THE GRUDGE

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Música de Acompanhamento: "The Grudge" - Olivia Rodrigo

"I try to be tough, I try to be mean
But even after all this,
you're still everything to me..."

O dia seguinte chegou, e as lembranças do reencontro ainda estavam frescas na mente de Rosamaria. Rever os amigos da faculdade foi uma montanha-russa de emoções: a alegria de compartilhar risadas e histórias, mas também o peso da tensão que pairava no ar, especialmente por causa de Sophia. Como era possível que, mesmo após cinco anos sem se falarem, aquela conversa deixasse Rosamaria tão irritada? O motivo que as afastou ficou gravado nela, como uma ferida que nunca cicatrizou.

Ela se lembrava do olhar de Sophia, tão familiar e distante ao mesmo tempo. A raiva que pensou ter superado se acendeu novamente, relembrando tudo o que havia acontecido. Ver Sophia ao lado de outra pessoa, segurando a mão dela com aquele sorriso que Rosamaria conhecia tão bem, foi um golpe que a fez sentir um misto de tristeza e frustração. Como ela pôde seguir em frente? E Rosamaria? O que restava de sua história?

Tentou afastar esses pensamentos enquanto se preparava para o treino. O campeonato estava se aproximando rapidamente, e ela sabia que precisava focar no que realmente importava. O vôlei era sua paixão, seu escape. Entrar em quadra significava tudo para ela, e era nele que deveria concentrar sua energia agora.

Quando chegou ao ginásio, a atmosfera já estava cheia de expectativa. As meninas do time estavam se aquecendo, rindo e compartilhando planos para o campeonato. O cheiro do chão de madeira, misturado ao aroma dos materiais esportivos, a envolveu e trouxe um certo alívio. Olhando para aquelas jogadoras, Rosamaria percebeu que eram uma equipe unida, e essa ideia começou a diminuir a intensidade da raiva e da tristeza que ainda a acompanhavam.

O treino começou, e logo as jogadas começaram a fluir. Cada saque, cada recepção, cada grito de apoio a fazia se sentir viva novamente. O vôlei era seu refúgio, e a quadra se transformava em um santuário onde ela podia deixar as preocupações do mundo lá fora. As memórias de Sophia começaram a se misturar com a adrenalina do treino, e, mesmo que brevemente, ela conseguiu esquecer aquele aperto no coração.

Conforme avançavam nas atividades, a conexão com suas companheiras se fortalecia. Nos olhos delas, Rosamaria viu o mesmo fogo que sentia, a mesma determinação. Era como se, juntas, estivessem criando uma barreira contra o que as incomodava. Enquanto o treino prosseguia, cada ponto marcado era uma pequena vitória contra a confusão que ainda ecoava na mente dela.

Quando o apito final soou, Rosamaria estava exausta, mas satisfeita. O suor escorria pelo seu rosto, e ela se sentia mais leve. Sabia que o campeonato estava se aproximando, e com ele, a chance de mostrar a todos, inclusive a si mesma, que era capaz de deixar o passado para trás. Era isso que queria: ganhar, lutar pelo seu time e, acima de tudo, reencontrar a força que sempre esteve dentro dela.

Hoje, mesmo com o peso das memórias, Rosamaria estava pronta para encarar o que viesse. A quadra era seu lugar, e a vitória era o que almejava. Afinal, o vôlei era tudo para ela, e era nisso que precisava pensar.

Do outro lado da cidade, Sophia tentava se concentrar no trabalho, mas sua mente estava longe de qualquer tarefa. A noite passada ainda a assombrava, e flashes da briga entre ela e Rosamaria invadiam seus pensamentos. Ela se lembrava do olhar ferido de Rosa, das palavras cortantes que haviam trocado, e uma sensação de desamparo a envolvia. Como Rosamaria podia ser tão insensível, tão cabeça-dura? Como alguém poderia guardar tanto rancor por algo que aconteceu há cinco anos?

Sophia se forçou a focar nas planilhas à sua frente, mas as palavras pareciam dançar fora de ordem. Cada vez que ela tentava se concentrar, uma nova memória surgia. O sorriso de Rosamaria, a forma como costumavam rir juntas, agora estava ofuscado por uma nuvem de amargura. A conversa tinha sido tudo, menos o reencontro que ela esperava. Era como se uma barreira tivesse se levantado entre elas, uma que parecia impossível de derrubar.

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