Vigésimo Sexto

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Anahí sentiu um misto de emoções ao voltar para casa. Depois de passar dois dias no apartamento, tentando processar tudo o que havia acontecido, o reencontro com os filhos, Manuel, Emiliano e Ana Paula, trouxe um alívio temporário. Ver seus rostinhos sorridentes a fez lembrar de que, apesar dos problemas, sua família era o que mais importava. No entanto, a ausência de Alfonso naquela manhã deixou uma inquietação que ela não conseguiu ignorar.

Após o almoço, o motorista levou as crianças para a escola, e Maria, a empregada, também saiu mais cedo, alegando não estar se sentindo bem. Agora, a casa estava silenciosa, quase da mesma forma que quando Alfonso a encontrara vazia dois dias atrás. Anahí estava sozinha novamente, mas dessa vez, havia uma expectativa pairando no ar. Sabia que Alfonso voltaria em breve.

A casa estava em silêncio, apenas o som leve de passos ecoava enquanto Anahí caminhava de um lado para o outro. Cada vez que seus olhos se encontravam com uma foto de família ou com algum brinquedo dos filhos espalhado pela sala, sentia um nó no peito. O silêncio que tanto havia procurado nos últimos dias agora parecia sufocante. Ela estava esperando. Esperando Alfonso, esperando respostas, esperando uma direção para seguir em meio ao caos que havia se tornado sua vida.

Quando a porta finalmente se abriu e Alfonso entrou, Anahí sentiu o coração acelerar. Lá estava ele, o homem que conhecia tão bem, mas que, ao mesmo tempo, parecia um estranho ultimamente. Ele a olhou com uma mistura de seriedade e vulnerabilidade, e ela soube naquele instante que a conversa que teriam mudaria tudo.

— Precisamos conversar — disse ele, direto, mas com uma suavidade que quase a desmontou.

Ela assentiu, e juntos caminharam até a sala de estar, onde se sentaram um de frente para o outro, como duas pessoas que estavam se preparando para uma batalha, mas sem armas. O silêncio pairou entre eles, carregado de tensão, mas também de algo mais profundo: a necessidade de compreensão, de reconexão.

Alfonso foi o primeiro a romper o silêncio.

— Falei com o diretor da série — começou ele, os olhos fixos nos dela, tentando medir sua reação. — Eu pedi que ele tirasse a Claudia do elenco. Expliquei que, para nós, não havia outra opção.

Anahí ergueu uma sobrancelha, curiosa, mas também receosa.

— E o que ele disse?

Alfonso soltou um suspiro pesado.

— Ele se recusou. Disse que não era possível por questões contratuais e pela dinâmica da produção. Não havia como mantê-la fora sem afetar o andamento da série.

Ela ficou em silêncio por alguns segundos, seu coração batendo mais rápido. O nome de Claudia era como uma ferida aberta, uma lembrança constante da traição que quase destruiu seu casamento.

— Então... o que você fez? — perguntou finalmente, sua voz vacilante.

— Eu saí. Pedi demissão.

As palavras pairaram no ar por alguns segundos, pesadas, enquanto Anahí processava o que ele acabara de dizer. Não era uma decisão pequena. Alfonso estava em um dos momentos mais importantes de sua carreira, e deixar a série significava abrir mão de oportunidades e de anos de trabalho duro.

— Você saiu da série? — ela repetiu, surpresa, quase sem acreditar.

— Sim — ele confirmou, sem hesitar. — Paguei a multa por quebrar o contrato. Foram alguns bons zeros, mas isso não importa. O que importa é que eu não podia mais ficar lá, não depois de tudo o que aconteceu. Eu fiz isso por você, Anahí, por nós.

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