BIRDS OF A FEATHER

174 17 1
                                        

Música de Acompanhamento: "Birds Of A Feather" - Billie Eilish

"Cause it was always you, alright
And if I'm turning blue, please don't save me
Nothing left to lose without my baby..."

Enquanto se olhava no espelho, Rosamaria sentia as mãos tremerem levemente enquanto ajustava o cabelo. Cada detalhe parecia exigir mais atenção do que o normal. Seu coração estava acelerado, e ela se pegou questionando suas próprias decisões. Por que, de repente, ela havia decidido incluir Sophia naquela noite? Por que aquela urgência de vê-la, de estar perto? O campeonato estava tão próximo, e ela sabia que precisava focar. Mas, ao mesmo tempo, algo em seu peito clamava por aquele encontro.

Fechou os olhos por um momento, tentando acalmar os pensamentos caóticos. Foi então que, quase como um reflexo, se lembrou da última conversa que teve com sua mãe, logo após Sophia aparecer em seu treino.

FLASHBACK

— Mas, filha, você não pode continuar fugindo dos seus sentimentos. — A voz de sua mãe soava calma e gentil pelo telefone, mas havia uma firmeza naquelas palavras. — Você me contou como se sentiu ao rever a Sophia. Eu te conheço, Rosa. Dá para perceber que isso mexeu muito com você.

Rosamaria suspirou, sentando-se no sofá da sala, com o olhar perdido pela janela. — Mãe, não é tão simples. Eu tenho o campeonato. Preciso estar focada. Não posso me dar ao luxo de... — Ela hesitou, buscando as palavras certas. — ...me deixar levar por essas coisas.

— Você está usando o campeonato como desculpa, querida. — Sua mãe interrompeu, sem hesitar. — Claro que é importante, mas você sabe que não se trata apenas disso. Desde que você terminou com a Carol, tem se fechado para qualquer possibilidade de algo novo. A questão aqui é o medo.

Rosamaria mordeu o lábio, sentindo as lágrimas ameaçarem brotar. — Não é medo, mãe. É só... Eu não sei se estou pronta. Sophia e eu nunca fomos simples. Foi intenso, confuso. E ela está com outra pessoa agora, eu não posso simplesmente...

— Rosa, você vai continuar vivendo assim? — A mãe questionou, com carinho, mas também com uma determinação que fez Rosamaria parar para ouvir. — Quanto tempo você vai deixar o medo te controlar? Você mesma me disse que, ao vê-la, sentiu que ainda havia algo ali. Será que não está na hora de enfrentar isso?

Rosamaria ficou em silêncio, o coração apertado. Sua mãe sempre conseguia enxergar através de suas defesas, mesmo à distância.

— Mas e se eu me machucar de novo? — ela sussurrou, quase sem perceber.

— Se você nunca arriscar, nunca vai saber. — A mãe respondeu com suavidade. — O que eu quero é te ver feliz, filha. E a Rosa que eu conheço, a verdadeira Rosa, não é assim. Você sempre foi corajosa, sempre seguiu o que o coração dizia, mesmo que o caminho fosse difícil. Agora, você está se escondendo atrás de desculpas, de justificativas. Talvez você ainda não perceba, mas esse medo que está te segurando não é você. É apenas uma sombra, uma insegurança. Não deixe que isso defina quem você é.

Rosamaria sentiu as lágrimas escorrerem. Sabia que sua mãe estava certa. Estava se deixando levar por uma versão de si mesma que não queria ser.

— Eu só... — Ela respirou fundo, tentando encontrar as palavras. — Eu só não quero me perder de novo.

— E se encontrar, filha. Porque eu acredito que você já se perdeu demais fugindo. Dê uma chance para você mesma. Não se trata de Sophia ou de qualquer outra pessoa. Se trata de você. De se permitir viver, sentir, mesmo que seja incerto. Quanto mais tempo você vai perder com esse medo?

The 1Onde histórias criam vida. Descubra agora