Terceiro

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Alfonso chegou atrasado no set. Algo incomum para um virginiano nato como ele. Perdera o voo no dia anterior e acabou chegando em Miami mais tarde que o previsto. Foi direto para o flat que ele e Anahí tinham comprado para usar a trabalho, tomou uma ducha quente e apagou, acordou com uma ligação da mulher, preocupada com a ausência de mensagens dele. Geena Davis tomava um café enquanto repassava seu script. Sorriu amigável assim que viu o moreno chegar.

- Ei Poncho - ela o abraçou, gentilmente. Alfonso adorava trocar assuntos com ela. Além dele, Anahí também a adorava, era uma mulher madura, experiente e com muito conteúdo, além de inteligentíssima é bem humorada - Acabaram as férias?

Ele sorriu, retribuindo o abraço e jogando a mochila sobre o lado vago do sofá.

- Uma hora acabariam - brincou.

- E como Annie está? As crianças?

- Tudo bem - apanhou uma maçã, a mais vermelha do cesto - As crianças estão enormes, cada vez mais espertas e criativas - gesticulou, fazendo a amiga entender do que ele se referia. Geena riu. Ela já havia passado aquela fase com os filhos, mas sabia bem do que Alfonso falava. Não era fácil.

- Oh, eu sei exatamente como é - riu, bebericando o café - Ana Paula está cada vez mais linda, a cara da Annie! Vi nas redes sociais de vocês, acho que sua genética não é muito boa Poncho.

Ele tornou a rir, mordendo a maçã. Tinha que concordar, nenhum dos 3 filhos tinha absolutamente nada a ver com ele na aparência, eram Anahí esculpidos e escarrados. Se sentia um doador de esperma ao constatar isso.

- Nem me fale - coçou a nuca descontraído - Se não tivesse total certeza quanto a fidelidade da minha mulher arriscaria um exame de DNA.

Não demorou até que Ben Daniels e Hannah Kasulka se juntassem a eles e seguissem a conversa até que começassem a ser chamados pela maquiagem. Assim que a claquete soou a folga acabou. Poncho voltou ao trabalho, concentrado como sempre, entregando o melhor que podia em cena.

Por outro lado, Anahí buscava os filhos na escola. Já era o segundo dia em que Emiliano se sentia indisposto. Acreditava ser uma virose comum por conta do retorno recente das aulas, de qualquer forma ainda tinha a viagem do pai, que com toda certeza abalava um pouco o emocional das crianças, tão acostumadas a vê-lo todo os dias em casa.

- Você quer que eu faça algo para você comer? - Se sentou no tapete, onde ele e o irmão Manu montavam legos.

- Não quero mamãe, minha barriga dói - acariciou o próprio abdômen. Anahí sentiu o coração doer. Odiava ver ir filhos assim, amuados e doentinhos.

- Eu posso fazer um suquinho de morango com laranja, heim? - acariciou os curtos cabelos louros que quase caiam sobre os olhos azuis do menino - O seu preferido?

- Eu não quero mamãe - disse simples, concentrado na brincadeira - Mas obrigada.

Annie se preocupou, Emiliano não era de rejeitar nada, inclusive seu suco de "moranja" como ele e o irmão haviam apelidado. No entanto, preferiu dar um tempo ao menino antes de levá-lo ao médico, não queria soar como uma mãe desesperada e louca, até porque, ela já era mãe de terceira viagem, mas sempre que algo ocorria aos seus preciosos bebês, era como se voltasse no tempo e acabasse de ser mãe pela primeira vez.

Suspirou levantando e deixando os meninos a vontade para brincarem. Seguiu pelo corredor, encontrando a porta do quarto de Ana Paula aberta. A menina dançava uma música que ela nunca tinha ouvido, em frente ao espelho. Anahí se escorou no batente da porta cruzando os braços, pigarreou, despertando a filha de seus devaneios.

- O que está fazendo? - perguntou

- Que susto mãe - ela disse, baixando o som - Provando algumas roupas para o aniversário da Lia. E então, que tal? - rodopiou. Era uma saia de courino preta que ela raptara do guarda-roupa da mãe e um cropped de brilho que as duas compraram na última ida ao shopping.

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