Vierter. - Fael.

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Entrei no banheiro, estava lavando minhas mãos na pia até ouvir a porta abrindo e ver a imagem do Fael.

Ele veio até mim e me beijou, aquilo parecia o último beijo do mundo como se tudo fosse desmoronar daqui a dois segundos, era um beijo diferente dos outros algo jamais sentido. Era lento e cheio de tesão, sabia que aquilo não acabaria bem.

Fez questão de me colocar em cima da pia para que pudesse ficar mais alta do que ele e com as pernas trouxe ele para mais perto de mim, a força com que segurava minha cintura dava mais emoção aquilo e com certeza ficaria a marca mais tarde.

Com delicadeza ele fez menção a tirar minha blusa, mas empurrei sua mão gentilmente para baixo e pude sentir uma leve frustração em seu rosto.

- Quê? - me sentei na cama num pulo - Isso foi um sonho? Que brisa. - passei a mão no rosto e notei que estava suada apesar do ar condicionado estar ligado

Eu realmente não tinha entendido aquele sonho, talvez tenha sido um reflexo da conversa que tive com ele na noite passada. Peguei o me celular e vi que eram cinco e meia da manhã.

Fiquei me remexendo na cama para tentar dormir mas foi uma tentativa frustada, pego meu celular novamente e abro no Instagram, me deparando com inúmeros edits de fã-clubes meus e todos os vídeos eram eu e o Fael.

- Algoritmo filho da puta! - bati na cama - Como caralhos você sabe do meu sonho?

Abri minha cômoda e peguei um baseado bolado, acendi e traguei me permitindo sentir a brisa, rolei o feed vendo vários fãs, fã-clubes e páginas de rap comentando a minha vitória juntamente ao Kant, curti todas e repostei algumas nos stories.

Me deu um pico de energia e decidi ir para a rua, nem eu sabia o que iria fazer mas tinha certeza que precisava sair de casa.

Peguei minha mochila preta com caps, latinhas e alguns stencils para poder pixar, vesti o moletom mais antigo que eu tinha, meu Vans, os fones e o skate.

Consegui encontrar um café aberto e comprei um expresso com pão de queijo, o moço que me atendeu foi um fofo e me reconheceu, tiramos uma foto e fui embora.

Achei um muro livre, fiz alguns personagens, frases, aproveitei para testar novos estilos e lancei minha tag. Era difícil passar polícia nesse horário, ainda que o muro era isolado.

Voltei pra casa na mó paz, acendi outro beck e decidi ir para academia. Subi no apartamento, coloquei uma roupa um pouco mais apropriada e um tênis que não tivesse tão desgastado.

Quando retornei ao apartamento Marina ainda não tinha acordado, relógio marcava sete e de, decidi lavar meu cabelo.

Sai do meu quarto e trombei com a Marina, ela não falou nada e apenas se dirigiu a varanda.

Fiz o café, fiz uma tapioca recheada pra ela e fui levar pra mesma.

Entreguei para ela, deixei um beijo na testa. Não esboçou nenhuma reação, não queria forçá-la a dizer nada então fiquei quieta apenas comendo e apreciando a paisagem.

Meu apartamento é um duplex, gigantesco. Na varanda onde estávamos dá pra ver grande parte do nosso bairro, Barra Funda. Ali é bom de morar, tem muitas casas noturnas, tem muito da cultura Hip-Hop e facilita o acesso aos outros lugares de São Paulo por ser no Centro.

- Tô meio pá. - em meio ao silêncio ela se pronunciou - Por causa do bagulho de ontem, saca?

- Qual motivo?

- Sei lá, me senti fraca e impotente. Ele disse na minha cara que queria sair comigo por causa do meu corpo. Pareço que eu não valho nada. - notei uma lágrima escorrendo de seu rosto

RETALHOS - BaskOnde histórias criam vida. Descubra agora