Capítulo 4 - Sakura

278 55 51
                                    

Ela corria com uma agilidade que parecia desafiadora às leis da física, desviando entre as árvores de troncos grossos e antigos.

A floresta, com seu chão úmido coberto de folhas mortas e raízes expostas, estava mergulhada em sombras projetadas pelas árvores que se erguem imponentes. Movendo-se em um ritmo que olhos normais jamais captaram, ela pulava de galho em galho, saltando entre pedras e o solo como uma sombra veloz.

Há três anos, essa floresta havia sido seu inferno. Ela sangrou, sofreu e lutou para sobreviver aqui, mas foi nesse mesmo lugar que ela encontrou força. Agora, ela estava de volta, porém não como vítima; desta vez, era ela quem comandava o jogo.

Harumi controlou sua respiração, sabendo que o menor som poderia denunciá-la. Com um movimento rápido, sacou uma kunai de um selo em seu pulso e se agachou atrás de uma árvore. Colocou a mão no chão, e, como se a própria floresta obedecesse à sua vontade, raízes grossas surgiram da terra.

Uma cobra ágil deslizou para fora da escuridão, mas foi prontamente imobilizada pelas raízes. A criatura lutou, tentando escapar, contudo, as raízes apertaram até que a cobra se dissipou em fumaça. Se fosse um animal comum, o chão estaria manchado de sangue.

Antes que pudesse descansar, uma chuva de Kunai e Shuriken afiadas veio em sua direção. Com um salto rápido, ela se esquivou, deixando o tronco da árvore que a escondia ser perfurado. Em pleno ar, ela se contorceu, desviando de mais kunais e serpentes, e, num movimento fluido, apoiou o pé esquerdo em uma árvore a cinco metros do chão, impulsionando-se para cima.

Gavinhas de água materializaram-se atrás dela, como serpentes líquidas, e avançaram contra a mulher que a perseguia. Anko teve que se esforçar para desviar dos ataques, lutando contra os fios de água que pareciam ter vida própria.

— Impressionante, Harumi... — murmurou Anko, com um sorriso desafiador enquanto lançava mais armas, e, uma vez mais, as kunais foram desviadas pelas gavinhas de água, que agora se voltavam contra a jounin. Anko conseguiu escapar, porém, não sem sofrer cortes nas pernas.

Harumi pousou graciosamente no chão, um sorriso diabólico se formando em seus lábios. O grito de dor de Anko ecoou pela floresta quando seu sangue começou a queimá-la por dentro.

— Eu me rendo... Pare! — gritou Anko, com a voz ofegante.

Harumi deixou as gavinhas caírem no chão e parou de manusear o sangue de Anko.

A jounin de cabelos roxos recuperava o fôlego, tentando lidar com a dor.

— Droga, garota. Você é fodona, — disse Anko, ainda respirando com dificuldade, mas com um tom que misturava orgulho e exaustão.

— Desculpa... — começou Harumi, porém Anko a interrompeu.

— Não se desculpe. Eu disse para você vir com tudo que tinha. — disse com seu olhar duro suavizando enquanto via Harumi sorrir, feliz com o elogio.

A visita inesperada de Anko naquela madrugada, quando ela implorou para Harumi, o que Anko negaria que fez, treinar com ela na Floresta da Morte.

— Você se tornou um verdadeiro monstro, sabia!? — disse Anko, com um tom leve e gentil que não ofende Harumi. Pelo contrário, ela sentia o orgulho que Anko tinha por ela. — Eu totalmente acho que você devia fazer o teste para jounin.

Harumi negou com um gesto decidido. — Ainda não!

— Enfim, vamos. Eu lhe devo um dango, — disse Anko, apoiando o braço nos ombros de Harumi, exausta, mas satisfeita.

— Eu prefiro um café da manhã tradicional. Papai deve estar terminando o café. Venha comer em casa.

— Não quero me intrometer...

A garota do time 7 - Livro 3Onde histórias criam vida. Descubra agora