US

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Música de Acompanhamento: "us" - Gracie Abrams feat. Taylor Swift

"I know you know
It felt like somethin' old
It felt like somethin' holy
Like souls pleadin', so"

Rosamaria saiu do prédio onde Sophia trabalhava com passos firmes e decididos, mas por dentro, sentia como se um furacão estivesse prestes a explodir. A raiva borbulhava em seu peito, quente e desconcertante, como lava. Como Sophia pôde deixar a insegurança tomar conta daquela forma há cinco anos? Deixar que o medo e a incerteza as afastassem? Elas tinham tanto potencial, uma conexão única que Rosa ainda sentia latente, mesmo depois de tanto tempo. E agora, vê-la com Júlia, uma mulher que não tinha nada a ver com a essência de Sophia... era insuportável. Aquilo a deixava mais furiosa do que gostaria de admitir.

Ela entrou em seu carro, as mãos tremendo levemente enquanto girava a chave na ignição. Pisou no acelerador com força, querendo deixar para trás não só o prédio, mas também aquela sensação esmagadora de impotência. A cidade passava por seus olhos como um borrão, mas a mente de Rosa estava presa na imagem de Sophia, nas palavras que trocaram, no olhar que ainda carregava resquícios de um passado que nunca foi completamente resolvido.

Ao chegar ao seu apartamento, se jogou no sofá, sentindo a tensão em cada músculo do corpo. Fechou os olhos e respirou fundo, tentando se acalmar. Mas a lembrança da discussão continuava a atormentá-la. Como Sophia podia estar com Júlia? A mulher era tudo o que Sophia nunca foi. Superficial, indiferente, envolvida em um mundo de aparências que não combinava em nada com o espírito livre e sonhador que Rosa conhecia tão bem.

Sentindo a cabeça latejar, Rosamaria decidiu tomar um banho. Quem sabe a água quente pudesse lavar um pouco daquela angústia, tirar as marcas invisíveis deixadas pelo reencontro com Sophia. Enquanto a água caía sobre seu corpo, ela tentava se concentrar no presente, no agora. Mas era impossível ignorar o quanto ainda a afetava estar perto de Sophia. Durante a discussão, as duas ficaram tão próximas que Rosa pôde sentir a respiração de Sophia em sua pele, quente e entrecortada pela emoção do momento. Aquele simples detalhe fez seu coração bater mais forte, quase como uma lembrança corporal de tudo o que já haviam vivido juntas.

Ela saiu do banho, enrolada em uma toalha, e foi direto para o quarto. Precisava de algo para distrair a mente, qualquer coisa que não fosse a imagem de Sophia. Foi então que seu celular vibrou. Uma mensagem de Zé Roberto, seu treinador:

"Rosa, achei melhor marcarmos um treino amanhã. Sei que é domingo, mas precisamos dar uma reforçada em alguns pontos. Está tudo bem pra você?"

Domingo. Normalmente, ela se irritaria com a ideia de treinar no único dia em que tinha para descansar, mas, naquele momento, a proposta parecia uma bênção. Estava exausta, sim, mas preferia mil vezes focar no vôlei do que continuar sendo assombrada por memórias de Sophia e por toda aquela confusão de sentimentos que a deixava tão vulnerável.

Ela digitou uma resposta rápida:

"Tudo bem, Zé. Amanhã às 09h?"

"Fechado. Boa noite, Rosa."

Desligou o celular e se jogou na cama, encarando o teto. Tudo parecia um caos dentro dela. Era como se os últimos cinco anos tivessem sido um borrão, e, de repente, tudo voltasse à tona com uma força avassaladora. E agora, ali, sozinha no escuro de seu quarto, não havia como fugir das perguntas que ecoavam em sua mente.

Será que Sophia ainda pensava nela? Será que, em algum momento, se arrependia da escolha que havia feito? Rosa sabia que não deveria se torturar com essas dúvidas, mas era impossível não se perguntar. Porque, por mais que tentasse, ela nunca conseguiu esquecer completamente o que sentia por Sophia.

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