Um suspiro melancólico escapou dos lábios de Harry outra vez. Era o quinto suspiro a deixar seus lábios só naquela manhã, uma manhã cinzenta e triste, que se assemelhava muito ao seu estado de espírito. Naquele momento, a família Potter se encontrava no número 10 de West Rd, na cidade de Cambridge, Reino Unido, mais precisamente no alojamento de estudantes da Universidade Mágica de Cambridge (UMC), na ala de dormitórios particulares e individuais exclusiva para herdeiros puro-sangue, onde Charlus Potter e seus antepassados haviam se acomodado em sua juventude, o mesmo local que James Potter teria usado se não houvesse optado por seguir os estudos na Academia de Aurores.
- Você tem certeza de que precisa de tantos livros, Tom? – James choramingou, levitando mais uma pilha de livros para fora das caixas, colocando-os numa das muitas prateleiras afixadas na parede – a biblioteca daqui deve ser ainda maior que a de Hogwarts, não é possível que você precise de tantos livros...
Tom e Lily reviraram os olhos, ignorando os lamentos do Auror, que gemeu de frustração ao abrir outra caixa e se deparar com mais uma pilha de livros.
Harry, por sua vez, encontrava-se sentado sobre a bela escrivaninha de mogno, junto a uma das janelas do aposento, brincando com uma pena marrom. Seu olhar esmeralda, hoje entristecido e sem brilho, percorria toda a habitação com evidente desânimo, vendo que esta, pouco a pouco, tornava-se a cara de Tom.
Ladeando a cama king size, sobre o criado mudo, destacava-se o porta-retratos que Harry fizera na infância, numa das aulas de artes, pintado de verde-escuro e coberto de pequenas pastilhas de vidro prateadas, exibindo uma foto dos dois no balanço da pracinha de Godric Hallow's, na qual um sorridente Harry era empurrado por seu irmão, que sorria divertido enquanto observava o menor acenar para a câmera. Do outro lado da cama, em frente à lareira, as duas poltronas de couro e a mesinha de mármore negro compunham o sofisticado cenário de um quarto que, aos poucos, tornava-se um meio termo entre as casas Slytherin e Ravenclaw.
Com suas cores escuras, cortinas de veludo esverdeadas, detalhes requintados em prata, além das prateleiras e estantes repletas de livros, pergaminhos antigos e do pequeno laboratório de poções montado numa bancada de mármore negra próxima à janela, o espaçoso aposento dispunha de absolutamente tudo o que uma pessoa pudesse vir a precisar ao longo de quatros anos dedicados aos estudos. O belo aposento, não obstante, possuía também uma espaçosa suíte, que se assemelhava muito ao banheiro dos monitores de Hogwarts, uma pequena cozinha americana, pois os moradores desta ala privilegiada, ainda que pudessem comparecer aos refeitórios, poderiam fazer uso de sua individualidade cozinhando seus alimentos em sua própria cozinha e uma outra porta que dava acesso ao enorme closet para guardar seus pertences, o qual Lily se ocupava de ajudar a organizar naquele momento.
- Você tem certeza de que apenas estes casacos serão o bastante?
- Sim, mãe. E, se for o caso, compro outro aqui por perto.
- Certo... – Lily não parecia muito convencida, mas continuou a pendurar as roupas em silêncio.
Enquanto seus pais estavam distraídos com a arrumação, Tom se aproximou do entristecido menino sentado sobre sua escrivaninha, que mantinha o olhar perdido na bela imagem do gramado verde do campus oferecida pela janela.
- Você está bem, pequeno?
- Não – murmurou sem conseguir encará-lo, as belas esmeraldas se enchendo de lágrimas rapidamente.
Tom, por sua vez, sentiu o coração apertar. Ele odiava ver tamanha tristeza no rostinho de traços infantis, mas, nas últimas semanas, quando recebera sua carta de aceitação na Faculdade de Direito e Leis Mágicas de Cambridge e seus pais começaram a arquitetar toda a sua mudança para o dormitório da família, Harry ficara desolado. O pequeno Gryffindor havia chorado por três dias seguidos em seus braços e, desde então, a tristeza não havia desaparecido das belas esmeraldas.
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Destinos entrelaçados
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