Capítulo 52

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JungKook

— Papai, acorda! Já é de manhã e a vovó sempre faz panqueca de chocolate no domingo de manhã. — Se-mi entrou no meu quarto, bocejando. Eu estava exausto e poderia muito bem ter dormido mais algumas horas. Mas Se-mi continuou falando, e as palavras seguintes dela me fizeram abrir os olhos. — Por que o Jimin está na sua cama, papai?

Eu olhei para a esquerda, onde Jimin ainda dormia, num sono profundo.

Meu braço estava embaixo do corpo dele e, quando me ergui de leve, ele se mexeu.

— Se-mi, o que foi que eu te disse? Deixa o papai dor... Que porra é essa? — murmurou alguém, e eu sabia que não tinha sido a Se-mi.

So-Rim estava parada à porta, atrás da irmã, mas a expressão das duas era completamente diferente.

Se-mi parecia fascinada, ao passo que So-Rim parecia ter sido traída.

— Você e o Jimin? — sussurrou ela, perplexa.

— Não, não é o que parece — gritei, puxando o braço de debaixo do corpo do Jimin. — Jimin, levanta — falei, cutucando o braço dele.

Ele se mexeu ligeiramente antes de despertar de vez, e, no instante em que percebeu onde estava, no instante em que viu as meninas, o pânico transpareceu em seus olhos.

Lágrimas se acumularam nos olhos da So-Rim.

— Meu Deus! Você e o Jimin? — sibilou ela, furiosa dessa vez. — Como você pôde? — reprimiu ela. — Como pôde fazer isso com a mamãe? — gritou ela, e saiu correndo para o quarto.

— Merda — murmurei, me levantando da cama.

Se-mi olhou para mim bastante confusa.

— O que você fez com a mamãe, papai? — perguntou ela, coçando a cabeça.

— Nada, eu explico mais tarde. Fica aqui.

Corri até o quarto da So-Rim, mas a porta já estava fechada.

Eu tentei abrir, mas ela empurrava a porta do outro lado.

Vai embora! — berrou ela, e eu pude ouvir a dor em sua voz.

Apoiei os punhos no batente da porta.

— So-Rim... Não é nada do que você tá pensando — tentei argumentar.

Ah, então você não tava na cama abraçadinho com o maldito cuidador? — rugiu ela.

Hum... certo.

Ela estava certa.

Jimin apareceu, jogando o cabelo para trás.

Ele olhou para mim com o cenho franzido, então bateu de leve à porta do quarto da So-Rim.

— So-Rim? Sou eu, o Jimin.

Vai embora, seu vagabundo! — rosnou ela.

Abri a boca para reprimi-la pelas palavras, mas Jimin levantou a mão para que eu não fizesse isso.

Ele voltou a falar.

— So-Rim, sei o que você está pensando, mas...

Você é um mentiroso! Tudo que você faz é mentir! Você falou que se importava comigo de verdade, mas só tava falando isso pra conquistar o meu pai. Você não se importa nem um pouco comigo nem com a Se-mi.

— Isso não é verdade — rebateu Jimin com um suspiro.

A porta se abriu; o rosto da So-Rim estava coberto pelas lágrimas que escorriam sem parar.

Ela cruzou os braços e bufou.

— Então olha nos meus olhos. Se você não é mentiroso, olha nos meus olhos e me diz que vocês nunca dormiram juntos desde que você começou a trabalhar aqui.

Ficamos boquiabertos.

Não conseguimos dizer nada.

Então So-Rim começou a tremer mais ainda e fechou a porta de novo.

Vão embora! Eu odeio vocês dois. Eu odeio vocês. Eu odeio vocês...

Nós dois paramos de tentar abrir a porta, porque éramos culpados.

Eu, mais que o Jimin.

Eu tinha estragado tudo.

— Talvez você devesse ficar fora por um tempo — sugeri, sem conseguir olhar para o Jimin, mas já imaginando a dor em seus olhos. — Melhor a gente dar um tempo pra ela se acalmar.

— Se você não se importar, eu gostaria de esperar na casa de hóspedes por algumas horas, só pra ver se consigo conversar com ela mais tarde e explicar tudo.

— Tá, claro.

Jimin assentiu e colocou uma das mãos no meu ombro, tentando me tranquilizar, mas eu ainda não conseguia olhar para ele.

— Me procure se precisar de alguma coisa, Jun — sussurrou ele antes de se afastar.

Apoiei as mãos e a testa na porta e fechei os olhos.

— Me desculpa, So-Rim — falei, baixinho. — Me desculpa, me desculpa...

Inspirações profundas.

Pulsação errática.

Me desculpa.

Love From The PastOnde histórias criam vida. Descubra agora