Capítulo 5

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JUNGKOOK 

A nossa linhagem de lobos era regida por uma única ordem, nascemos predestinados a um parceiro, independente se fosse macho ou fêmea e finalmente eu havia encontrado o meu companheiro e ele era indescritivelmente lindo.

— Como ele se chama? — Meu amigo me perguntou.

Eu o havia o deixado adormecido, conseguia senti-lo, até mesmo o escutava ressonar, estou ligado a ele de uma forma como nunca estive com nenhum dos meus irmãos.

— Jimin. — Seu nome saiu como mel pelos meus lábios.

— É um bonito nome.

— É como se o conhecesse a vida toda, seus gostos, tristezas, alegrias, só que ao mesmo tempo, não o conheço.

Estava sentado num banco de frente a uma fogueira aonde restavam apenas cinzas.

Ali comemorei o meu aniversário na noite anterior e aonde meus irmãos me aguardaram durante a madrugada.

— Sinto-o e escuto-o mesmo distante, sei que ainda está dormindo tranquilamente e pela primeira vez na vida parece em paz. — Olhava para frente, como se a qualquer momento fosse sair alguém do seu clã para reivindicá-lo.

— Dois alfas... já ouviu falar de algo assim? — Me mantive em silêncio, eram muitas perguntas sem respostas. — Um sangue ruim.

— O meu companheiro, não se esqueça disso. — Fui bruto e me arrependi, nunca o tratei Yugyeom com ignorância, mas possuía uma necessidade selvagem de proteger Jimin.

— Okay. — Ergueu os braços para cima na defensiva. — Só estou preocupado com o nosso povo. — Yugyeom se explicou, ele era o meu melhor amigo, crescemos juntos e podia contar com ele para tudo nessa vida, principalmente dividir o meu fardo.

— Não se preocupe com algo que não lhe pertence, meu filho. — Não senti o feiticeiro se aproximar, ainda estava desorientado. Yugyeom saiu da cadeira e sentou-se no chão, dando o seu lugar para o ancião. — Se as criaturas da florestas quiseram assim, que assim seja. Elas darão tudo que a nossa alcateia necessitar se respeitarmos suas leis.

— Mas ele é o alfa, onde ficará? Nos juntaremos com o bando dele? — Yugyeom perguntou, eu me mantinha sereno e ao mesmo tempo em alerta, todas as suas dúvidas eram as minhas.

— Viverá conosco. — Respondi, como se ele sussurrase na minha orelha.

—  E o bando dele? — Yugyeom inquiriu novamente.

— O bando dele é o meu. — Respondi sem hesitar.

— Meu filho, vá ajudar os seus irmãos. — O feiticeiro mandou pedindo com educação para ficar a sós comigo.

— O que senhor sentiu? — Tentava entender tudo que nos aconteceu.

— Ele não permitiu, estava fraco o suficiente para neutralizar ao seu redor. É um alfa que passou muitos anos com sua força reprimida.

— Como ele me controlou daquela forma, não lembro de nada, além de me entregar a ele?

— Ele queria te proteger, JungKook. Apenas você sabe do que ele te protegia.

Fiquei em silêncio, desde a morte do meu pai que a ligação com minha alcateia iniciou.

Sinto e ouço a todos, é devastador e por vezes quis silenciar tudo, contudo não podia.

O pequeno momento em que nos conectamos, tudo ao meu redor parou e senti extremo prazer, tranquilidade e serenidade na minha mente.

Acenei a cabeça para as crianças que vinham da escola, já era tarde e precisava resolver algumas coisas, além de verificá-lo.

— Tudo resolvido. — Meus irmãos me comunicaram, pedi que cuidassem dos restos mortais dos vampiros.

— Irei preparar os corpos, seus irmãos virão buscá-los. — O ancião avisou.

JungKook?” Girei a cabeça para trás, como se ele sussurrasse atrás de mim, mas não havia nada. “Venha?”.

— JungKook, precisamos decidir sobre a colheita. Nosso prazo está apertado. — Meu irmão me avisou, chamando minha atenção.

JungKook, venha para mim?”

— E se eles nos atacarem devido a essas mortes? — Meus irmãos me questionavam. 

JungKook?”.

Me levantei sem considerar as dúvidas dos meus irmãos, segui de volta para casa, pulei os três degraus que davam para o alpendre e passei pela porta, o aroma dele me guiava e me puxava na sua direção, fui direto para o quarto, encontrei o Taehyung na cama o vigiando.

Ele continuava dormindo.

— Não o chamei, pois não acordou, senhor.

— Saia. — Como ele conseguia se comunicar mesmo que estivesse totalmente apagado.

Que ligação era essa?

A porta do quarto foi trancada, tirei minhas botas e me sentei na cama.

Ele era lindo de uma forma magnífica.

Aproximei o dedo da sua face e passei pela sua bochecha tão lisa quanto a pétala de uma rosa.

Afastei alguns cachos de cabelos da sua testa, eram macios e cheirosos.

— Quem é você? — Indaguei.

Hipinotizado pela sua fragrância e pela paz que me causava, me deitei ao seu lado e o admirei de mais perto, será que sentia frio ou estava com fome?

Devia alimentá-lo?

Devia acordá-lo?

Devia ir no seu clã e reivindicá-lo?

Não tive tempo de obter as respostas para esses questionamentos, pois ele veio para o meu peito, se aconchegando em mim.

Fiquei congelado sem saber o que fazer.

A próxima lua cheia é na sexta-feira, a colheita não pode esperar, ainda tem as crianças que vão se transformar pela primeira vez.

Escutava todos os conflitos dos meus irmãos e minha cabeça agia como se fosse explodir.

Estremeci assim que encostou seus lábios no meu pescoço, suas presas perfuraram minha pele e a dor me causava tanto prazer que revirei os olhos.

Segurei-o nos meus braços quando a sensação de tranquilidade me completou outra vez e as dúvidas sumiram.

Ele se alimentou de mim o tanto que quis, enquanto eu desfrutava do silêncio.

Predestined for the WolfOnde histórias criam vida. Descubra agora