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O corredor de Asgard parecia interminável enquanto eu caminhava apressadamente, tentando me afastar da realidade do que acabara de acontecer. Minhas pernas se moviam quase no automático, cada passo ecoando na pedra fria do chão, enquanto minha mente girava em um turbilhão de pensamentos confusos. A imagem do meu pai, sua fúria desenfreada e as palavras dele, passavam sem parar na minha mente. Quando dei por mim, estava no jardim.

O ar fresco e perfumado do jardim contrastava com a opressão do palácio. As flores, em suas cores vibrantes, pareciam dançar ao vento, mas eu mal podia notar. Cada pétala, cada aroma agradável era um lembrete do que eu tinha perdido e do que estava por vir. A luz do sol filtrava-se pelas folhas das árvores, criando um jogo de sombras que agora pareciam mais pesadas do que nunca.

Sentei-me em um banco de madeira, com a mão involuntariamente descansando sobre minha barriga. Enquanto olhava as flores, o peso de tudo que estava acontecendo se tornava cada vez mais insuportável. A brisa suave carregava o aroma doce das flores, mas, de alguma forma, tudo se sentia distante, como se eu estivesse vendo o mundo através de um vidro embaçado. Era um lugar que deveria ser repleto de alegria e vida, mas, para mim, tornara-se um campo de batalha interior.  Ouvi passos atrás de mim e me virei, esperando ser Hilda ou até mesmo minha mãe, mas era Erik, ele estava parado a alguns metros de mim, uma expressão indecifrável no rosto. Ele se aproximou, e esperou que eu concordasse para que ele sentasse ao meu lado.                                                                                                                                    — Astrid, — começou Erik, sua voz hesitante. — Posso me juntar a você?

Dei uma rápida assentida com a cabeça, incapaz de articular palavras. Principalmente com alguém que eu não conhecia e que em menos de um mês seria meu marido. A ideia era angustiante, mas eu sabia que precisava me manter focada se quisesse encontrar uma maneira de sair dessa situação.                                                                                      — Estive pensando... — Erik começou, e sua hesitação indicava que as palavras não vinham fácil. — Eu sei que tudo isso é muito repentino. Nós mal nos conhecemos, e você está tendo que lidar com... com isso.—Ele esperou que eu dissesse algo, mas continuou quando percebeu que eu não abriria a boca pra falar.—Nao quero que se sinta pressionada, mas quero que você saiba que estou disposto a fazer isso dar certo.   
                                                                          — Não me leve a mal, — comecei, me virando para encará-lo. — Eu não estou nem um pouco afim de me casar com você. Estou fazendo isso por causa do meu pai, então não espere que seja um casamento feliz.

A expressão de Erik se transformou, a surpresa inicial foi rapidamente seguida por um semblante ofendido, mas ele conseguiu disfarçar bem.

O silêncio que se seguiu foi pesado. Mantive o olhar firme em seu rosto, sentindo uma onda de vulnerabilidade crescer dentro de mim, mas não estava disposta a recuar. Ele riu, mas foi uma risada amarga e sem alegria, e eu percebi que ele estava lutando para manter a compostura.                                                                                                            — Eu imaginei que você não estaria muito empolgada, mas... — ele começou, sua voz um pouco mais baixa. — Ninguém pode culpar você por isso.

—Meu pai provavelmente lhe contou sonbre minha situação, e mesmo assim aceitou se casar comigo.—Falei, virando-me para encará-lo.—Por que?

— Porque eu preciso de uma esposa, e você, ao que parece, precisa de um marido.— Senti um frio na espinha ao ouvir aquelas palavras. A maneira como ele disse isso, com a mesma confiança autoritária que eu vejo em meu pai, me incomodou profundamente. — A situação toda é estranha e mesmo um pouco cruel. Mas não se preocupe, eu sou paciente, garanto que posso fazer você se acostumar, e quem sabe, me amar.                                       
                                                                          —Certo, se esse é o seu plano, desejo-lhe sorte.—Falei e me levantei, pronta para sair, mas ele segurou forte em meu pulso.        
                                                                          —Nao faça mais isso, não tente me deixar falando sozinho.—Sua voz tinha um tom de insistência que deixava claro que ele não estava disposto a me deixar ir tão facilmente.
                                                                          — Tenho coisas para resolver, se me der licença. — Falei, enquanto me desalienava daquele momento. Ele insistia em usar um tom de autoridade que só aumentava a minha aversão. algo dentro de mim se agitava enquanto deixava Erik para trás. A última coisa que eu precisava era de mais pressão em uma situação que já era insuportável.  A única coisa que eu precisava agora era chorar, e havia uma única pessoa que não me julgaria nesse momento.

Tyrsen - A filha da guerra Onde histórias criam vida. Descubra agora