Capítulo cinquenta e três.

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Mariana's pov.

Lucas estava maluco, eu estava cansada de toda aquela obsessão esquizofrênica em cima de Jordana. Por um lado eu sentia ciúmes, mas por outro eu queria me livrar de tudo aquilo. Ele havia saído cedo enquanto eu havia ficado em casa sem fazer nada, tomei café da manhã sozinha e tomei um bom banho. Perto da hora do almoço eu escutei a porta da sala se abrir e assim que desci as escadas dei de cara com Jordana, aquilo tudo era muita informação para a cabeça da uruguaia ainda mais estando grávida. Eu pude reparar ela se sentar no sofá e respirar fundo várias vezes, me fazendo soltar Lucas e ir até ela. Eu não teria coragem de fazer nada que machucasse ela ou aquela criança já que sempre tive o sonho de ser mãe.

── Jordana! — a chamei, mas ela estava tão longe dali que nem mesmo respondia. ── Caralho, Lucas olha a merda que você fez.

── Leva ela pro quarto, eu vou sair, preciso resolver umas coisas. — ele disse e eu o olhei com os olhos arregalados.

── Porra. Jordana, apoia em mim que vou te levar pro meu quarto, tá? — ela olhou para mim.

── Não deixa ele fazer nada comigo, por favor não deixa. — ela dizia chorosa e eu olhava em seus olhos. Era possível notar o medo e o desespero, enquanto os meus olhos iam até a barriga enorme de Jordana.

Eu a ajudei a levantar, subi as escadas devagar e a deixei em meu quarto. Fiquei a olhando se arrumar na cama e levei as mãos até o rosto, pensando no que faria. Lucas nunca tinha chegado a esse nível, era louco por Jordana mas nunca em nenhuma hipótese foi capaz de fazer isso, até aquele momento. Eu andava de um lado para o outro, pensava no que fazer e a todo momento me perguntava o que faria se estivesse passando por aquela situação, mas não havia respostas. A todo momento meu coração dizia uma coisa e minha mente concordava, a menina estava vivendo uma vida tranquila e agora Lucas estava estragando tudo. Sem pensar de mais, eu peguei o celular e digitei o número de Amanda, rezando para ela atender.

── Amanda, Amanda... presta atenção por favor, eu preciso que você me ajude, preciso que venha até minha casa agora, sem perguntas. Apenas venha agora. — eu pedi, evitando responder perguntas por telefone.

Fiquei por mais um tempo andando em círculos, estava com as mãos juntas rezando para que ela chegasse logo. Meu coração doia só de pensar que ela estava correndo um risco com aquela criança. Eu nunca a machucaria, desde sempre tentei engravidar, fiz tratamento e descobri que eu não podia ter filhos, era o meu sonho desde que eu virei uma adolescente. Machucar Jordana ou aquela criança ia contra a minha pessoa, eu me mataria se fizesse algo do tipo.

── O que foi? James vai ficar perguntando porquê eu sumi e... Jordana! — ela falou com seu portunhol e arregalou os olhos, correndo até a cama e começando a tocar em Jordana. ── Que merda é essa Mariana, o que vocês fizeram?

── Eu não fiz nada, o Lucas apareceu com ela aqui igual um maluco. — eu me desesperei, vendo ela tentar acordar a morena.

── Porra ela tá desmaiada Mariana. Eu falei que não queria estar no meio dessa sujeira. — ela respondeu se virando para mim.

── Nem eu queria estar. Eu não sei o que fazer, você foi a primeira pessoa que eu decidi falar. — ela se levantou e se afastou, Jordana ainda estava viva mas estava abalada e fraca.

── Onde o Lucas esta? Pelo amor de Deus Mariana fala onde ele esta?

── Por que quer saber onde eu estou? — escutamos a voz dele, foi quando eu arregalei os olhos junto com Amanda, a colombiana estava tremendo. ── Então bastou eu sair um minuto e você agiu pelas minhas costas Mariana?

── Lucas, pelo amor de Deus! É a Jordana e ela está grávida, não faz nada com ela. — pedi me aproximando dele, deixando Amanda se aproximar de Jordana e se abaixar.

── Sai de perto de mim. Por que ela está aqui? — perguntou de Amanda e eu me aproximei da cama.

── Eu chamei, pelo amor de Deus Lucas, deixa a Jordana viver, por favor! — ele me olhou com os olhos estreitos, aquela altura e já estava em prantos.

── Por que se importa tanto?

