A Armadilha da Marinha Real

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A ilha à frente parecia prometer riquezas e glória, mas Daniel não podia ignorar o estranho pressentimento que crescia dentro dele. O **Fúria dos Ventos** havia ancorado a uma distância segura, e Daniel, junto com Pedro, Ely e Leoni, avançava pelo terreno selvagem da ilha, seguindo as indicações do mapa antigo que prometia um tesouro lendário.

O silêncio era quase ensurdecedor enquanto eles caminhavam pela densa vegetação. O canto das aves e o farfalhar das folhas pareciam distantes. Eles estavam atentos, mas o desejo de encontrar o tesouro ofuscava qualquer cautela. Quando chegaram a uma clareira, o grupo parou abruptamente.

No centro da clareira, havia uma pedra imponente coberta de musgo, com marcas que pareciam indicar o local do tesouro.

- É aqui, capitão? - perguntou Leoni, olhando ao redor com desconfiança.

- Deve ser - respondeu Daniel, observando o mapa e depois a pedra. - Tudo indica que o tesouro está logo abaixo.

Ely deu um passo à frente, ansioso, começando a empurrar as pedras ao redor. Mas conforme moviam os obstáculos, o chão abaixo deles começou a parecer estranhamente plano. Nenhum sinal de baú, nenhum indício de riquezas enterradas.

Pedro se abaixou para tocar o solo com as mãos e, ao sentir a textura estranha do solo, sua expressão ficou sombria.

- Isso não está certo... - murmurou ele, com uma sensação incômoda crescendo dentro dele. - Algo está errado aqui.

Daniel, sentindo o perigo iminente, olhou ao redor, seus olhos agora cheios de suspeita. Ele se levantou de súbito e olhou para os lados, tentando identificar qualquer anomalia.

- Vamos sair daqui. Isso não é um tesouro... - disse Daniel, a voz tensa.

Nesse instante, um estalo ecoou pela floresta. Do alto das árvores e dos arbustos, soldados da Marinha Real emergiram, cercando o grupo com rapidez. Mosquetes foram apontados para os piratas, e o som de espadas sendo desembainhadas quebrou o silêncio.

- Em nome da Coroa, rendam-se! - gritou um oficial da Marinha, saindo das sombras com um sorriso satisfeito no rosto.

Daniel puxou a espada, mas a quantidade de soldados indicava que estavam em desvantagem numérica. Ely, sempre impulsivo, também sacou a sua, pronto para lutar, mas Pedro, com mais calma, analisou a situação.

- Armadilha... - disse Pedro com os dentes cerrados. - A Marinha preparou isso desde o início.

Leoni, que até então estava em silêncio, praguejou baixinho enquanto se posicionava ao lado dos companheiros. Estavam cercados. Não havia como fugir, e lutar seria suicídio. A Marinha havia atraído Daniel e seus homens para uma cilada usando o falso mapa do tesouro.

O oficial se aproximou lentamente, o sorriso de triunfo estampado no rosto.

- Achou mesmo que poderia continuar suas escapadas sem a Coroa perceber, pirata? - disse ele, com um tom de deboche. - Achamos que vocês, piratas, sempre acabam caindo na própria ganância. Esta ilha não guarda tesouro algum, mas é o seu fim.

Daniel não desviou o olhar, seu cérebro trabalhando rapidamente para pensar em uma saída. Ele nunca fora do tipo que se rendia facilmente, e, embora a situação fosse crítica, sabia que ainda havia uma chance.

- Nem todo pirata cai tão facilmente quanto você pensa - disse Daniel, sorrindo de forma desafiadora.

***

Enquanto isso, na costa oposta, Lindsay e sua equipe do **Tempestade Negra** desembarcavam em segredo. Ela sabia que Daniel já deveria estar próximo do suposto tesouro, e, como sempre, esperava surpreendê-lo na última hora. Luis, ao seu lado, estava mais sério do que de costume.

- Algo não me cheira bem, capitã - disse ele, observando as árvores ao redor. - Não vi sinais de batalha, nem da tripulação de Daniel. Ele deveria estar aqui.

Lindsay sentiu o mesmo desconforto. O silêncio ao redor era incomum, mesmo para uma ilha remota como aquela.

- Continue atento. Vamos nos aproximar do local marcado no mapa. Se Daniel encontrou o tesouro, não estará longe. - respondeu ela.

A medida que avançavam, os sons distantes de vozes e movimento na clareira à frente começaram a ecoar pelos ouvidos atentos de Luis.

- Isso não parece uma briga entre piratas... - disse Luis, franzindo a testa, antes de correr à frente para espiar a situação.

Quando avistou o que acontecia na clareira, seus olhos se arregalaram. A Marinha Real estava cercando Daniel e seus homens, prestes a prendê-los.

- Capitã! - sussurrou Luis, voltando rapidamente até Lindsay. - É uma armadilha. A Marinha está lá. Estão prendendo Daniel!

Lindsay estreitou os olhos. A informação mexeu com ela, mas não por preocupação com Daniel, e sim pela nova complicação. A Marinha estava um passo à frente de todos.

- Eles nos atraíram para cá de propósito. - disse Lindsay, com frustração, mas também com um tom calculado. - Sabem que estamos atrás do mesmo tesouro.

Luis assentiu, seus olhos ainda cheios de apreensão.

- O que faremos? - perguntou ele.

Lindsay sorriu de forma perigosa, olhando para a clareira onde Daniel estava prestes a ser capturado.

- Vamos deixar que a Marinha lide com Daniel por enquanto. Eles acham que já venceram, mas não sabem que estamos aqui. Vamos recuar por enquanto... mas eu tenho uma ideia de como virar o jogo.

Com isso, a equipe de Lindsay se afastou silenciosamente da cena, deixando Daniel e seus homens nas garras da Marinha. No entanto, o que a Marinha não sabia é que Lindsay estava sempre três passos à frente. O tesouro poderia não estar ali, mas a verdadeira batalha estava apenas começando.

Amor e Sangue no MarOnde histórias criam vida. Descubra agora