa, havia um banquete me aguardando à mesa.

Sana sorriu carinhosamente para mim.

Jantei com a mente no quarto, tinha tantas coisas para resolver... precisava levar a colheita para a cidade, mas minha cabeça se encontrava nele, quase como se fosse um refúgio para tantos problemas.

— Um vampiro. — Murmurei entre uma garfada e outra. — O que farei com um vampiro?

— Bela marca que ele está deixando em você. — Yuta apontou para o meu pescoço e levei os dedos à pele, não sentia nada e nem havia parado para analisar no espelho.

— Parece com dificuldade em aceitá-lo, Yuta?

— E você parece que o aceitou com muita falicidade.

— Eu não aceitei ainda, preciso comprender tudo. — Bati na mesa com os punhos fechados, ele grudou as costas na parede.

— Terminei, Sana. Perdi o apetite.

Yuta era um bom amigo e eu respeitava seus conselhos, porém, pela primeira vez estava sufocado pelos seus questionamentos.

Caminhei para o quarto e empurrei a porta, encontrei o Taehyung lendo enquanto me aguardava.

— Nem se mexeu. — Me disse indo para fora.

Assim que bateu а porta me sentei na ponta da cama e inspecionei aquele ser estranho.

— Jimin... que ser magnífico! — Com a digital deslizei pela sua bochecha pálida e tirei uma mecha de cabelo da sua testa. — Como faremos? Acorde e converse comigo. — Passeei com a digital pelo seu nariz e parei nos seus lábios. Não os toquei, mesmo que desejasse. — Onde esteve esse tempo todo?

— Posso entrar, tio? — Uma cabecinha curiosa se infiltrou no quarto. Me afastei do Jimin e a assisti trazer um jarro repleto de rosas. Havia colhido como mandei, era uma uma criança gentil e carinhosa. — Posso visitá-lo?

— Luna, o que eu lhe falei sobre entrar nos aposentos do seu tio assim? — Yuta entrou recriminando a loba. — Ele não parece ter sua idade, JungKook.

É evidente que Yuta está enciumado, por muitos anos compartilhamos nossos receios e amizades, com certeza seus sentimentos se deviam ao medo de perder meu companheirismo, nossa relação não mudaria com a chega do meu companheiro.

Ele sempre seria o meu melhor amigo.

— A gente vai brincar juntos? — Luna comemorou.

— Ele vai te morder e chupar todo seu sangue. — Yuta pegou a pequena no colo. — Dormirá com ele?

Meu lobo respondeu que sim.

— Não! Ficarei na sala, the darei privacidade.

— Faz sentido, você nem o conhece ainda. Boa noite, JungKook.

Saiu, provavelmente entregaria a pequena loba para os seus pais.

Luna é a mais nova das crianças, por isso todos têm enorme carinho por ela.

Não podia continuar admirando o rapaz, por essa razão tomei um banho e resolvi me encolher no sofá, mais cedo dormi ao seu lado, devido ao cansaço e os desejos do meu lobo, porém minha consciência humana havia retornado e conseguia tomar decisões mais coerentes.

Fiquei olhando o teto de madeira, o que eu faria com um vampiro?

“JungKook”.

Tentei expulsá-lo da minha cabeça, pois precisava pensar em tudo sem estar com suas garras no meu pescoço.

“JungKook”.

Era impossível, nossa ligação era tão forte que meu lobo se revoltava dentro de mim somente com a minha tentativa de me manter afastado.

Cansado de lutar, fiz o caminho de volta para o quarto e me deitei ao lado daquele ser e trouxe seus lábios para o meu pescoço, quem sabe se se alimentasse, eu poderia retornar ao sofá…