15. Espaços pessoais

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[Atenção] A partir desse capítulo, pode haver falas de baixo calão e descrição de cenas de sexo. Haverá situações que mais pra frente serão abordadas que podem causar gatilhos, mas vou estar sempre avisando, caso eu esqueça disso, por favor entrar em contato comigo.

Fazia muito tempo que não me acontecia de acordar pela manhã com um sorriso bobo no rosto... Sabe aquele sorriso que tem nome? Aquele que anuncia aos quatro ventos só pela curva dos lábios.

Hoje pela manhã, acordei sorrindo feito uma bela de uma idiota. Não pude deixar de brigar com o meu reflexo, o espelho refletia a imagem de uma tola, essa ria alegre com a vida pelo beijo que lhe foi dado.

Toda vez que minha mente acessava a lembrança, minha boca formigava como se estivesse sendo beijada novamente, vez ou outra deixo escapar um suspiro ou outro, desejando ter mais daqueles lábios, da voz e do olhar, que aquela pessoa específica me ofertava. Porém tudo que é bom, sempre tem algo que dá um jeito de estragar.

- Ooi Yokiquinho

Oito da manhã, eu com sono, com fome e muito, mas muito mau humorada tendo que lidar com isso... Eu não sou obrigada não é mesmo?

- Qual é Yoko, não vai responder não? - o menino faz sua corajosa segunda tentativa.

Estou caminhando com passos apressados, na tentativa de que o menino perceba que o quero longe de mim, mas feito um cachorro atrás do seu dono, o sem vergonha me segue.

- Agora você sabe o meu nome? - retruco da forma mais agressiva possível, desço as escadas segurando as duas habas da mochila.

O dia está quente demais fazendo a minha nuca desejar que prenda meus cabelos, que honestamente no momento não tenho coragem nenhuma de parar pra isso. O que me deixa mais irritada

- Você sabe que só estou brincando gata, relaxa! - Tiago se aproxima mais ainda de mim, levanta uma de suas mãos buscando meu braço, encaro o menino enfurecida e me distancio o mais rápido possível, que por um triz não me choco com uma das colunas do prédio.

- Tem brincadeiras que perdem a graça quando a pessoa envolvida não está gostando - aponto para o meu rosto com o dedo indicador - E essa cara que faço toda vez que te vejo, é o exemplo claro de quem não está gostando.

Neste momento estamos saindo do lugar, e não poupo expressões ao ver a mulher responsável pelos meus suspiros de hoje cedo. Faye está apoiada no muro do prédio, seus braços estão entrelaçados de baixo do peito, usa seu famoso óculos escuro, e veste um shorts até na metade da coxa, com uma blusa amarela por dentro dela. A mulher está um espetáculo... E eu? Qual é! O chiclete de baixo da minha mesa tá melhor que eu.

- F- Faye? - falo ainda embasbacada. A mulher percebe minha presença, e me oferece um sorriso de canto, que morre ao mesmo tempo que observa o menino do meu lado. O chiclete de baixo da minha mesa seria encarado com menos nojo que o menino nesse momento, a mais velha nem disfarça, o que me faz inflar o peito graciosamente desejando que a mesma faça o trabalho de enchota-lo.

- Ooi linda, pensei em passar pra te ver rapidinho. Tá tudo bem? - me pergunta encarando o menino que observa-nos com atenção. Faye coloca uma de suas mãos envolta do meu pescoço, e eu faço o de sempre, ignoro a existência do menino e caminho feliz com a mulher do meu lado.

- Tá tudo bem sim! E você? Sentiu minha falta é? - olho pra ela com o olhar sapeca, que sei que a mulher gosta, porque o sorriso que me oferece é aqueles de cinema, as pessoas nem acham que é real de tão lindo que é.

- É claro que senti, como eu não sentiria sua falta?

- Aaaa não sei, vai que você desistiu de mim. - Uso minha voz da forma mais manhosa possível, queria provocar a mulher para ver até onde ela iria.

Negligência - FayeyokoOnde histórias criam vida. Descubra agora