Sombras no Horizonte

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Com a festa terminada e a noite avançada, o Fúria dos Ventos e o Tempestade Negra balançavam suavemente nas águas calmas do oceano. O céu estrelado parecia uma manta de tranquilidade sobre os dois navios. A tripulação, agora dispersa em seus cantos, começava a se preparar para o próximo dia de navegação.

Daniel estava na proa do Fúria dos Ventos, observando o mar vasto à frente, ainda absorvido pelos eventos recentes com Lindsay. O beijo, a troca de sentimentos, tudo ainda ecoava em sua mente. Ele respirou fundo, questionando o que significaria para ambos dali em diante. "Como seguir em frente?", pensava ele. Seus sentimentos por Lindsay estavam mais fortes do que nunca, mas ele sabia que a vida de um pirata não era simples, especialmente quando as responsabilidades de dois navios estavam em suas mãos.

Do outro lado, no Tempestade Negra, Lindsay se encontrava em sua cabine, olhando os mapas, mas seus pensamentos estavam longe das rotas. Ela se perguntava como o relacionamento com Daniel iria mudar a dinâmica entre eles. "Será que fizemos a escolha certa?", ela ponderava, olhando as estrelas pela janela de sua cabine. Bia bateu à porta, perguntando se ela precisava de algo, mas Lindsay recusou gentilmente, dizendo que estava bem. Ela sabia que os desafios só aumentariam a partir de agora, e o retorno de Victor ainda pesava em sua mente.

A calmaria da noite estava prestes a ser interrompida quando, à distância, um som estranho ecoou pelas águas. Algo não parecia certo.

No silêncio da madrugada, Lindsay começou a ouvir um som incomum. No início, pensou que poderia estar imaginando coisas, talvez algum resquício da festa ou o cansaço dos últimos dias afetando sua mente. Mas quando o som ecoou novamente, profundo e contínuo, ela soube que não era apenas sua imaginação. O barulho era familiar, mas raro — algo que piratas de várias eras contavam em lendas e histórias sobre o mar.

Curiosa e apreensiva, Lindsay foi até a borda de seu navio e fitou o mar. À distância, uma enorme figura branca começou a emergir das águas. Seu coração disparou. Não era possível. Ali, no meio do oceano, estava a lendária Moby Dick, a gigantesca baleia cachalote que navegantes temiam e reverenciavam. A criatura parecia uma montanha viva, seus 20 metros de comprimento surgindo no horizonte como uma força incomparável.

Lindsay recuou, instintivamente cobrindo a boca com a mão. O pavor de estar tão perto de uma criatura como aquela era paralisante. Ela sabia que precisava agir rápido. Sem fazer barulho, foi em direção ao Fúria dos Ventos, onde Daniel e sua tripulação dormiam após a noite de festa.

Ao chegar no outro navio, Lindsay se apressou até a cabine de Daniel e bateu suavemente na porta.

— Daniel... — chamou ela, tentando não acordar ninguém além dele. Mas sem resposta, ela bateu um pouco mais forte, começando a ficar desesperada.

Após mais alguns instantes, a porta se abriu de repente, revelando Daniel ainda sonolento, com as roupas bagunçadas e os cabelos despenteados, claramente levantado às pressas.

Lindsay, apesar da urgência da situação, conteve uma risada ao vê-lo tão desarrumado.

— O que foi? — perguntou ele, confuso.

— Daniel, eu vi algo... no mar. Algo gigantesco. É a Moby Dick — disse Lindsay com seriedade, fazendo Daniel imediatamente acordar de vez.

Seus olhos arregalaram, e ele rapidamente fechou a porta atrás de si para se trocar, enquanto Lindsay voltava ao seu próprio navio para alertar sua tripulação. Ely, Leoni e os outros estavam acordando lentamente, ainda sentindo os efeitos da noite anterior. Ely, especialmente, estava lutando contra uma ressaca pesada, resmungando enquanto tentava entender o que estava acontecendo.

Aos poucos, os capitães começaram a dar as ordens, e todos ficaram em alerta. Do lado de Daniel, Pedro apareceu ainda meio sonolento, coçando os olhos.

Amor e Sangue no MarOnde histórias criam vida. Descubra agora