Capítulo 12 - Osmanthus

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A rua estava deserta, iluminada apenas por um poste antigo e a luz fria da lua cheia, quando Harumi ajeitou sua postura, observando os três ninjas desacordados no chão. O ataque tinha sido inesperado, mas não incontrolável — nada que ela não pudesse lidar sozinha. No entanto, a súbita aparição de Sasuke no meio da luta mudou o rumo da batalha, e agora ele estava ali, de pé à sua frente, observando-a com o rosto meio coberto pela sombra da noite.

— Obrigada, eu acho... — Harumi murmurou, incerta. Ela realmente poderia ter lidado com aquilo sozinha. Afinal, após enfrentar membros da Akatsuki, aqueles três ninjas misteriosos não pareciam nada. Mas, por algum motivo, ela não conseguia ignorar a presença de Sasuke e o misto de emoção e confusão que aquilo provocava.

Ele acenou com a cabeça, e permaneceu em silêncio, o olhar distante.

— O que está fazendo aqui? Sua casa não fica nesse caminho, — ela perguntou, finalmente percebendo que a presença dele ali não fazia sentido algum. Era tarde da noite, e o festival de primavera já havia terminado.

A escuridão da noite foi misericordiosa para Sasuke, escondendo o rubor que subia em suas bochechas. — Eu... eu queria... — Ele hesitou, as palavras presas na garganta, enquanto seus olhos desviavam para o chão.

— Falar comigo? — Harumi interrompeu, levantando uma sobrancelha.

Sasuke desviou o olhar de vez, claramente desconfortável. — Deveríamos avisar os ANBU ou a polícia para recolher os prisioneiros, — ele sugeriu, claramente tentando mudar de assunto.

Harumi suspirou, cruzando os braços e sem desviar os olhos dele. — Está desviando o assunto, — ela apontou, seu tom levemente provocativo. — Aconteceu algo com a Sakura? Ela apareceu chorando na queima dos fogos.

Imediatamente, ela se arrependeu da pergunta. Não era da sua conta, e sabia disso, contudo a curiosidade falava mais alto. Mesmo que tenha sido ela quem terminou com ele, vê-lo com Sakura no festival havia sido... desconfortável.

Sasuke a encarou de volta, finalmente, com um olhar sério e a postura tensa. — Não acho que seja problema seu, — ele disse com frieza, sua voz cortante. Harumi recuou um passo, surpresa com a grosseria. E isso só fez Sasuke se sentir culpado. Ele não queria tratá-la assim.

— Eu... não... — Harumi tentou falar, mas suas palavras morreram antes de completarem a frase. Em vez disso, ela fez alguns selos com as mãos e invocou dois clones das sombras. — Avisem ao ANBU mais próximo sobre o ataque e recolhimento dos prisioneiros, — ordenou. Os clones assentiram e desapareceram na escuridão. — Eu posso cuidar das coisas aqui. Você deveria ir para casa, — ela disse, tentando encerrar o assunto, no entanto, sua voz soava mais fraca do que gostaria.

Sasuke, tomado por uma raiva que ele mesmo não conseguia explicar, deu um soco no poste próximo, fazendo a madeira rachar e a luz tremer. O poste se curvou, e a lâmpada piscou como se estivesse prestes a apagar.

— Por que você sempre aceita as coisas com tanta calma? Por que não briga? — Ele gritou, sua voz carregada de frustração.

Harumi o encarou, seus olhos refletindo a luz trêmula. — O que quer que eu faça, Sasuke? Fui eu quem terminou... você tem o direito de ficar com quem quiser. — Sua voz era suave, mas carregava uma dor que ela tentava esconder.

— Às vezes eu me pergunto se você já sentiu algo por mim, — Sasuke murmurou, sua voz baixa e rouca. — Fui eu que me apaixonei primeiro. Fui eu que te beijei, que pedi você em namoro... que esperei por você... — Ele parou, respirando pesadamente, como se suas próprias palavras fossem difíceis de suportar. — Eu...

Harumi sentiu a culpa pesando em seu peito. Quando aceitou o namoro, anos atrás, ela gostava dele, porém não podia dizer que estava apaixonada. E agora, apesar de seus sentimentos terem mudado, ela estava assustada demais para admitir.

A garota do time 7 - Livro 3Onde histórias criam vida. Descubra agora