Trigésimo Nono

128 10 3
                                    

No dia seguinte, o quarto da maternidade estava cheio de expectativa. Anahí e Alfonso aguardavam a chegada dos três filhos mais velhos: Ana Paula, Emiliano e Manuel, que estavam loucos para conhecer a pequena Alice.

Assim que a porta se abriu, uma enxurrada de vozes infantis invadiu o ambiente. Ana Paula, a mais velha e sempre cheia de atitude, entrou primeiro, puxando Emiliano pela mão, enquanto Manuel corria atrás, tropeçando em seus próprios pés.

— Mãããããe! — Emiliano gritou, disparando em direção à cama. — Cadê a Alice? Cadê?

— Calma, calma, todo mundo vai ver! — Alfonso riu, tentando manter a ordem no caos infantil.

Ana Paula, com seus onze anos e já sentindo-se quase adulta, olhou para os irmãos com uma expressão de superioridade.

— Gente, ela é só um bebê. Não vai sair falando nem correndo atrás de vocês, tá? — disse, cruzando os braços como quem já sabia de tudo.

Manuel, que sempre se encantava com o que Ana Paula dizia, olhou para ela com uma expressão de dúvida.

— Então, ela nem sabe jogar videogame?

— Claro que não, bobo — respondeu Ana Paula, revirando os olhos. — Bebês só sabem dormir e chorar.

Nesse momento, Dulce entrou no quarto, segurando uma sacola cheia de brinquedos que ela trouxe para os irmãos mais velhos se distraírem. Ela observou a cena com um sorriso malicioso, sabendo que o encontro dos irmãos com Alice prometia ser hilário.

— Ok, pessoal, todo mundo se acalma! — Anahí disse com uma voz divertida. — Alice está bem aqui.

Ela revelou Alice, que dormia tranquilamente em seus braços. Os três irmãos se aproximaram com curiosidade, os olhos arregalados. Ana Paula, que tentava manter a pose de irmã mais velha descolada, foi a primeira a falar:

— Uau, ela é... pequenininha, né? — sorriu.

Emiliano se aproximou, mais ousado, e cutucou a bochecha da irmãzinha com um dedo curioso.

— Por que ela tá dormindo tanto? Ela não quer brincar com a gente?

Manuel, sempre mais quietinho, olhou para Alice com um olhar pensativo e disparou:

— Ela parece um pãozinho! A gente pode comer ela?

Todos caíram na risada, e Anahí, segurando o riso, tentou explicar:

— Não, filho, ela não é de comer! Ela é muito pequena ainda, mas logo vai brincar com vocês.

Ana Paula, com ar de sabichona, soltou uma pergunta com o que achava ser pura lógica:

— Quando ela vai aprender a andar? Semana que vem?

Dulce, que assistia à cena, caiu na gargalhada.

— Ah, quem dera, Ana! Vai demorar um pouquinho mais que isso.

— Tá vendo, Ana Paula? Você não sabe de tudo! — Emiliano respondeu, com um ar de vitória que fez Ana Paula revirar os olhos.

Manuel, ainda pensativo, se virou para Alfonso:

— Pai, a Alice vai ficar desse tamanho pra sempre?

— Não, ela vai crescer, como vocês — respondeu Alfonso, tentando segurar o riso. — Logo, logo, ela vai estar correndo pela casa, e vocês vão ver.

— Eu só espero que ela não mexa nas minhas coisas — disse Ana Paula, com a seriedade de uma irmã mais velha que já vislumbrava o caos que uma irmã mais nova poderia trazer à sua vida.

ConsequênciasOnde histórias criam vida. Descubra agora