Intrigas no Silêncio

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Lindsay observava de longe enquanto Daniel e seus homens eram cercados pelos soldados da Marinha Real. A clareira agora parecia uma prisão a céu aberto, com o brilho das espadas da Marinha refletindo a luz do sol. Daniel estava claramente encurralado, e a captura parecia iminente.

Luis, ao lado de Lindsay, estava impaciente. Ele sabia que cada segundo contava, e a capitã, com seu olhar impassível, estava tramando algo. Ele conhecia aquele olhar.

- Vamos mesmo deixá-los ser levados? - perguntou Luis, baixando a voz. - Não podemos perder tempo. Se a Marinha levá-los, eles nos caçarão em seguida.

Lindsay o encarou com um olhar enigmático. Sua mente já havia montado uma estratégia, mas ela não era de compartilhar planos detalhados até o momento exato. Com um sorriso de canto, ela disse:

- A Marinha acha que já venceu, mas estão cometendo um erro clássico: subestimaram o poder de uma capitã pirata. - Ela então ergueu a mão, sinalizando para sua tripulação manter-se preparada. - Não vamos agir agora, Luis. Vamos deixá-los levá-lo... por enquanto.

Luis piscou, surpreso. Aquela resposta não era o que ele esperava.

- Você vai deixar que levem Daniel? - ele perguntou, a voz misturada entre surpresa e preocupação.

Lindsay riu baixinho, cruzando os braços.

- Daniel pode ser impulsivo, mas não é estúpido. Ele já deve ter percebido que a única maneira de sair dessa é com uma ajuda externa. - Ela virou-se para Luis, com um brilho astuto nos olhos. - Vamos segui-los até a fortaleza da Marinha. Quando eles acharem que Daniel está seguro em uma cela, nós agiremos. Um resgate debaixo do nariz da Marinha vai causar o caos que precisamos.

Luis assentiu lentamente, compreendendo o plano da capitã. Ela planejava usar a captura de Daniel como uma distração, permitindo que a tripulação do **Tempestade Negra** se movesse nas sombras e, no momento exato, virasse a maré a seu favor.

- E como faremos isso? - perguntou Luis, com uma mistura de respeito e apreensão. - Não sabemos quantos soldados estarão na fortaleza.

Lindsay olhou para a densa floresta que cercava a clareira, seus olhos varrendo o horizonte.

- Não sabemos quantos são, mas sabemos o suficiente sobre a arrogância da Marinha. Eles vão levar Daniel diretamente para a prisão costeira mais próxima. Ouvimos rumores de que eles têm uma base em uma enseada a dois dias de navegação daqui. Se chegarmos antes deles, poderemos preparar uma emboscada dentro da fortaleza.

Ela sorriu maliciosamente, quase como se pudesse prever o caos que se seguiria. Luis, sempre confiável, começou a entender a grandiosidade do plano.

- Eles não vão esperar que voltemos tão rápido - murmurou Luis, já calculando os riscos e as possibilidades. - Se formos cuidadosos, poderemos usar o próprio território da Marinha contra eles.

- Exatamente - respondeu Lindsay. - Vamos manter a vantagem da surpresa. Ninguém espera que piratas entrem e saiam de uma fortaleza naval ilesos.

Ela se afastou da clareira, e sua tripulação seguiu em silêncio, deixando Daniel e seus homens à mercê da Marinha. A capitã sabia que Daniel confiava nela o suficiente para saber que ela não o abandonaria, mesmo que isso não estivesse explícito.

***

Do outro lado da ilha, Daniel estava agora algemado, sendo escoltado pelos soldados da Marinha. Pedro, Ely e Leoni estavam em igual condição, com expressões tensas, mas sabiam que lutar seria inútil naquele momento.

- Isso não acabou ainda, capitão - murmurou Pedro para Daniel, mantendo o olhar fixo nos soldados à sua frente.

- Ainda não - respondeu Daniel, com um sorriso furtivo. - Se conheço Lindsay, ela já está tramando algo. E quando ela agir, vai pegar a Marinha completamente de surpresa.

- E se ela não agir? - questionou Leoni, olhando de soslaio para Daniel.

Daniel deu uma risada curta.

- Acredite em mim, Leoni. Ela vai agir.

***

Dois dias depois, sob a cobertura da noite, o **Tempestade Negra** navegava discretamente pela costa rochosa, se aproximando da fortaleza da Marinha. A estrutura, construída em uma enseada natural, estava parcialmente oculta por falésias e vegetação densa, mas as luzes das tochas nas torres indicavam a presença constante de guardas.

Lindsay, com sua tripulação reunida no convés, estava pronta para dar as ordens finais.

- Dividiremos a equipe em dois grupos - disse ela, com a voz firme. - Luis, você lidera o primeiro grupo e se infiltra pelo lado oeste da fortaleza. O terreno é mais acidentado, mas menos vigiado. Minha equipe vai abordar pelo leste e tomar a torre principal, onde eles provavelmente mantêm Daniel.

Luis assentiu, já com a mão no cabo de sua espada.

- E se encontrarmos resistência? - perguntou um dos tripulantes, ansioso.

Lindsay deu um sorriso afiado.

- Somos piratas. Se encontrarmos resistência, eliminamos.

Com isso, o plano começou a se desenrolar. Usando pequenas embarcações, os piratas avançaram silenciosamente em direção à costa, usando a escuridão a seu favor. O som suave das ondas batendo nas rochas encobria seus movimentos.

Quando finalmente chegaram à praia, os dois grupos se separaram. Luis liderou sua equipe pelas rochas íngremes do lado oeste, enquanto Lindsay e seu grupo avançaram em direção à torre leste, onde o resgate de Daniel seria feito.

***

Dentro da fortaleza, Daniel estava trancafiado em uma cela úmida, junto com Pedro, Ely e Leoni. As algemas ainda apertavam seus pulsos, mas seus pensamentos estavam longe. Ele sabia que Lindsay já devia estar por perto.

- Não me diga que vai ficar sentado esperando a morte, capitão - comentou Ely, com um sorriso irônico.

- Claro que não - respondeu Daniel. - Estamos apenas esperando o momento certo para fazer o que fazemos de melhor: improvisar.

De repente, um som distante quebrou o silêncio na fortaleza. Um alarme. Daniel sorriu. **Ela estava chegando**.

Lindsay havia começado seu ataque.

Amor e Sangue no MarOnde histórias criam vida. Descubra agora