[Recomeço forçado - Cenário próprio 0]
Dificuldade: D
Tempo: 90 dias
Recompensa: Ser reconhecido pelo sistema
Falha: Morte**
Estava com a minha mochila a postos. Com a perna esquerda, chutei com uma força considerável, já que a porta estava emperrada, e consegui abri-la o suficiente para sair.Quando saí do avião, andando em meio a alguns maciços rochosos, fiquei abismado com a paisagem surreal que se revelou. Eu não conseguiria chamar o "treco" em que meu avião bateu de montanha.
Mesmo estando no ponto mais baixo, eu não conseguia ver o topo, nem o final em linha reta. Atrás de mim, havia uma grande cadeia de montanhas que formavam quase uma parede, e à minha frente, algumas colinas e planaltos com árvores não tão próximas, além de um enorme rio que cortava o mapa, saindo de uma cachoeira que vinha das montanhas.
Mas, definitivamente, aquela parede de montanhas atrás de mim me incomodava. Era como se alguém, de propósito, tivesse erguido uma barreira não natural. Na China, no parque Zhangjiajie, as montanhas cilíndricas eram espaçadas; aqui, era como se fosse uma única grande parede.
Deixando esses sentimentos de lado, utilizei o zoom da câmera do meu celular para procurar algo que me remetesse à civilização. Encontrei alguns animais silvestres, monstros de rank 10 do tipo slime e pequenos golens, mas nada próximo de humano. Se eu seguir o rio, em algum momento devo chegar a alguma civilização ou pelo menos sinais de vida humana. A mata não era muito densa; no máximo, eu precisava tomar cuidado com animais e monstros fracos.
O ambiente transmitia uma sensação estranha de tranquilidade, e se não fosse por essa enorme parede de montanhas atrás de mim, provavelmente eu não estaria tendo sensações tão estranhas.
Comecei, então, a descer as rochas até chegar mais perto da margem do rio. Eu tinha água potável e alguns snacks que sobraram no avião. Vou guardar as embalagens de plástico; talvez a reciclagem possa transformá-las em itens úteis.
O rio tinha uma correnteza bem forte desde a nascente até esse ponto, mas ainda seria possível entrar nele se precisasse atravessar. Melhor eu começar a andar.
Do Dia 1 ao 10
Eu caminhava de dia e, à noite, acampava próximo ao rio. O terreno era bem sinuoso, mas, devido ao meu treinamento militar e alguns dos equipamentos que retirei do avião, acho que avançava cerca de 30 km por dia. Alguns dias, menos; outros, mais.Quanto aos monstros, eu raramente encontrava algo grande, sempre tirando um tempo para observar os arredores. E, absolutamente nada de estruturas humanas, apenas mais e mais árvores, algumas partes ficando bem mais densas do que outras.O evento mais curioso foi quando, após matar um pequeno slime, apareceu uma notificação:
[Você ainda não está registrado em nenhum servidor, portanto, não receberá recompensas ao matar monstros no mundo aberto.]
Do Dia 10 ao 30
Meus mantimentos básicos acabaram, então fui forçado a caçar comida para sobreviver, o que diminuiu muito o ritmo da minha caminhada. Por sorte, tanto o rio tinha muitos peixes quanto alguns monstros javalis de rank 9 estavam na floresta.
Como eu tinha mais tempo para pensar, decidi tentar algumas coisas básicas relacionadas ao sistema. Se eu colocasse o dedo no meu pulso, algo como um cartão de identidade aparecia. Era diferente de quando eu abria a minha própria janela de status; o principal aqui era que ele continha um "histórico criminal" embutido.
Por mais que esse histórico ficasse à mostra, acho que deveria ser algo parecido com o que eu já conhecia: desde que o ato criminal fosse sustentado pela lei do país, não seria registrado, e se o crime fosse em prol do cenário, também não apareceria. Outro ponto falho era que, se a ação fosse justificável, como matar um criminoso, também não seria registrada no histórico.
