Capítulo 1

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JUNGKOOK 

Meus ossos se contraíam em pura agonia e me contorcia de dor com a expansão dos meus músculos. 

Arrancava a minha pele enquanto tentava controlar a transformação, mas era impossível com o fogo interno que me consumia de dentro para fora.

Eu sentia o cheiro de sangue e uma fome intensa e insaciável.

— O âncião chegou.

O homem entrou com sua bengala e suspirou ao ver meus olhos.

— Sua ligação de sangue está te chamando.

Tentei dizer que era impossível,  mas o som que saiu foi um uivo que rasgou o meu peito e cortou o silêncio da noite, ele carregava toda a minha solidão e desejo misturados com uma dor que beirava ao desespero mais brutal e primitivo como nunca senti durante os meus trinta anos.

— Me amarra. — Pedi ao Taehyung.

Em toda minha vida nunca tive medo de me transformar, mas a fera que tentava sair parecia descontrolada, eu farejava sangue, faminto pela carne.

— Não! — O ancião negou. — Será pior.

— Eu não consigo controlar. A fome por sangue… Eu não estou conseguindo dominar os meus sentidos. — Ergui a cabeça para cima e mais uma vez uivei, não era lua cheia, a alcateia não estava em perigo, não entendia o meu descontrole. — Os meus instintos animalescos estão … — Puxei a minha pele para fora, destroçando toda minha carne, isso nunca havia me acontecido.

— Escute, JungKook, você não conseguirá dominar a fera, ela sente a sua ligação de alma por perto.

— Não, é impossível. Eu sinto o cheiro deles. — Me referia ao Clã do Norte. Tínhamos um acordo e se existisse a mínima chance deles estarem no nosso território, todos os meus irmãos teriam sentido e eu estaria controlando o meu lobo. — Me prende.

Se eu saísse assim seria capaz de machucar toda a minha alcateia.

— JungKook, me escute. — Ele bateu o seu cajado no chão.

Avancei nele como se fosse o atacar, mas no último ímpeto me direcionei à parede, me desviando do nosso feiticeiro.

O que estava acontecendo?

Até os lobos mais antigos da alcateia o respeitavam, não por medo e sim por respeito.

Mas o meu quis o machucar.

— JungKook, ele está te chamando, se você tentar segurar a transformação destruirá todos os seus irmãos. Escute, meu filho. — Os meus dentes se transformaram em presas e a dor atravessou o meu corpo. — Sua ligação deve estar em perigo, não existe nada que possa fazer para deter a transformação, corra JungKook. Corra para o seu vínculo…

Ele não precisou mais repetir, pois perdi o controle e me transformei em uma fera ao passar pela porta da frente, pulei por cima dos meus irmãos que devem ter ouvido os meus uivos e vieram verificar o que acontecia, ainda virei a cabeça para trás e vi o feiticeiro impedindo que meus irmãos me acompanhassem, era o melhor, em todas as minhas transformações eu sempre tive o controle da minha consciência humana, podendo ser capaz de pensar e tomar decisões, mas dessa vez tinha algo diferente.

Mesmo quando enfrentava conflitos com outras alcateias ou os clãs de vampiros, tinha certa dificuldade de manter os meus instintos e enfrentava alguns dilemas morais e emocionais durante a tranformação, mas dessa vez tinha algo diferente, eu estava perdendo a consciencia humana e quanto mais lutava para mantê-la, mais o meu lobo se revoltava dentro da minha cabeça, se transformando em uma criatura sedenta e predatória.

Adentrei pela floresta úmida e fria, minhas garras se enfiavam na areia molhada com velocidade e os meus pelos se agitavam com o vento da noite, corria pela mata em uma velocidade nunca antes feita por mim, meu corpo e instinto estavam em uma única sintonia que era totalmente incompreendida para a minha consciência humana, mas o meu lobo parecia saber exatamente para onde ir e o que desejava.

Quanto mais eu lutava para controlá-lo, mais ele avançava pela floresta.

O cheiro do sangue do Norte aumentou e como se fosse um aviso uivei para o céu.

Minhas garras se estenderam se tornando mais afiadas e soube que estava próximo, poderia sentir o cheiro deles, não era só um, havia três deles que fediam a sangue, porém tinha um com um aroma delicioso que chegou ao meu focinho e me fez ser guiado para ele.

Com um único pulo me pus na frente de dois sangues ruins, uivei para cima de forma predatória, eles seriam mortos.

Caminhei na sua frente marcando o território, sem tirar os olhos deles.

— Lupino… Alcame-se, a gente só veio buscar um dos nossos irmãos. — Grunhi dando passadas para frente, eles deram uma para trás. — Jeon, cometemos um erro, não deviamos ter entrado no território, mas estamos saindo.

Os sangues ruins deram mais um passo atrás, voltando ao território deles.

Eu mantinha os meus olhos fixos nas minhas presas.

— Jeon, só nos devolve o nosso irmão.

Girei a cabeça para trás e uma pequena espécie estava enrolada no chão perto de uma árvore com sua cabeça coberta, dava para ouvir seu choro, senti seu medo e seu sangue, ele fazia parte do Clã do Norte, mas percebi, principalmente, seu perfume doce, ele tinha uma fragância de rosas caninas, de aroma doce e selvagem.

Não podia ser, era impossível.

— Nos entregue o nosso irmão, ele cometeu um erro e avançou no seu território.

Eram caçadores, constatei pelas vestimentas e fisionomias mais ásperas, além disso, eles me conheciam, porém nunca lutaram contra um lobo alfa, era visível pela forma que ainda se mantinham prontos para atacar.

O Clã do Norte era mais diplomático, a gente é que tinha a fama de selvagens.

— Jeon. — Deram um passo na direção do sangue ruim que se escondia na árvore.

Meu lobo grunhiu mostrando os seus dentes.

"JungKook".

"JUNGKOOK".

Tudo aconteceu muito rápido, eu perdi totalmente a consciência humana e o meu lobo assumiu, e como toda fera sem controle, ela queria sangue, eles ainda tentaram lutar assim que avançaram, mas prendi o corpo de um dos vampiros na minha boca e esmaguei seu crânio na árvore o chacoalhando entre os meus dentes.

Com sua cabeça despedaçada joguei os restos mortais para distante e com passos calculados fui na direção do segundo homem que tentou fugir, mas o detive com as patas o jogando no chão.

— Misericórdia! — Implorou antes que eu tivesse sua cabeça esmagada entre os meu dentes também.

— Não me machuca. — Meu lobo se acalmou e soltei o corpo.

Caminhei na direção do terceiro vampiro encolhido nas árvores.

Diante do jovem, o lobo finalmente cedeu e me deixou controlar a minha mente, me transmutei para humano e pude analisar toda a situação, ele arregalou os olhos, estava apavorado.

— Quem é você? — Sussurrei para o rapaz. — Como você conseguiu me chamar?

Seus olhos se abriram amplamente em surpresa, mas antes que qualquer palavra pudesse escapar de seus lábios, seu corpo cedeu, teria caído de cabeça no chão se eu não o tivesse segurado com minha mão.

Predestined for the WolfOnde histórias criam vida. Descubra agora