CHEMICAL

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Música de Acompanhamento: "Chemical" - Post Malone

"Every time I'm ready to make a change
You turn around and fuck out all my brains
I ain't tryna find fate
It's too late to save face
I can't get away..."

Rosa respirava ofegante, o suor escorrendo pela testa enquanto pegava a toalha no canto da quadra. Treinar sozinha sempre foi seu jeito de limpar a mente, mas, dessa vez, parecia impossível deixar os pensamentos de lado. Ela havia cruzado um limite que nunca imaginou atravessar novamente. Sem pensar muito, pegou o celular e procurou o número de quem sempre podia contar: Mariana.

O telefone tocou uma vez, duas... até que Mariana atendeu com a voz suave de sempre.

— Oi, amiga! Tudo b...

— Eu beijei a Sophia — interrompeu Rosa, sua voz saindo em um jorro de palavras antes mesmo de Mariana conseguir terminar a frase.

Do outro lado da linha, o silêncio. Mariana não disse nada por alguns longos segundos, o que deixou Rosa ainda mais ansiosa.

— Mari? Tá aí? — perguntou Rosa, já arrependida de ter falado tão bruscamente.

Finalmente, Mariana respondeu, a voz carregada de surpresa.

— Tô... só... como assim, você beijou a Sophia? O que aconteceu?

Rosa suspirou, andando de um lado para o outro na quadra, o eco dos passos ressoando ao seu redor.

— Eu não sei, Mari... aconteceu do nada. Eu não pensei, só... senti que queria fazer. Mas agora... agora eu não sei o que fazer! — A voz de Rosa vacilava, uma mistura de nervosismo e arrependimento tomando conta.

Mariana tentou acalmar a amiga, percebendo o estado de desespero em que ela estava.

— Calma, Rosa. Respira um pouco, me explica o que tá acontecendo. Por que você acha que isso foi um erro?

Rosa parou, apertando a bola de basquete entre as mãos.

— Porque eu sabia que, se eu me reaproximasse da Sophia, algo assim ia acontecer. Eu sabia que ia fazer alguma besteira. Mal voltamos a nos falar, ela me chamou pra almoçar e... — A voz dela falhou. — E eu já fiz isso... já estraguei tudo de novo...

Do outro lado da linha, Mariana ouviu a amiga começar a falar cada vez mais rápido, um desespero crescendo a cada frase.

— Eu tava tão feliz, Mari, ela foi tão gentil, tão... Eu não sei o que deu em mim! Eu sabia que isso ia acontecer. Eu sabia!

De repente, Mariana interrompeu com um grito firme, mas suave:

— ROSA!

Rosa parou no mesmo instante, quase como se o nome fosse um comando.

— Respira. Nada está perdido ainda. Acalma. Vamos pensar com calma no que aconteceu, tá? — Mariana falava em um tom reconfortante. — Mas me diz... você beijou ela porque realmente quis, ou foi só... um impulso?

Rosa hesitou, seus pensamentos ainda confusos, mas uma memória clara surgia na sua mente: o olhar de Sophia, o sorriso que ela não via há tempos. Era como se, por um instante, todas as boas lembranças tivessem voltado.

— Eu... eu não sei, Mari. Eu acho que queria. Quando olhei pra ela, foi como se um filme passasse na minha cabeça, com tudo de bom que já vivemos.

Mariana ficou em silêncio por um momento, como se estivesse processando as palavras de Rosa.

— Então talvez não tenha sido um erro, Rosa. Talvez você só... esteja com medo do que isso significa. Mas você precisa descobrir o que realmente sente. Sem pressa, sem pânico.

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