Eu ainda não conseguia realizar nenhuma escrita rúnica, e minha classe, que estava oculta, me incomodava.
Mas, aleatoriamente, acabei descobrindo que posso utilizar a loja do sistema. Se eu fizesse um movimento específico com a letra 'V' e 'C', o pop-up da loja abria, e eu conseguia ver diversos produtos, principalmente armas para iniciantes. Alguns conjuntos custavam em média 250 moedas, mas outros facilmente passavam de 5 mil. A loja também tinha itens extremamente diversificados, desde consumíveis que poderiam aumentar meus atributos temporariamente até equipamentos do dia a dia. Existia uma segunda aba ao lado da loja de moedas, mas, se eu tentasse abri-la, apareceria a mesma mensagem que surgiu quando matei o primeiro monstro.
Por fim, descobri que posso aprimorar meus atributos usando moedas e vender itens. Meus equipamentos atuais são bons e não pretendo trocá-los de imediato, mas vender itens por moedas pode me ajudar bastante no futuro.
Também notei, por curiosidade, que o sistema tinha uma bolinha indicando o preço recomendado de cada item. Cada pente de munição valia em torno de 50 mil moedas. Realmente, considerei vender um ou dois desses pentes e investir na melhoria dos meus atributos, mas, olhando para a loja de moedas, percebi que pólvora ou armas de fogo não estavam à venda. Isso me fez decidir por não vender nada no momento.
Eu precisava encontrar logo alguma estrutura humana, qualquer que fosse. Dessa forma, já me sentiria aliviado. Por mais que os monstros na área fossem fracos, talvez por isso não houvesse humanos, pois não fazia sentido caçar aqui. Mesmo assim, era estranho eu ter andado mais de 800 km e não encontrado absolutamente nada.
No dia 40, enquanto eu caminhava e mexia na loja, apareceu uma notificação:
[Você andou 1000 km no Grande Continente Central. Agora, na loja, você pode encontrar um mapa interativo detalhado da região por 2500 moedas.]
— Uh... 2500 moedas é bem mais do que eu tenho, mas estou cansado de andar sem ver nenhuma intervenção humana... Mas, pera... Mapa interativo?
Eu me lembrava das premiações dos cenários; normalmente eram horríveis. Talvez eu precisasse chegar ao terceiro cenário para conseguir dinheiro suficiente para esse mapa, mas era algo alcançável.
"Se eu vendesse um dos pentes, acho que conseguiria o dinheiro para o mapa e ainda aprimoraria um pouco meus atributos, para algo próximo do que eu tinha no cenário 9", pensava enquanto caminhava.
— Espero que não seja uma decisão irreversível. Não posso arriscar muitas vezes assim, já que não é garantido que será fácil produzir pólvora.
Abri a aba da loja de moedas do sistema e coloquei à venda, usando o preço estimado de 50.000 moedas, um dos cartuchos da M4. Hesitando por um momento, tomei a decisão final de colocá-lo à venda.
Existiam duas formas de venda: direta, para o sistema, ou leilão. Como eu não conseguia usar o leilão, consegui vender para o sistema por 54.609 moedas, que era o limite que ele pagava. Havia um juro considerável oculto nas informações detalhadas, mas agora eu entendia por que o valor aproximado era 50.000, permitindo ajustes superiores.
[Você realizou a primeira venda.]
[Você recebeu 50.000 moedas.]
[Você foi promovido a ‹Bronze› na loja do sistema. Agora, você pode acessar conteúdos mais amplos. Juros menores serão desbloqueados ao chegar em ranks superiores.]
— Isso é o suficiente. Esse sistema... Se eu não soubesse o mínimo sobre juros, nunca perceberia que o valor estimado é o que posso receber, e não o que posso colocar. Hora de colocar a mão na massa.
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Why Gods Are So Dumb
PertualanganEm um mundo pós apocalíptico o sistema surgiu, administradores capazes de criar cenários desfavoráveis e com poucas recompensas tornaram até mesmo os seres humanos escassos. Leon Wolf o braço direito do grande império russo aos 39 anos após viver...