Lembram que eu falei sobre os rolês que o pós Aldeia tem? Pois bem, depois da vitória de Magrão nós decidimos ir para a mansão e fazer uma resenha intimista lá.
- Quando eu cheguei lá ele tava todo torto e rindo pra caramba. - Bask contava algo e todos ao redor riam
Naquela noite nós trocamos alguns olhares mas não passou disso. Todos estavam envoltos na atmosfera leve e tranquila que ali habitava, eram risadas e conversas paralelas faziam parte dos sons do lugar.
- Vocês vivem falando desse lugar aí mas nunca me levaram, aí é foda. - me referi a The Fall
- Ah Ki, é que essa época já passou e agora geral tá indo pra lá até mesmo os fãs. - Alva comentou
- Eai minha família, como que vocês tão? - uma voz familiar surgiu junto com pequenos passos que pareciam de criança, olhei para trás e vi Salvador com a Kayla
Desde a minha volta ainda não tinha trombado com ele. Nós éramos muito parceiros em 2019 e também criei muito amor pela filha dele, Kayla.
- Ora ora quem está aqui, se não é a sumida dessas porra toda. - ele falou brincando e sorriu logo fazendo um toque e me abraçando - Achei que não voltava nunca mais.
- O plano era esse mas não deu muito certo. - descontraí e ele riu - Oi meu amor, quanto tempo! - fiz uma voz mais fina e Kayla sorriu
- Dá oi pra tia Kieza, cê ainda lembra dela? - Salvador perguntou amoroso com a pequena que confirmou com a cabeça
Ela me abraçou e sorriu feliz enquanto mexia em um dos meus cachos que estavam soltos. Todos ao redor se derretendo em ver aquela cena fofa, depois de tantos anos ela ainda lembrar da minha pessoa.
- Você tá gigante, eu lembro você pequenininha. - falei fazendo carinho em seus ombros
Depois de um tempo conversando com todos minha bateria social diminuiu drasticamente então peguei um baseado bolado e fui até o jardim da casa. Coloquei meus fones que tocavam algum beat aleatório de drill e comecei a escrever algumas rimas no bloco de notas.
-Eu luto para que minha casa não caia, a colmeia não de produzir e peço pra minha mãe rezar por mim toda vez que vou sair. O sorriso se perde com o vento mas existem certas coisas que precisam de tempo, talvez nunca entenderemos o motivo e o momento. - parei e pensei em algo que se encaixasse no verso
- Impressionante, tu manda muito. - uma voz surgiu atrás de mim e eu sorri com o elogio
Logo pausei o som que tocava e retirei meus fones, me virei para trás e o dito cujo estava ali parado como se estivesse na lua. Depois que olhei para ele, o mesmo se sentou na grama e sorriu de canto.
- Parece que você me evita, ou que eu sou um b.o pra você. - comentou simples
- Tô voltando agora, até pouco tempo atrás eu não fazia ideia de quem você era e você sabia quem eu era, ainda é estranho pra mim.
- Falaram alguma coisa de mim pra você? - eu neguei com a cabeça
- Mas me disseram outras coisas, por exemplo que você tá interessado em mim. - falei e fiz cara de sonsa mas prestei atenção na sua linguagem corporal para saber como ele reagiria a esse fato
- Os cara inventa demais - falou rapidamente tentando negar a situação - Tudo bando de desocupado e fica falando dos outro'. Ficam zé povinhando.
- É, talvez seja isso mesmo. - menosprezei - Mas quando o Apollo for terminar o álbum tu pode encostar lá, sem problema nenhum. - sorri cínica
- Você não tinha brigado com o mano?
- Sim, mas amigos amigos e negócios a parte. Você me entende, né?
Eu adorava mexer com as pessoas, criar uma tensão que era perceptível e depois fingir que nada aconteceu e sair de cena ilesa, mexer com o psicológico ou saber que a pessoa tem interesse em mim.
Uma das formas era pela forma de falar e de agir, seja ela fazendo perguntas retóricas ou provocando com coisas simples mas perceptíveis apenas entre nós dois, até mesmo arrumando o cabelo na presença da pessoa ou olhar de uma forma diferente.
- Óbvio. - respondeu certeiro e com a voz firme, agora parecia confiante - Se tô recebendo convite da própria dona então quando ele for eu vou com ele. - eu confirmei
Ficamos um tempo jogando conversa fora enquanto eu terminava de fumar.
- A única vez que eu dei um pega me deu crise de ansiedade, nunca mais fumei. - comentou e eu olhei surpresa
- Que merda, nunca aconteceu isso comigo mas deve ser ruinzão. - ele respondeu com um "é mesmo" e depois voltamos ao ambiente que todos estavam
Fiquei observando e absorvendo um pouco daquela energia alegre e única que apenas as pessoas ali presente podiam fazer mas reparei Barreto quieto em um canto do sofá mexendo no celular, algo que não é de seu feitio.
- Barro, vem aqui. - cheguei perto do seu ouvido e sussurei, ele me olhou assustado mas levantou
- Você tá bem? Vi que tá meio borocoxô, quer conversar? - falei tentando parecer acolhedora pois realmente me importava com o sentimento do homem
- Não tô num bom dia, triste e estressado com o trampo. Em resumo é isso mas não vou ficar te alugando não. - ele forçou um sorriso
- Ei, tô aqui para te ouvir a menos que você não queira falar mas perguntei pois quero tentar te ajudar, tá tudo bem ter dias ruins.
- É normal eu falar isso para as outras pessoas e não ouvir. Que estranho.
- Somos humanos, temos sentimentos e eles oscilam, que mal tem em receber uma palavra amiga ou apenas um conforto? - acariciei o ombro dele que sorriu
Ficamos uma hora e meia conversando, ele chorou, me fez chorar e gargalhar também, disse que se sentiu aliviado por ter alguém que podia conversar sem ter que ser alegre sempre e que as vezes isso o chateava um pouco.
O clima estava amistoso e todos se divertiam, eram inúmeros assuntos que mudavam a cada minuto mas estar com eles era como estar na minha casa, eles eram o meu lar.
Guri brincava com Kayla, jogando ela para o ar, correndo atrás dela e fazendo cosquinhas, Barreto fazia alguma dancinha aleatória no meio da sala. Eu estava sentada do lado de Bask que mantinha uma postura firme e confiante, ele tinha um dos braços encostados atrás de mim e o outro tinha bebida de origem duvidosa.
- Da onde saiu essa bebida? - perguntei num sussuro para ele
- Alva que fez, nem eu sei direito mas vamo procurar. - ele pegou em meu pulso e me arrastou até a cozinha
- Caralho, achei! - falou alto e sorriu com uma garrafa de vodka na mão - Achei que tinha acabado mas tá aqui.
Ele fez um copo pra mim e ficamos conversando um pouco sobre a vida ali no balcão mesmo.
- Querido diário, estou apaixonada. 🤍
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RETALHOS - Bask
FanfictionApós um longo tempo focada em sua carreira musical, Ayanna ou melhor, Kieza mc decide retornar às suas origens, as batalhas de rima. Entre velhos e novos conhecidos um em específico a chamou atenção, Jorge Bask. "Acho que minha vida é isso... 'uma...