Capítulo 35 - A grande mestra Morang(2)

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No dia seguinte à competição de culinária, no período da tarde, logo após o almoço eu segui Morang até um dos anexos de sua mansão.
Do lado de fora parecia um grande depósito, mas quando entramos era como uma grande ferraria. O chão de ladrilhos de cor azul marinho destoava das paredes com acabamentos de madeira.
A sala era uma mistura bizarra de elementos modernos com elementos medievais. Começando pelo canto mais longe era uma sala de alquimia, diversas prateleiras e estantes com livros, beckers, algumas amostras de plantas estavam um pouco desorganizadas sobre a mesa, e a maioria dos materiais raros estavam uma caixa mágica organizadora.
—Eu estava estudando um pouco sobre algumas ervas raras, então a sala de alquimia está um pouco desorganizada, mas é só dessa vez que tá assim tá?
Morang comentou balançando um pouco as mãos, acho que foi a primeira vez que eu vi algo "desorganizado" vindo dela.
Do outro lado da sala subindo dois degraus pequenos estava uma ferraria, na parede um grande quadro com uma Nagitana com detalhes dourados de um loong entalhados criando um relevo em sua madeira e uma lâmina branca translúcida como vidro. Diversas ferramentas estavam penduradas nas paredes, uma forja consideravelmente grande, no entanto uma coisa me intrigou, ambos o rebolo e uma bigorna vermelha vibrante se destacavam, mas na parte de cima continha uma camada de... Vidro?
—Eu estou vendo você encarar a minha bigorna de Oricalco enriquecido por 10 milênios com um rosto de duvida, já que vamos usar muito eles é melhor você perguntar.
—Essa camada estranha por cima das ferramentas, o que exatamente é isso? Parece com vidro, mas não faria sentido ter vidro em cima de algo tão nobre quanto Oricalco.
—Isso, é um minério bem pouco conhecido, extremamente difícil de usar e quase não existe pra vendas e por isso é bem raro também. Ele é conhecido como Ora, ele tem uma densidade quase nula, mas ganha em condutividade rúnica e resistência geral de todas os outros minérios além de ter a maior dureza da natureza.
Morang tentava gesticular com as mãos enquanto me explicava.
—Mesmo você só tem ele em quantidades bem pequenas nesse local então ele deve ser bem raro.
—E bota raro nisso. Se eu encontrasse alguém que vendesse ou algum lugar onde tivesse disponível eu mesma ia lá e minerava.
—Ok, agora consigo sentir o quão forte e raro é algo que faria uma pessoa com status infinito simplesmente mudar de profissão pra minerador.
Soltei uma risada provocando que estufou um pouco as bochechas e voltou a falar:
—Eu só tenho um pouco por que a minha filha com a sua função como líder de guilda conseguiu achar. Até por que esse mesmo minério também é usado em equipamentos de medição de força das guildas que foi fornecido pela amarelinha.
—Tinha um sistema de medição de força?
Morang ficou um pouco confusa com a minha pergunta.
—A Katherine não seguiu o protocolo padrão de medir a sua força antes de fazer você assinar o contrato não?
—Pelo que ela falou, quando eu cheguei na guilda eu sofri de uma quebra de cenário, e estava um pouco confuso, estava difícil organizar os pensamentos, ela só pegou uma folha, furou meu dedo e me fez assinar o contrato.
Morang colocou a mão direita no rosto olhando pra baixo um pouco desolada.
—Ela... Ah... Deixa pra lá, agora já foi, você já até está dentro dos cenários e não tem como mudar isso... Eu vou puxar a orelha dela depois.
—Essa medição era algo muito importante?
—Um pouco, sabe... Só um pouco.... —Morang suspirou e continuou a falar. —Uma esfera de Ora pode ver os limites de crescimento dos seus status, se você chegou a ver os status da Katherine estão todos em 400, esse é o limite dela enquanto alcançar um posto de transcendência. Não importa quantas runas, acessórios ou equipamentos ela use é impossível mudar esse limite e ele é relacionado a raça que você nasceu, normalmente os humanos estão entre 100 a 150...
—A quantidade de moedas necessária pra aprimorar tanto os atributos é muito grande, então não era uma prioridade para mim em um primeiro momento, mas já agradeço por você ter me avisado.
Morang suspirou mais uma vez e mudou de assunto olhando para mim com um olhar complacente.
Ela encostou a mão em uma caixa de madeira e uma espada verde extremamente brilhante verde apareceu.
—Antes de começarmos, eu gostaria que você me mostrasse até onde você consegue chegar, essa espada está bem gasta entao vai servir, quero que você use apenas itens equivalentes ao que você já conseguiu no cenário.
Ela colocou uma pedra rúnica vermelha sobre a mesa, eu subi os pequenos degraus, senti algo estranho como se passasse por uma barreira, mas apenas coloquei uma mão sobre eles e os inspecionei:

