I'LL BE THERE

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Música de Acompanhamento: "I'll Be There" - Walk off the Earth

"When the tears are rolling down
Like a river to the ocean
And there's no one else around
You won't question my devotion
Everybody needs somebody
And you got me..."

Sophia ainda sentia o peso do dia em seus ombros quando atendeu ao interfone, esperando qualquer coisa menos o que ouviu em seguida.

— Sophia? Sou eu... Rosamaria.

Seu coração parou por um instante. Rosa? Não podia ser. Ela mal conseguia acreditar no que acabara de ouvir. Por um breve momento, o pânico tomou conta dela. Depois do que havia acontecido com Júlia, o último rosto que queria ver era o de Rosa. Não agora, não desse jeito. Ela estava despedaçada, por dentro e por fora. Mas o que poderia dizer? Negar a visita de Rosa parecia ainda mais impossível. Hesitante, respondeu:

— Pode subir.

Desligou o interfone, o coração disparado. Enquanto esperava, correu para o banheiro, desesperada por um reflexo que não a condenasse. Mas o espelho refletiu exatamente o que ela temia: uma mulher destruída. Os cabelos estavam emaranhados, seu rosto inchado e vermelho de tanto chorar, e as marcas nos braços... Elas gritavam a verdade que Sophia não queria admitir. Ela passou a mão pelos cabelos, na tentativa de, pelo menos, parecer menos desarrumada, mas seu esforço era inútil. Nada poderia mascarar o que ela estava sentindo.

Uma batida na porta fez seu coração pular. Era Rosa. Sophia respirou fundo, tentando se recompor o suficiente para abrir a porta. Quando finalmente o fez, mal conseguiu encarar a amiga.

Rosa começou a falar sem demora, com o rosto cheio de culpa e arrependimento.

— Sophia, eu... eu preciso te pedir desculpas pelo que aconteceu hoje mais cedo. Eu não devia ter...

A voz de Rosa foi morrendo à medida que ela se aproximava e finalmente notava o estado em que Sophia estava. Seus olhos focaram primeiro no rosto inchado, e depois, desceram até os braços de Sophia. As marcas vermelhas e roxas estavam à mostra, tão visíveis quanto a dor que ela carregava. A expressão de Rosa passou rapidamente de arrependimento para choque. Sua voz ficou tensa, quase incrédula.

— O que... o que aconteceu com você?

Sophia desviou o olhar, incapaz de encarar Rosa. Não podia esconder mais nada, mas falar a verdade era ainda mais difícil. Com um gesto trêmulo, deu um passo para o lado, abrindo espaço para que Rosa entrasse. O silêncio na sala era denso, e o som dos passos de Rosa parecia ecoar com um peso que ambos sentiam. Ela entrou, mas não tirava os olhos de Sophia, a preocupação evidente no rosto.

— Sophia... quem fez isso com você?

Sophia sentiu as lágrimas começarem a subir novamente, sua garganta apertada. Ela abriu a boca, mas nenhuma palavra saiu. Seu corpo parecia estar em câmera lenta, paralisado pelo medo e pela vergonha. Quando as lágrimas começaram a escorrer silenciosamente, o rosto de Rosa mudou.

Foi a partir daquele olhar que Rosa entendeu o que havia acontecido, e um nome veio à sua mente como uma faca afiada.

— Foi a Júlia, não foi?

A raiva cresceu dentro de Rosa. Seus punhos se fecharam instintivamente, e seu corpo se enrijeceu, mas ela se forçou a manter a calma. Ela sabia que perder o controle agora só faria as coisas piores. Respirou fundo, tentando manter o tom de voz o mais estável possível.

Sophia, incapaz de falar, apenas assentiu com a cabeça, as lágrimas rolando silenciosas por suas bochechas. O ar na sala parecia ficar mais pesado, e Rosa sentiu o sangue ferver nas veias. A ideia de alguém, especialmente Júlia, machucar Sophia dessa forma era insuportável.

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