Após a refeição. Bela, deixada pelo amo do castelo por sua própria compainha, passou daquele período vespertino ao tardío, por explorar às alas leste e sul do antro, cuja salas, cômodos e aposentos dessas, abrigavam riquezas e luxos de uma vida voltada á um intuito de valor externo e material, que os mesmos, agora pareciam componentes lúdicos de dias passados, porém, ainda vivos nas lembranças de alguém, uma única pessoa na face da terra que vivera e tinha ciência da história por trás de tudo aquilo, que resumia-se, num cenário imerso em solidão, um lugar isolado, bem alí, no final do mundo. Além do mais, não se tinha conhecimento do mesmo, até que Maurice, o pai de Bela, tivesse o seu caminho encruzilhado ao da "Fera".
De volta e ao centro do salão de entrada, lá estava Bela, debaixo da exuberância em cristais de um candelabro. Essa, retorna para a escadaria, e até mesmo chega a depositar sua destra sobre o corrimão, porém, o beijo gélido de uma passagem de ar contra o corpo dessa, lhe é perceptível, uma coceirinha ligeira á ponta dos dedos de sua mão esquerda, e que a conduziu voltar-se para às portas de entrada, de onde vinha não apenas uma brisa, mas a claridade alva, cuja a luz em fresta, tocava o chão.
A mesma, passeia com um olhar receoso pelos quatro cantos á sua volta, antes de seguir aquele rastro luminescente. Agora, com uma das mãos repousas á porta, a moça a reclina para fora vendo o que estava logo á frente de seus olhos frestados ao mógno.
A Fera, de costas para a mesma, era abraçado pelo fardo de sua capa, que em meio á neve de uma planícia alva, o negro daquela textura em veludo contrastava contraditóriamente.
De frente para um cavalo branco, o mesmo que trouxera a moça até o castelo, sua mão deslizava ao lado do animal, num gesto vagaroso e num intuito de um ato de carícia, que mais uma vez, contradizia á ríspidez das palmas de sua mão. Esse, nada dizia, não emitia nenhum som, porém, de alguma forma, algo, de dentro dele, parecia querer sair, talvez, uma outra face, um outro eu que estava longe dos olhos e do imaginário de Bela que apenas deduzia consigo, o que o tal pudesse estar pensando:
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" A ocasião festiva da "Coroação do Jovem-Rei" havia finalmente chegado, e os súditos, já em júbilo, aguardavam ansiosos para testemunharem o cortejo real. Quando os portões do palácio se abriram, o monarca surgiu montado em seu imponente cavalo branco, irradiando uma majestade que lhe saltavam os olhos. Suas vestes, eram de uma riqueza inigualável, como que num mar de ouro e azul, onde arabescos bordados dançavam sobre o tecido de sua túnica. A coroa que adornava sua cabeça, cravejada de pedrarias que cintilavam como estrelas capturadas do firmamento dos céus, refletindo a luz do sol em cada intricado detalhe. Do alto dos telhados e das varandas, as mulheres lançavam uma chuva de pétalas de rosas vermelhas, que caíam suavemente sobre o caminho de seu rei. Cada pétala, ao tocar seu rosto belo e porte altivo á medida em que acenava, parecia sussurrar as promessas de um reinado próspero e longínquo".
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Logo em seguida, o mesmo que deixara sua mão até o último segundo sob o lombo daquele animal, criara um novo rastro em meio á neve, que tinha destino certo, á estonteante roseira que mediante á claridade, pareciam ainda mais rubras, e que as tais em tese, interligaram á agora, estranha e impensável convivência de ambos.
Por mais uma vez, ele usava de suas mãos para conduzir um elo de ternura contra mais uma filha da natureza, a obra de um criador extremamente detalhista. Esse, se curvou mediante á uma dessas, e num suspiro profundo, trazia para dentro de si o ar perfumado de uma rosa. Bela, encontrava-se em conflito, aquela mesma criatura, fria em todos os seus modos aparentes, reduzidos em falas cortantes e grunhidos ferozes, parecia preocupar-se em manter viva a beleza daquela flor. Viva para afora de seus olhos e para adentro de si através de um aroma perfumado que exalava e o isolava em seu próprio mundo:
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A Fera & Eu
SpiritualInspirada na obra original de Madame Leprince de Beaumon. Convido você estimado leitor, á acompanhar essa releitura pertencente á um dos meus contos preferidos, adaptado de forma impecável pela produção cinematográfica de Walt Disney, "A Bela e a Fe...