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Pov Astrid

Acordei no outro dia me sentindo pior do que no anterior. Havia passado a noite no quarto de Hilda, mas o sono não trouxe alívio. Minha mente estava pesada, cheia de preocupações. A luz do sol filtrava-se pelas cortinas, aquecendo meu rosto ao acordar, mas isso não era o conforto que eu esperava. Sentei-me na cama, o corpo cansado e as pálpebras pesadas, de tanto que havia revirado na cama sem conseguir dormir.

Levantei-me lentamente e fui até o banheiro. Assim que entrei, olhei para o reflexo no espelho e quase não reconheci a pessoa que me encarava. Meus cabelos estavam despenteados e as olheiras destacavam a fragilidade em meu olhar. A dor no peito ainda estava lá, como uma âncora que me prendia ao fundo do mar, e eu não sabia como me libertar.

Agitei a cabeça, tentando afastar a imagem triste de mim mesma. Comecei a me despir e entrei no banho, fechando os olhos e permitindo que as gotas caíssem sobre mim, como se a água pudesse levar embora ao menos um pouco da tensão acumulada. Enquanto a água me abraçava, senti a tensão nos ombros começando a se dissipar, mesmo que levemente. Respirei fundo, tentando me concentrar. Preciso ser forte, pensei. Mas era difícil esquecer o que havia acontecido, as palavras de Violet ressoando em minha mente. Talvez ela estivesse certa; talvez Loki realmente não se importasse.

Depois de me enxaguar, saí do chuveiro e me sequei com uma toalha. Quando entrei no quarto, vi Hilda com um vestido em uma mão e uma xícara com um líquido meio alaranjado na outra.

— Vista isso, — Hilda disse, me entregando o vestido. Olhei para ela, intrigada. O vestido era elegante, de um tom suave de verde esmeralda, com bordados delicados nas mangas. Vesti-o rapidamente, e meu olhar questionador encontrou o dela.

— O que é isso? — perguntei, olhando para o líquido alaranjado.

— Mamãe mandou que eu lhe desse isso, — disse ela, entregando a xícara. — Você precisa se recuperar; é bom pra sua imunidade e pro... bebê.

Peguei a xícara com as mãos trêmulas, olhando desconfiada para o líquido alaranjado. A menção da palavra "bebê" fez meu estômago revirar. Por um momento, toda a dor recente com Loki pareceu se misturar com a nova realidade que carregava dentro de mim.

— Hilda, — falei, minha voz saindo mais fraca do que pretendia. — O que vou fazer?

Ela se aproximou, colocando uma mão em meu ombro. Seu olhar era de compaixão, mas também de determinação.

— Primeiro, você vai se cuidar, — respondeu ela. — Este chá vai ajudar com os enjoos e fortalecer sua imunidade. Depois, nós vamos descer e tomar café da manhã; você precisa se alimentar.

— Você tem que me prometer que Loki não vai ficar sabendo dessa gravidez, — Hilda hesitou, seu olhar encontrando o meu. Percebi a luta interna dela.

— Astrid, — ela começou, sua voz suave. — Isso não será fácil de esconder em Asgard, especialmente sendo você... quem é.

Bebi todo o líquido alaranjado, sentindo seu sabor levemente amargo. Minha mão deslizou inconscientemente para minha barriga, um gesto quase imperceptível.

— Eu não quero que Loki saiba, — repeti, minha determinação inabalável. — Depois do que aconteceu, depois de tudo... por favor.

Hilda suspirou, sentando-se ao meu lado na cama. Seu olhar era de profunda preocupação.

— E nosso pai? — perguntou ela. — Quando ele descobrir...

— Ele vai me matar, — cortei rapidamente. — Ele vai querer me matar quando souber que estou grávida de Loki.

Tyrsen - A filha da guerra Onde histórias criam vida. Descubra agora