Trigésimo Oitavo

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As contrações continuaram, cada uma mais forte que a anterior. Anahí estava acompanhada de Alfonso, que tentava ajudá-la a manter a calma.

— Lembre-se, amor, cada contração nos aproxima mais da Alice — disse Alfonso, segurando a mão dela. A preocupação em seu olhar era inegável, mas ele tentava ser um pilar de força.

— Eu sei, mas... e se algo estiver errado? — Anahí sussurrou, a voz tremendo. O medo a dominava a cada momento.

— Nada vai dar errado. Temos os melhores médicos e você é mais forte do que imagina — respondeu Alfonso, colocando a mão em seu rosto com ternura.

Anahí olhou ao redor, a sala estava repleta de luz suave, mas o estresse era palpável. Ela se lembrou de todas as vezes que havia sonhado com esse momento, mas agora a realidade estava sobre ela, e o medo crescia em seu peito. As contrações aumentavam em intensidade, fazendo com que ela sentisse como se seu corpo estivesse se quebrando em cada empurrão.

— Poncho, eu... eu não sei se consigo — disse ela, a voz embargada. A dor parecia insuportável, como se algo dentro dela estivesse lutando para sair.

— Você consegue, amor. A cada contração, você está mais próxima de conhecer a Alice. Respire comigo — ele respondeu, tentando manter a calma. Ele segurou suas mãos, os dedos entrelaçados, e começaram a respirar juntos.

As enfermeiras monitoravam a situação atentamente. A expressão delas ficou séria quando um dos monitores começou a emitir um som agudo. Anahí sentiu um frio na barriga.

O médico, um homem de expressão tranquila, se aproximou.

— Tudo bem, Anahí. Vamos monitorar a Alice e garantir que tudo ocorra bem — disse ele, enquanto as enfermeiras começavam os procedimentos.

Alfonso estava ao seu lado o tempo todo, sua mão nunca deixando a dela. Ele tentava ser sua âncora, mas a dor estava tomando conta de todo o seu corpo. Cada contração era um novo teste de resistência, e Anahí sentia como se estivesse se quebrando por dentro.

As horas se arrastavam, e a tensão na sala começava a aumentar. O médico e as enfermeiras trocavam olhares preocupados. Algo não estava certo. O ritmo do parto estava mais lento do que deveria, e o batimento cardíaco de Alice parecia estar irregular nos monitores.

— Anahí, precisamos fazer alguns exames. Alice está mostrando sinais de estresse, e isso significa que precisamos agir com rapidez. Vamos continuar monitorando, mas quero que você se prepare — disse o médico, com calma, mas havia uma gravidade em sua voz que gelou o coração de Anahí.

— O que está acontecendo? — Alfonso perguntou, agora visivelmente tenso.

— O batimento cardíaco dela está caindo durante as contrações. Podemos tentar mais um pouco, mas, se não houver progresso rápido, vamos precisar considerar uma cesariana de emergência — o médico explicou, enquanto as enfermeiras ajustavam os equipamentos ao redor de Anahí.

O medo que antes estava à espreita agora tomava conta completamente de Anahí. A ideia de algo estar errado com Alice fazia seu coração disparar, e ela sentiu as lágrimas descerem sem controle.

— Alfonso... e se ela não estiver bem? E se... algo acontecer com ela? — Anahí perguntou, sua voz embargada pelo pânico. As imagens da bebê que ela tanto sonhou ver e segurar começavam a se transformar em cenas de terror em sua mente.

— Não pense assim, meu amor. Ela está sendo monitorada, e a equipe está fazendo tudo para garantir que Alice nasça bem. Nós vamos passar por isso juntos — ele respondeu, mas sua voz, por mais firme que fosse, também tremia. A incerteza era insuportável.

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