quatro horas

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Estou em pânico, nenhum deles sabe mesmo que eu faço? Ou porque escolhi eles? Sequer têm ideia da grandeza dessa situação? A polícia vai até a COSP. Eu estarei lá, ninguém vai ne ver e muito menos saber, que para mim, aquele lugar me causa repulsa, meu bem mais precioso deixou de existir lá dentro. Assim como minha vida.

Rainha de Anjos.

Emanuel

Samantha parecia muito abalada com tudo o que aconteceu. Nossas vidas são mesmo uma loucura fora do normal.

Nada mais aqui faz sentido. Meu filho desaparecido voltou traumatizado e com medo de mim. A namorada dele também tinha medo de mim. Os amigos deles a mesma coisa, menos Ananda.

Em algum momento, a filha da minha ex volta, procurando o irmão. Tempo depois descobrimos que era a meia irmã da filha da minha ex. Ou seja a enteada da cobra.

Ela tentou matar o cara com quem estava quase dormindo, se passou pela irmã mais nova, dormiu com o namorado da irmã, pegou o emprego temporário dela, foi nomeada EMA e convidada a ser uma convertida.

Que merda foi essa?

A minha vida virou um furacão por causa disso tudo.

Abro os meus olhos, lembrando que eu precisava levantar para ir ao hospital. Hoje nosso garoto volta para casa.

Mas é hoje também que a polícia vai fazer uma visita à COSP. Chamaram até o FBI para fazer a parte deles.

O mercado vai ser fechado e todos que vivem ali dentro, vão ser devolvidos à suas famílias.

Me viro para o lado e abraço a mulher da minha vida. Eu devo muita coisa à ela.
Ela foi quem libertou meu filho e seus amigos. Ela me trouxe ele.

Ela me contou algumas coisas, que sabia de Alice desde o começo e que ajudou a financiar algumas coisas. Não sei se foi totalmente sincera sei quando ela esconde algo.

Abracei ela, a escutei fazer alguns sons fofos. Sabe, depois de todos esses anos, me disseram que eu iria enjoar dela, mas é o casamento mais feliz que eu poderia ter.

Minha vida é louca? Muito.

Mas ao menos ela vive essa loucura comigo.
Eu a amo. E quem ama, faz sem pensar, sem exergar, sem sequer julgar o outro lado. Às vezes o que ela vê, eu não vejo. Mas essa é a graça de ser casado. Temos as nossas confusões, mas pra tudo existe solução. Ela escolheu me contar, eu gostaria de ter ouvido isso antes.

Mas não ouvi.

E não há problema. Ela é traumatizada pelo ex marido, e eu nem o conheço, mas já o odeio pelo o que ele fez ela passar.

Uma vida, um suposto amor, destruído por barreiras inimagináveis.

Os malditos contos de fadas e as histórias de amor, com declarações, se provam inexistentes.

Assim constando no coração dela, uma dor que somente alguém igual entende.

Talvez o espelho saiba exatamente como ela se sente, afinal vê através de sua alma, e escolhe o que quer enxergar e o que não quer.

Decisões são tomadas à partir de uma verdade. Se existe verdade em tudo o que ela passou, e eu creio em cada palavra dela cegamente, eu farei dela uma nova mulher, nem que eu vá morrer tentando.

Não que ela não seja incrível sozinha. Ela é capaz de tudo. Sempre foi.

Ela se libertou, ela cuidou de mim e eu dela. Essa grande mulher, me mostrou que decepções são normais. Ela demorou muito tempo para deixar que eu a tocasse, então fiz com que ela assumisse o controle.

Ela fica mais confortável, se esquece dos seus grandes problemas. Eu vivo para ela e meus filhos. Já que nesse momento tenho alguns.

Vejo seus olhos verdes se abrirem, será que uma filha nossa seria ruiva como ela? Queria muito que fosse.

- Bom dia meu amor

- Bom dia doçura - digo depositando um beijo em sua testa - dormiu bem, anjo?

- Estava em seus braços, lógico que dormi bem.

- Lembra que dia é hoje?

- Lembro, e como poderia esquecer disso? Meu garoto vai sair do hospital, e a COSP vai cair! É um dia incrível!

- Concordo contigo, doçura.

Abraço ela por mais um tempinho, até finalmente me levantar e me preparar.

Eu busco Diego agora pela manhã e a operação é no período da tarde.

Entramos no carro, eu, Samantha, Edu, Clara e Ananda. Alice foi trabalhar, Alana está com os pais, João está com os policiais e Léo está animado com uma coisa. Ele encontrou sua família verdadeira.

São de outra cidade pequena, e ele está muito feliz que foi conhecê-los hoje. Se despediu de nós e de Diego ontem.

Ele se mudou para a casa dos pais, que reencontrou através de investigadores.

Acontece que no passado, Léo viveu um inferno fora da COSP. Um homem o levou de casa quando tinha quatro anos, e fez atrocidades com ele.

Quando tinha cinco, o homem atolado em dívidas, o vendeu para a COSP. A família verdadeira dele, ainda o procurava.

Ele assumiu por vídeo chamada para a família, que é gay, e todos o acolheram, entenderam e planejam o amar muito.

Ele e João decidiram manter um relacionamento a distância por um tempo.

Foram dez minutos até o hospital. Diego não olhava nos olhos de Ananda nem uma vez sequer e eu entendo essa raiva.

Conversamos com ela, explicamos que foi errado, dissemos que não iria ajudar em nada ela sair com o tal do Gustavo.

E funcionou. Ela se desculpou mil vezes com Diego e trocamos ela de escola. Ano que vem é outra história.

O levamos para casa, ajeitamos todo o seu quarto, e já montamos o quarto temporário do Eduardo Gabriel.

Os dois se conheceram no hospital e se dão muito bem.

Samantha pegou o carro, dizendo ir ao supermercado, me despedi dela e pedi que não demorasse muito.

Já que quem faria o almoço hoje somos eu e Edu.
Sim, almoço de pai e filho.

Como estou animado para isso, nunca estive tão contente. Posso finalmente pôr cada coisa em seu lugar.

Horas se passam e nada de Samantha voltar, fico preocupado e decido ligar para João.

- Oi Tio, aconteceu alguma coisa?

- Oi João, sim, Samantha saiu de casa há quatro horas e ainda não voltou. Ela te mandou algo?

- Não. Pelo menos não que eu tenha visto, sabe esse negócio de celular ainda é algo novo para mim.

- Entendo, obrigado.

Me faça esquecer as rosas Onde histórias criam vida. Descubra agora