LOML

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Música de Acompanhamento: "loml" - Taylor Swift

"I wish I could un-recall
How we almost had it all
Dancing phantoms on the terrace
Are they second-hand embarrassed
That I can't get out of bed?
Cause something counterfeit's dead..."

Rosamaria entrou no salão do restaurante com um misto de animação e ansiedade. Era o reencontro dos amigos da faculdade, uma ocasião especial que ela esperava há semanas. Vestiu-se cuidadosamente, com um vestido vermelho que destacava seu porte elegante, tentando transmitir confiança e desapego, mesmo que, no fundo, algumas lembranças ainda machucassem.

Ela avistou de longe o grupo reunido em uma mesa próxima à janela. Risadas altas, vozes conhecidas, e aquele clima familiar que ela sentia falta. Rosamaria respirou fundo e seguiu em direção aos amigos.

— Rosamaria! — gritou Mariana, uma de suas melhores amigas, levantando-se para abraçá-la. As duas tiveram algumas matérias juntas e a conexão entre elas foi imediata. Ela era uma das poucas pessoas ali que Rosa ainda mantinha o contato.

Os cumprimentos foram calorosos, seguidos de perguntas sobre a vida, o trabalho, os planos futuros. Ela tentava se concentrar na conversa, mas, ao olhar para a ponta da mesa, seu coração disparou.

Sophia.

Rosamaria sentiu o estômago revirar. Sophia parecia feliz, radiante, e... acompanhada. A mulher ao seu lado tinha os olhos fixos nela, um olhar cheio de carinho e proximidade. O toque delicado de seus dedos nas mãos de Sophia deixou claro: elas estavam juntas.

A realidade bateu como um soco. A lembrança da última vez que se viram surgiu abrupta, como uma ferida aberta. Tinham discutido feio. Sophia não conseguia lidar com a própria sexualidade e, com medo do julgamento, nunca quis assumir o relacionamento com Rosamaria. Ela lembrou-se das palavras duras que trocavam, das lágrimas que derramaram, e da dor que sentiu ao se afastar, com a sensação de que nada do que viveram havia sido real para Sophia.

FLASHBACK

O dormitório estava em silêncio naquela noite. A maioria dos alunos já haviam saído para aproveitar o fim de semana, mas Rosamaria e Sophia se encontravam trancadas no pequeno quarto que compartilhavam. A tensão entre elas era palpável. Rosamaria andava de um lado para o outro, o rosto marcado pela frustração e pelas lágrimas contidas, enquanto Sophia permanecia sentada na cama, abraçada aos joelhos, o olhar fixo no chão.

— Sophia, você não entende! — Rosamaria exclamou, a voz embargada. — Eu te amo! E quero viver isso com você. Por que é tão difícil?

Sophia levantou o olhar, seus olhos cheios de dor e medo. Era como se uma parede invisível a impedisse de alcançar o que mais desejava.

— Não é fácil para mim, Rosa. — Sua voz saiu baixa, quase um sussurro. — Não posso simplesmente sair por aí dizendo que estamos juntas. Eu... eu nem sei quem eu sou direito.

— Não sabe quem você é? — Rosamaria parou de andar e se ajoelhou na frente dela, tentando, mais uma vez, romper aquela barreira. — Você é a pessoa que eu amo, a pessoa com quem eu quero estar. O que importa se somos duas mulheres? Não vê que isso não muda nada?

Sophia fechou os olhos, como se as palavras de Rosamaria fossem dolorosas demais para suportar. Sentia-se perdida, presa entre o amor que sentia e o medo esmagador do que os outros pensariam. As vozes da família, os sussurros na universidade, a ideia de ser diferente do que sempre esperaram dela... Tudo isso a paralisava.

— Você não entende, Rosa. — Sua voz quebrou. — Minha família nunca vai aceitar isso. Eu não sei como lidar com isso! Eles vão me odiar.

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