── Ela está grávida Lucas, é uma criança! — respondi.

── E o que eu tenho a ver com isso? — ele perguntou e eu a olhei incrédula. Jordana agora acordava aos poucos, porém Lucas era imprevisível.

Ele apontou a arma para nós três, mandou levantarmos e começou a gritar que éramos para descer até o porão, aquilo literalmente era a porra de um filme, eu nunca imaginei viver daquela forma e não cheguei nem a pensar que Lucas seria o causador de tudo aquilo. Aquela maldita obsessão de Lucas já havia passado dos limites, me fazendo agora desejar com todas as forças que ele estivesse preso. Agora estávamos eu, Amanda e Jordana no porão, Jordana estava sentada no canto e parecia não estar ali já que somente respirava, como se tentasse sanar uma dor ou algo do tipo.

── Que merda. — Amanda disse e eu respirei fundo, ela estava com um celular, mas ali era ruim de sinal.

── Acha que consegue sinal aqui? — perguntei enquanto andava até Jordana.

── Depende, se tiver algum ponto específico... talvez. Que merda vocês me enfiaram. — a colombiana reclamou e eu suspirei, começando a chorar de novo com medo de algo acontecer a Jordana, está que já estava acordada e reclamando de muita dor de cabeça.

── Jordana, presta atenção. Eu não vou deixar nada acontecer com você e nem confessa criança. — ela estava com a cabeça encostada na parede, começando a chorar silenciosamente.

── Eu briguei com o Richard antes de sair de casa, eu terminei com ele. Eu não quero morrer, eu não quero que meu filho morra. — meus olhos encheram de lágrimas e eu vi Amanda se aproximar.

── Escucha, sé que soy una hija de puta... llegué estorbando algo entre ustedes pero... joder Jordana me gustaste tan pronto como vi tu forma dura e impaciente. Tú no vas a morir y mi sobrino no va a morir. Lo siento, solo te pido que lo sientas, pero haré todo lo posible para que vuelvas con Richard en paz y sin ningún rasguño. ¿Confías en mí? ( Escuta, eu sei que sou uma filha da puta... cheguei atrapalhando algo entre vocês mas... porra Jordana eu gostei de você assim que vi o seu jeito durona e impaciente. Tu não vai morrer e o meu sobrinho não vai morrer. Me desculpa, só peço que me desculpe, mas eu vou fazer de tudo pra você voltar pro Richard em paz e sem nenhum arranhão. Confia em mim?) — vi Amanda se abaixar em frente a Jordana, que olhava para Amanda com os olhos tristes, ela pedia ajuda em silêncio.

── Confio... — ela respondeu e eu peguei o celular de Amanda da mão dela, andei pelo porão atrás de algum resquício de sinal ou até mesmo o Wi-Fi da casa, quando eu mais precisava a internet não ajudava.

Jordana estava em pé andando um pouco para ver se o inchaço dos pés melhorava, ela estava sem o seu celular e nossa única esperança era o celular de Amanda que pelo menos estava carregado.  As horas estavam se passando e ali começava a ficar mais calor a cada minuto. Eram três horas da tarde, nenhuma de nós havia almoçado, Jordana seria a mais prejudicada na situação, mas estávamos torcendo para algum tipo de sinal.

── Filho da puta. Tomara que ele nunca mais saia da cadeia. Olha Jordana, me desculpa... eu nunca fui irmã do Lucas, a gente ficava antes dele conhecer você, e continuamos ficando por tanto tempo. Quero deixar claro que não ajudei em nada que fizesse ele te machucar fisicamente, até mesmo pedi que ele te deixasse em paz, mas quando vi que ele estava tão louco e te trazendo para cá grávida... — comecei enquanto Jordana me olhava, ela estava pálida e seus lábios começavam a esbranquiçar, talvez pela sede. ── Eu sempre quis ser mãe, descobri a um tempo que eu não podia ter filhos e... te ver aqui desse jeito foi contra os meus princípios.

── Está tudo bem! Eu sempre gostei de você Mariana. Agora temos que trabalhar juntas de alguma forma pra sair daqui. Me dá esse celular aqui. — ela pediu o celular e Amanda a entregou, mas antes mesmo de qualquer coisa, Jordana juntou alguns caixotes que tinham ali com livros e quadros de família.

── Você não vai subir nisso! — resmunguei e ela me olhou.

── Se você me conhecesse mesmo, saberia que sou teimosa e cabeça dura.

Convite de casamento  | Richard RíosOnde histórias criam vida. Descubra agora