[Espada de Mitrill refinado ‹Excelente›]

Descrição: Uma boa peça, feita por um bom artesão, possui uma boa  condutividade rúnica, mas é só isso. Ela só é uma espada afiada com muitos slots de encantamento.
Raridade: Mítico

**
[Pedra de runa vazia avançado]

Descrição: É uma runa vazia e sem efeitos, como se alguém forçasse a retirada dos seus efeitos.
Raridade: Mítico
**

Com muito espanto eu olhei para os itens e perguntei a Morang:
—Você está me dando dois itens com raridade máxima apenas para "testar meu potencial"?
—Sim, não se preocupe em sequer explodir a espada, não vai fazer falta. É só sucata de Mitrill. Se você não conseguir completar os slots pra fazer ela explodir também não tem problema eu posso só limpar os encantamentos no rebolo ali do lado.
—Eu ia comentar isso agora, testar os limites de um material normalmente explode ele, e uma explosão de grau mítico provavelmente vai me matar já que não estou tão resistente ainda.
—Você notou uma sensação estranha quando você entrou nesse cômodo?
—Sim, parecia uma barreira.
—Essa área da minha casa é a mais protegida o possível, se não provavelmente não conseguiria manter esse mundo tão fácil, já que teria que reconstruir algumas coisas muitas vezes.
—Imagino, o processo de aprender os limites de materiais tão insanos devia gerar explosões muito grandes.
Morang olhou pra cima suspirando como se lembrasse de uma cena cansativa e suspirou.
—Quando a Katherine era mais nova lá pra uns 7 milênios de idade ela tentou aprender a escrita rúnica... Bom... —Morang colocava a mão no rosto novamente quase com vergonha daquela memória — Ela falhou miseravelmente explodindo a minha casa inteira algumas vezes... Foi cansativo só de lembrar isso, é por isso que eu criei essa barreira. Mas ela era uma criança tão fofa. Dava pra ver que ela estava empenhada mesmo gastando uma fortuna a cada tentativa.
O misto de vergonha e nostalgia circulavam as frases dela enquanto falava sobre sua própria filha, eu rapidamente me lembrei de Yerin, e a forma como eu sempre a via feliz andando pela base, mesmo quando eu ensinava coreano e russo para ela, sempre que aprendia algo novo irradiava um sorriso brilhante de ponta a ponta do rosto...
Acho que consigo simpatizar ainda mais com Morang por isso, um bom pai ou mãe sempre deveriam apoiar o crescimento dos seus filhos.
—Você aparenta ter um ótimo relacionamento com a Katherine.
—Ela é meio apegada demais a mim às vezes, mas é realmente uma fofura quando fica toda tímida do nada e tenta com todas as forças mudar de assunto ou recusar finalmente tudo o que eu falo.
—Acho que consegui notar isso, ela tem um tom de rebeldia e é imprudente as vezes.
Como quando ela falou pra mim pra ficar longe da Yulises e acabou tomando um choque do sistema de plausibilidade, talvez até a Yerin em algum momento tivesse a sua fase adolescente... Eu não consigo nem imaginar algo assim.
Eu soltei uma leve risada para esconder a tristeza daquela memória e estourei a pedra rúnica com o som de um estalo seco para limpar a minha mente naquele momento, instantaneamente a poeira já estava no meu inventário.

Eu não sabia a exata proporção dentro do sistema então apenas repliquei o que já sabia.

Coloquei a poeira rúnica em uma travessa de vidro e cortei o lado direito do meu pulso para deixar cair o sangue sobre a poeira até que brilhasse, Morang apenas observava todas as minhas ações sem julgar ou mostrar qualquer feição.

Eventualmente meu sangue coagulou e a poeira rúnica se estabilizou e virou tinta.

[Você adquiriu tinta rúnica‹Lendário›]

Por um momento eu me questionava, eu usei uma pedra rúnica mítica e só consegui uma tinta lendária? Acho que não tenho como replicar a tinta de 9 efeitos feita com a espinha da primeira calamidade tão fácil.

Retirei a pena dos canários errantes do inventário e Morang a fitou por um instante, parecia que aquela pena era mais interessante do que a própria escrita que eu estava fazendo, mas me concentrei e comecei a escrever sobre a espada.

7 efeitos. 14 efeitos. 21 efeitos... A tinta que escorria da pena começou a ficar muito mais quente do que o normal mas eu continuei escrevendo. 28 efeitos, 35 efeitos a caneta e a espada começaram a se desestabilizar quando fui escrever no sexto slot Morang segurou minha mão.

—Pare. Você vai explodir esse local.

Why Gods Are So DumbOnde histórias criam vida. Descubra agora