Enquanto algumas pessoas buscam a liberdade de serem quem quiserem, outras gostam de fazer a diferença na vida das pessoas com o pouco que tem. A realidade é que as rosas nunca foram embora. Sempre existiram pessoas mortas. Apenas não era no setor dos nossos heróis.
Sim, existe mais de um setor, e os EMAS, conhecem os corredores de cor e salteado.
Sempre existiram mortes, para os mais velhos.
Em breve estes que conhecemos como primeira geração, estarão como última, se não tivessem uma saída pela madrugada.
A fugitiva.João Nathaniel
Acordamos todos juntos, era uma da manhã, eu me senti exausto, já que mal dormi noite passada. Não perguntei o porquê, você meio que sabe a resposta, e é um nome. Léo me manteve bem acordado de noite. Fui dormir eram umas 23:30, eu acho.
Bom, pelo menos o pessoal não se importa, mas não ficamos no quarto. Trouxe Ananda para o quarto da primeira geração escondido. Ela iria conosco. Não gosto que ela veja essas coisas ou escute, é nojento para uma criança. Ela é muito jovem, não vou deixar que algo assim aconteça.No caso, dormimos abraçados à pequena, não tão pequena assim, Ananda. Ela estava dormindo tranquila na cama de Léo, e não conseguimos decidir quem iria ali com ela, já que um estava insistindo que o outro fosse. Nenhum de nós queria ceder, então fomos nós dois. Minha sorte é que sou "pequeno".
Na real, sou apenas mais baixo do que Léo, ele com seus um e noventa e eu bom, um e setenta e sete. E no caso, não pensei que Léo fosse passivo por conta de sua altura. Mas acho que devia ter considerado as roupas e a personalidade dele.
Acabou que não me importei em ser o passivo naquela noite. Sempre tive uma "curiosidade" e deixar ele no comando pelo menos uma vez foi bom. Sendo sincero nunca tinha transado com um homem, era um pouco estranho. Mas tão bom ao mesmo tempo.Vamos trocar de assunto certo? Tá ficando meio nojento esses pensamentos da madrugada.
Abri os meus olhos, apenas para perceber que Léo estaria me observando dormir.
- Tá na hora meu soldado predileto.
- Soldado? Eu deveria estranhar isso?
- Você luta pelo o que é certo, e acima de tudo, é simplesmente um soldado de guerra na cama. Aguenta quantas eu quiser e pedir.
- Minha irmã está dormindo ao nosso lado! Pare de falar essas coisas.
- Ontém à tarde, quando viemos deixar nossas coisas aqui e você saiu, ela perguntou se eu já dei pra você...
- ELA O QUE?
- Fale baixo porra, ela vai acordar.
Fiquei assustado com essa revelação, qual era o sentido? Tão nova, e fiz de tudo para afastá-la desse mundo. Não que Léo não seja novo igualmente. Mas ele vai fazer dezessete em algumas semanas. Fiz dezoito esse ano. Não estamos distantes um do outro em idade, e nunca fiz nada que ele não quisesse. Ou melhor, pedisse com todas as letras.
Mas em momento algum planejei que minha irmã soubesse de tudo isso. Este lugar deu à ela uma percepção suja do mundo.
Levantamos pé por pé, vestimos umas roupas mais ou menos limpas, juntamos o pouco que tínhamos e eu acordei Ananda. Mal humorada é apelido pra essa menina. Ela já foi mais fácil de se lidar viu.
Eram exatamente uma e cinquenta e três da manhã quando deixamos o quarto, em direção à saída.
Um corredor escuro se aproximava, e lá muitos EMAS tinham o que chamamos de "vida de luxo" porém não passava de uma vida em um quarto com uma cama para cada um, um pequeno lavabo e mais produtos de higiene. Isso é tudo que um EMA comum ganha, além de poder escolher se quer ter turnos ou não.Minha decisão foi manter minha irmã segura, entretanto, eu levei rosas e libertei a pessoa. Mas não sou apenas eu que faço isso, são cerca de vinte EMAs trabalhando aqui. Desses doze são parte de um esquema de criação de corpos falsos, que pareçam reais até no rosto.
Na cena do crime, eles analisam apenas a face para comprovar qual criança morreu. Não testam absolutamente nada de sangue. E a missão de retirar o corpo também é com a gente.Andamos até chegar à uma porta de metal, Constance pegou a chave que sua irmã nos havia entregado, e destrancou-a. Abrimos ela com toda a força que tínhamos. Pesada pra caralho!
Eles estavam saindo, quando percebi algumas vozes, vindas do começo do corredor.
O nervosismo estava tomando conta de mim, estavam quase todos do lado de fora, ficamos apenas eu e Léo, e as vozes que escutei eram guardas.-Eles nos viram, Léo vai!
-Sim eu vou mas não sozinho!Dito isso ele agarrou meu braço, levando-nos ao lado de fora. Tranquei a porta novamente e olhei em volta, procurando o utilitário preto.
Luzes foram vistas mais à frente. Alice nos esperava dentro do veículo.
Corremos sem olhar para trás, éramos livres, livres para voltar à nossas casas, nossas vidas, nossas famílias. Eu estava livre, minha irmã podia ter uma infância normal agora, adolescência na verdade.As portas se abriram e o rosto orgulhoso de Alice nos encarava, mas principalmente a Constance, sua irmã mais nova.
- Você conseguiu minha pequena Alana, podemos ser livres agora meu amor - Alice dizia enquanto abraçava sua irmã.
Estranhei o nome que ela disse, porém não me importei muito. Entramos todos no utilitário, todos menos Matias, que iria ficar como Eduardo ordenou. Ele não suportava a ideia de tê-lo perto de nós novamente.
Entendo muito bem sua decisão, e teria feito o mesmo.
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Me faça esquecer as rosas
AcakExiste um lugar que pode ser chamado de inferno, crianças e adolescentes tendo seus corpos usados, por estranhos todos os dias, tirados de seus lares amorosos para uma vida triste de prisioneiro. Dentre todos estes existe uma fugitiva que dará a mui...