Dinovena. - "Promete que volta?"

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⚠️ alerta gatilho: crise de ansiedade!⚠️

Eu havia voltado do estúdio quase às dez da manhã, acabei dormindo lá mesmo, quando cheguei em casa Nina ainda estava dormindo pois estava cansada da viagem de ontem.

Ela acordou umas dez e meia, aproveitei para ir na padaria e fazer um café especial para nós.

Minha linguagem de amor com certeza não é o toque, mas sempre gostei de fazer as coisas para aqueles que amo, me sentir útil ou agradar a pessoa e com as condições que tenho hoje, consigo proporcionar em maiores quantidades.

- Bom dia gatinha, senti o cheiro do café lá do meu quarto. - ela sorriu amigável e seu rosto ainda estava inchado pelas várias horas de sono

- Sinal que deve tá bom, né? - dei um beijo em sua testa e ela sentou na mesa se apoiando nos cotovelos

- Que horas a senhorita chegou ontem? - perguntou curiosa e eu sorri encapetada - Cê chegou hoje, né? Vadia.

- Faz quase meia hora. - dei um sorriso aberto e ela ameaçou a me bater - Desencosta piranha, desencosta. - falei brincando e ela se sentou novamente rindo

Depois de um tempo ela voltou para o seu quarto e ficou lá por um bom tempo, eu aproveitei para gravar alguns conteúdos, publicidades e mandar projetos para a minha acessoria aprovar.

- Ayanna, chega aí! - ouvi seu grito do segundo andar e subi as escadas cantando a música que tocava no meu fone

Marina tinha o computador ligado em seu colo e estava recostada na parede reclinada na cama, continha uma expressão séria mas ainda assim parecia surpresa com algo.

- Fala. - assim que li sua expressão, pausei a música e fiquei tensa - Desembucha, porra. - disse num tom mais sério

- Você não tá grávida não, né? - perguntei preocupada e ela riu

- Óbvio que não, você não vai ser titia agora.

- Não é óbvio, cê ficou na casa do Murilo sei lá quanto tempo era a coisa mais provável de se acontecer. - ela deu uma risada nervosa e eu fechei minha expressão

- Lembra daquele curso que eu tinha me candidatado lá na Itália? - concordei e meu coração disparou e eu me senti gelada - Eu passei.

Ali meu mundo caiu, não há palavras para descrever o quanto doeu mas ao mesmo tempo fiquei orgulhosa da minha melhor amiga. Ver ela realizando um dos grandes sonhos dela é uma das coisas mais lindas, mas ver ela indo para longe de mim sem nem ter a expectativa de voltar doía mais.

- É...é sério? - eu gaguejei e ela notou o meu nervosismo - Parabéns meu amor, você merece a Itália e o mundo todo. - essas palavras eram totalmente verdadeiras mas com certeza não eram para o momento

Eu abracei ela com toda a força que podia enquanto distribuía beijos pela sua testa. Queria mostrar para ela que estava muito feliz pela notícia mas infelizmente ela me conhece a muito tempo.

Esse curso duraria dois anos, para ser realista nenhuma de nós duas lembravámos dessa inscrição. Eu não consegui fazer mais nada, não disse mais nada depois que a parabenizei.

Ela estava no canto da cama com as costas encostadas na parede, ainda com a mão no rosto. Eram audíveis seus soluços em meio às lágrimas e como uma covarde, minha única atitude foi sair do quarto.

Fui até a cozinha, peguei um Toddynho e esquentei no micro-ondas, liguei a TV e fiquei lá tentando processar tudo o que tinha acabado de acontecer.
Aquilo era dolorido, parecia que meu corpo sangraria a qualquer momento e depois de ter certeza que finalmente teria alguém comigo, a história se repete novamente.

Depois de alguns minutos ela saiu do quarto, se sentou ao meu lado no sofá, calçou os sapatos, me deu um beijo na testa e saiu porta afora.

Naquele momento eu chorei que nem uma criança, eu estava destruída, destroçada e desesperada. Meu corpo se contorcia e tremia, meu coração disparava e minhas unhas fincaram na parte interna do meu braço fazendo o sangrar. Eu suava frio, com certeza estava pálida, me faltava ar, me faltava cor e ela faria falta.

Eu tinha a total certeza que aquele curso era o que ela mais sonhava, almejava e desejava, não poderia ser egoísta e mandar ela ficar mas eu pagaria o quanto fosse necessário para ela não ir.

Sentiria falta dos nossos momentos, de seus sorrisos matinais, das nossas noites das meninas, de seu bom humor e a alegria em meio a minha chucreza ou mau humor. Eu sentiria sua falta.

Depois de uma semana o apartamento está a vendido junto com os carros e as coisas que não ela não levaria. Apenas no seu penúltimo dia eu a vi, inclusive escolhi não me despedir e nem levá-la ao aeroporto, seria doloroso demais para nós.

- Eu te amo, te amei e para sempre vou te amar. Muito obrigada por ser você, por ser minha melhor amiga e por me aceitar do jeito que eu sou. - sorri em meio às lágrimas - Sou muito grata por te ter do meu lado, pela sua vida e pela sua amizade. - limpei algumas lágrimas que insistiam em cair - Vai lá meu amor e brilha, brilha como a estrela que você sempre foi.

- Eu não queria ir mas você sabe o tamanho disso para mim. - ela falou chorosa - É a oportunidade da minha vida, de fazer a minha carreira na moda.

- Casa com o Bask, tá? Esse pretinho te quer muito, ele me contou que te horrores. - ela comentou tentando aliviar o clima e eu dei uma risada anasalada mas nem tinha prestado muita atenção ao fato

- Promete que volta? - ela concordou com a cabeça e nós caímos no choro enquanto nos abraçavámos - Vai Marina Alencar, faz teu nome meu bem.

Nos despedimos, choramos demais mas eu tinha a certeza que ela voltaria.

Me sentei no chão da sala e comecei a reparar que a casa ficaria vazia, sem alma, sem cor e sem vida. Havia apenas um silêncio doloroso e alguns resquícios de dor que eram palpáveis, se não fossem as patinhas do pequeno Ruger não haveria barulho nenhum.

Minhas lágrimas caíam descontroladamente, a dor que senti foi semelhante a perda da minha irmã pois novamente era um pedaço de cor que era tirado de mim.

Acabei dormindo no tapete da sala de tão exausta que estava por causa do choro incessante e quando acordei e me lembrei que ela não estava mais lá, a dor voltou.

- chorei fazendo esse capítulo, quero muitos comentários em compensação

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- chorei fazendo esse capítulo, quero muitos comentários em compensação.

- Perdoem por desgraçar a vida da Aya, mas isso será necessário pro futuro da estória.

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