Capítulo 19 - A primeira história(2)

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Enquanto eu descia a última escadaria adentrando mais e mais na neblina, e apenas escutava o barulho dos meus passos, a neblina que me abraçava agora era densa como o luto, e a aura opressora me lembrava dos massacres injustos da guerra.
Eu segurava fortemente minha lança até que com mais alguns passos a neblina desapareceu completamente e eu estava diante da grande sala de selamento da família Ômega.
A paisagem que surgiu era triste e ameaçadora ao mesmo tempo, no chão estava uma fina camada de não mais que dois sentimentos de água cristalina que refletia o cinza da neblina acima da minha cabeça.
Era como uma pequena lagoa incapaz de refletir a luz solar. O chão, abaixo da água era liso com um espelho e reflexivo, mesmo que eu pudesse ver as rachaduras, era como se existisse em vez de estar debaixo da terra eu estivesse no acima de grandes céus quebrados e nublados, como se a própria água me passasse junto da cena uma sensação profunda de tristeza.
A grande sala redonda possuía no exato meio uma marcação triangular, runas de selamento com três círculos da largura de uma pessoa de braços abertos nas pontas de um único triângulo.
No meio desse triângulo um enorme esqueleto de dragão que foi perfurado pela água que estava no chão bem no coração, a água dessa fonte fluia ao inverso, subindo até a névoa que estava acima de mim.
Mesmo morto, o dragão ainda emanava uma aura de superioridade e absoluta, um verdadeiro monstro de grau 1.
O esqueleto de dragão estava em posição fetal, como se o dragão tivesse sofrido até a morte mas na ponta da sua calda enrolada que se combinava a água que fluia do seu coração para cima  existia uma gema azul que emanava um enorme poder de luz, era a fonte da neblina, e a fonte do poder estranho que fazia essa água estar agindo contra a gravidade.
Uma notificação vermelha pulsou em minha visão quando pisei na água.

[Você acessou uma das 7 zonas proibidas do cenário: a primeira área de selamento dos Ômega, onde repousa a maldição que aflige Surang von Ômega, a grande dragão branca do lago, a única entre eles que não traiu.]

[Devido à interação com cenários secretos e complementares, e à limitação de plausibilidade, a tribulação do Lago: Luz Refletida, originalmente criada para impedir que jogadores concluam o cenário, será substituída por uma versão de plausibilidade compatível. ]
[Um cenário único será emitido.]

[O Último Desejo dos Vulpes - Cenário único]

Descrição: Corrompida pela traição e pelo advento da calamidade que atingiu seu deus, a tribo vulpe sucumbiu ao declínio. Com um ultimato, de dor e arrependimento, ■ von Ômega decidiu selar os vulpes por toda a eternidade ao lado de seu deus caído, permitindo que expiassem seus pecados. Agora, após milênios de tormento, eles anseiam pela morte definitiva como única forma de redenção.

Dificuldade: S+

Recompensa: A ser calculada.

**

—Agora quase tudo ficou claro. - O pouco que eu li, muitas informações se encaixaram e consegui deduzir o que estava por vir.
O motivo pela sensação estranha de tristeza que percorria naquela sala, e o motivo pela névoa acima, essa civilização ter tantas informações mesmo que tenha sido selada.
-Tudo era porque eles devem ter sido os últimos, que apenas sofreram danos colaterais da traição.
Em cada ponta do triângulo, dentro dos círculos, uma forte fonte de luz surgiu, e em cada ponta havia uma raposa de três caudas de cor diferente, uma raposa dourada com marcas pretas que penetravam a sua pele derretendo os tecidos, ela se agachou e se enrolou com as patas sobre as orelhas, sofrendo de dor e ficou de olhos fechados no mesmo lugar em posição de bolinha.
As outras duas raposas eram uma raposa branca que metade direita do seu torço tinha sido parcialmente corroído só sobrando os osso.
Alguns pedaços de carne do seu corpo ainda emanavam uma aura negra parecida com a da raposa dourada só que mais fortes. E outra raposa com detalhes de corrupção no lado oposto do corpo da branca, mas o pelo dela em vez de ficar negro nos pontos onde havia corrupção estava branco.
A raposa Branca possuía sua boca costurada, por fios dourados, enquanto a raposa negra era totalmente cega.
Aquela cena era desconfortável, e me fazia questionar o que aquelas raposas a minha frente não eram só monstros comuns que eu enfrentava, eram seres conscientes, guardiãs trágicas de um ciclo de dor e devoção permanentes.
A raposa dourada começou a falar para o vento como se revivesse uma memória dolorosa.
—Sua monstra, nós já sofremos o bastante! Pelo menos deixe a nossa deusa em paz!
Eu que estava em guarda comecei a andar suavemente em direção a raposa dourada.
—Nós, nós, nunca fizemos nada errado então me diga, por quê, por quê Morang?!!! -  A raposa dourada gritava enquanto agonizava.
E as outras duas vieram a proteger, de imediato, meu plano inicial de atacar sorrateiramente a raposa dourada não funcionou, era muito difícil ocultar o som dos passos em meio a essa lagoa.
"Essa cena, realmente não é nada parecida com os monstros que eu conheço, é como se elas estivessem revivendo a última memória."
Letras de narração apareciam voando à minha frente, como os últimos pensamentos de uma vós feminina nobre:
[Eu preciso fazer isso...]
[Por Surang e pela criança. ]
[Não posso deixar ela ter o mesmo fim que os outros.]
As mensagens passavam uma sensação de dor e melancolia como se estivessem sendo ditas por uma pessoa chorando.
[Eu preciso quebrar aqui mesmo esse ciclo de corrupção de uma vez por todas.]
—Nós iremos proteger a deusa até o fim! As duas raposas à frente estavam preparadas para o ataque. O som de algo de metal batendo no chão ressoando como um sino, logo abaixo dos meus pés gerou uma pequena onda na sala e mais alguns pensamentos voavam em minha direção.
[Vocês três merecem o meu respeito.]
[Não recuaram, mesmo diante da certeza da morte para proteger Surang.]
[Se fosse em uma era diferente, eu estaria com vocês.]
O barulho de uma única gota de lágrima caiu aos meus pés e iluminou a sala cinza que cintilava a sensação de remorso e dor junto com o último pensamento e uma fala.
[Mas... Agora, a única coisa que eu posso fazer por vocês é dar um fim honrado junto da sua deusa.]
Uma fala emponente e nobre ressou pelo ambiente.
[ Enchei vossos peitos de honra e regozijai-vos, pois eu vos reconheço. Em meu nome Morang Von Omega a matriarca dos dragões da origem marcarei vossos nomes no fim desta história.]
O entalhe de um corte foi desenhado no chão sobre a água e batalha começou.

Why Gods Are So DumbOnde histórias criam vida. Descubra agora