Capítulo 38

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Jimin

— Você acha que ele vai gostar desse aqui? — perguntou Se-mi.

Na última semana, Se-mi vinha passando mais tempo desenhando em seu quarto de artes, criando novas obras-primas para pendurar em seu quarto, mas o maior projeto do momento era para JungKook.

Desde o episódio do terror noturno, ela vinha pensando em uma forma de fazer o pai se sentir melhor.

Ela havia passado muitas horas criando uma coleção de desenhos que eram lembranças da família para dar a ele, e aquilo era, de fato, a coisa mais atenciosa que eu já tinha testemunhado.

JungKook chegou de viagem naquela sexta.

Ele não disse nada, estava ao celular quando entrou em casa e foi direto para o escritório, fechando a porta.

Foi naquela tarde que Se-mi finalmente terminou sua obra de arte.

Nós tínhamos um tempinho antes de a Yorin passar para pegá-las para ficar com elas no fim de semana, e Se-mi estava mais decidida do que nunca, determinada a terminar os desenhos antes de ir.

— Pronto — anunciou ela, largando o giz de cera.

Ela pegou todos os desenhos e ficou olhando para eles.

Seus olhinhos brilhavam de orgulho.

— Estão perfeitos — comentei delicadamente, orgulhoso da dedicação daquela menininha à sua arte.

Havia muitas lembranças dela, da So-Rim e de seus pais, e aquilo tocava meu coração profundamente.

Eu ficava feliz por ela ainda se lembrar.

Depois que minha mãe morreu, eu tive bastante dificuldade em reter lembranças.

Ela se levantou com o maior sorriso do mundo no rosto e saltitou.

— Vou entregar pra ele agora! — exclamou ela.

— Não, espera, ele está traba... — comecei, mas ela já corria em direção ao escritório dele. — Se-mi, espera!

Corri atrás dela e a vi entrando sem pestanejar no escritório do JungKook.

A porta abriu tão rápido que bateu na parede e eu me encolhi.

— Papai! Papai! Olha o que eu fiz pra você! — gritou Se-mi.

Sua voz transbordava alegria, e ela não parava de pular.

JungKook se virou para a filha, o celular grudado na orelha.

Ele estava no meio de uma ligação.

Os olhos dele se arregalaram, chocados, e ele cobriu o microfone do aparelho com a mão.

— Se-mi, agora, não.

— Mas, papai! Eu fiz...

— Agora. Não! — sibilou ele, parecendo mais irritado do que nunca.

Os olhos dele se fixaram nos meus, e havia tanta raiva neles que eu dei um passo atrás.

Ele olhou para mim como se me mandasse, telepaticamente, fazer o meu trabalho se ainda quisesse ter um emprego.

Então, deu as costas para nós dois e retomou à ligação.

— Não, peço desculpas. Não é nada.

Não, JungKook. É alguma, sim.

É tudo.

Fui até Se-mi e coloquei as mãos nos ombros dela para tranquilizá-la.

Love From The PastOnde histórias criam vida. Descubra agora