Capitulo sessenta e oito.

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Richard's pov.

Eu estava nervoso, andava de um lado para o outro enquanto Gaston brincava com as próprias mãos. Há algumas semanas, eu havia pedido sinais para Deus, sinais que me mostrassem o que eu realmente deveria fazer, e tudo contribuiu para que eu viesse para o Rio de Janeiro. Eu não estava fazendo aquilo por luxo, eu tinha sim um carinho pelo rubro-negro, mas a minha paixão era o alviverde. Eu iria chorar caso houvesse despedida, isso era óbvio, mas eu não podia deixar Jordana sozinha e perder a infância do meu mini Richard só porque eu era apaixonado pelo Palmeiras. No momento, ver meu filho crescer era minha prioridade, mesmo que isso, um dia, custasse desfazer-me de uma grande conquista.

— O que acha, sementinha? Acha que o papai está fazendo o certo?

Eu perguntei, mas ele sequer me olhava, suas mãos pareciam muito mais interessantes do que a preocupação que eu estava tendo sobre meu próximo passo.

— Com certeza estou. Eu não posso perder sua infância. Eu já havia planejado você, agora só tenho que... tenho que ver você crescer, ter uma boa educação e ver sua mãe correndo atrás de você.

Ele riu. Estava sozinho no quarto, dona Ana já estava com ele no Rio de Janeiro, e Jordana já havia voltado à rotina de treinos que devia seguir.

— Falando sozinho, seu Ricardo? — Ana perguntou assim que entrou no quarto, pegando Gaston para dar banho nele, enquanto eu continuava nervoso.

— Estava falando com a sementinha. — Ela fez uma breve careta, mas logo voltou ao normal.

— E o que ele respondeu? — ela brincou, e eu ri. Foi uma risada tão sincera que precisei respirar fundo.

— Bom, ainda não, mas eu estava perguntando para ele o que acha da proposta do Flamengo — comentei. Ana já sabia de tudo, pois sempre fora a primeira a saber de tudo. Eu sempre contava tudo para ela primeiro.

— Quer saber minha opinião?

— Sim, por favor! — falei, sentando-me na cama e observando-a segurar o pequeno com calma.

— O senhor ficou bem frouxo ultimamente. Antigamente, o senhor não pensaria duas vezes em mudar, mas eu entendo sua situação. Olha, o senhor não está fazendo nada errado. Errado seria o senhor não deixar algo de lado para estar sempre perto do seu filho. Quando alguém vira mãe ou pai, não há nada que essa pessoa não faça por um filho. Ele sempre será prioridade na sua vida e na vida da dona Jordana. Então, se o senhor quer saber se acho certa essa mudança no trabalho... acho mais do que certo. É bem melhor do que perder o crescimento do seu menino. Aliás, você pode ir e também pode voltar. Dizem que um bom filho à casa torna.

Eu prestei atenção em cada palavra. Entendi o que ela queria dizer e finalmente compreendi por que sentia essa necessidade de estar com eles dois. Eles se tornaram minha prioridade. Eu já havia realizado meus sonhos, conquistado coisas maravilhosas, e agora era hora de deixar que coisas boas viessem para Jordana também. Mesmo torcendo para o rival, ela ficou preocupada ao saber que eu mudaria de time por causa dela.

— Então já tenho minha resposta — falei com um simples sorriso no rosto.

— E você ainda tinha dúvidas, seu Ricardo? Ir para outro time não significa que você ama mais um do que o outro, mas, no momento, esse é o sacrifício que você pode fazer para não perder partes importantes do dia a dia do Tonton — ela falou, desta vez virando as costas para sair do quarto. — Aliás, não era hoje que o senhor ia?

— Eu faria o mesmo sacrifício mil vezes, desde que em todas estivesse Jordana e meu filho. Sim, dona Ana, é hoje... na verdade, eu tenho que sair agora. Me deseje sorte — deixei um pequeno beijo na cabeça de Gaston e saí de casa com o nervosismo à flor da pele.

Convite de casamento  | Richard RíosOnde histórias criam vida. Descubra agora