Vigésimo Sétimo

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Anahí e Alfonso desembarcaram no aeroporto de Nápoles em um início de tarde ensolarado. A brisa mediterrânea os envolveu assim que deixaram o terminal, trazendo consigo o aroma salgado do mar e uma sensação quase imediata de paz. O motorista que os aguardava os conduziu por uma estrada sinuosa em direção à Costa Amalfitana, com suas falésias dramáticas e o mar de um azul profundo cintilando à distância. O clima era leve, mas também carregado de expectativa. Não havia mais pressa, nem tensão. Era só o presente, e o presente tinha o cheiro do limão siciliano e o som das ondas quebrando suavemente nas pedras abaixo.

O carro serpenteava pelas curvas da costa, passando por vilas coloridas que se equilibravam nas encostas íngremes. Anahí olhava pela janela, maravilhada com a beleza da paisagem. As casas pintadas em tons pastel, as varandas repletas de flores vibrantes e o mar infinito logo abaixo faziam-na suspirar.

— É perfeito — murmurou ela, quase para si mesma, mas Alfonso ouviu.

Ele a observou de canto de olho, satisfeito com a reação. Sabia que aquela viagem não resolveria todos os problemas, mas era um começo. Um recomeço.

— E vai ficar ainda melhor — disse ele, sua voz carregada de uma confiança que havia faltado nas últimas semanas.

O carro parou em frente a um hotel boutique charmoso, incrustado na encosta, com vista direta para o mar. As paredes brancas contrastavam com as janelas azuis, e um jardim com limoeiros os recepcionava na entrada. Um funcionário os conduziu até o quarto, e assim que a porta se abriu, Anahí ficou sem palavras.

O quarto era um sonho, com amplas janelas que davam para uma sacada privada, de onde se via a vasta extensão do mar. A decoração era simples, mas elegante, com móveis de madeira clara, lençóis brancos impecáveis, e toques de azul que remetiam à paisagem lá fora. No centro da sala, uma cesta de frutas frescas e uma garrafa de vinho local aguardavam.

— Está tudo bem? — perguntou Alfonso, observando a expressão de Anahí.

Ela apenas sorriu, aproximando-se da sacada. Quando finalmente parou à beira, sentiu o vento acariciar seu rosto. Era como se o peso dos últimos meses estivesse começando a se dissipar.

— Sim. Está mais do que bem — ela respondeu, ainda de costas para ele, olhando para o horizonte.

Alfonso sorriu, aproximando-se dela por trás. Colocou as mãos suavemente em seus ombros e sentiu-a relaxar sob seu toque. Ficaram ali por alguns minutos, apenas apreciando o momento, o silêncio entre eles sendo preenchido pelo som das ondas e o farfalhar das folhas dos limoeiros ao redor.

A brisa que soprava do mar trouxe consigo uma sensação de renovação, algo que Anahí não experimentava há muito tempo. Havia algo tranquilizador naquele cenário — o horizonte infinito, o sol que começava a se pôr e pintar o céu com tons de laranja e rosa, e o som das ondas que parecia uma música de fundo cuidadosamente orquestrada. Era como se a Costa Amalfitana tivesse sido projetada para oferecer a eles um refúgio, um lugar onde poderiam deixar para trás o peso das últimas semanas e se reconectar.

Alfonso, ainda de pé atrás dela, observava cada detalhe. Ele podia sentir, pelo ritmo mais lento da respiração de Anahí, que ela estava realmente ali, presente naquele momento. E isso, para ele, era um pequeno triunfo. Ele sabia que os últimos meses haviam sido tumultuosos, com desencontros, mal-entendidos e a pressão constante que a vida a dois pode trazer. Mas agora, naquele espaço e tempo suspensos, havia uma abertura, uma oportunidade de reconciliação que ele não pretendia desperdiçar.

— Quero que esses dias sejam sobre nós — murmurou ele, inclinando-se para sussurrar próximo ao ouvido dela, sentindo o perfume suave que seus cabelos exalavam. — Sem interferências. Sem distrações. Apenas nós dois.

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